sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Plutão não é um planeta

Autor: Mauro Martinez dos Prazeres

Fonte: Revista Limite nº 3, Ano 1, Nova Sampa Diretriz Editora, São Paulo1993, p. 22-33

Mensagem principal: Propor através do exemplo de Ceres que Plutão talvez não seja um planeta por apresentar características diferentes das estabelecidas para definir planeta.

RESUMO

O planeta Ceres - No século XIX algumas teorias indicavam a existência de um novo astro, vários astrônomos procuravam sistematicamente, mas foi Piazzi que o encontrou pela primeira vez, mas não conseguiu definir sua órbita e o perdeu. Gauss ainda em 1801 desenvolveu cálculos para computar a órbita desse astro e em 1802 Franz Von Zach reencontrou Ceres utilizando os cálculos de Gauss. E a cada ano foram sendo descobertos novos planetas chegando os astrônomos a uma conclusão: Ceres e seus companheiros não eram planetas, mas corpos muito menores e existiam às centenas formando um grande cinturão entre as órbitas de Marte e Júpiter. Na chegada do século XXI, estamos chegando a uma conclusão similar: Plutão não é um planeta, como Ceres não o era.
O planeta Georgium - Em 13 de março de 1764, o astrônomo alemão William Herschel descobriu o primeiro planeta com a ajuda de um telescópio recebendo o nome de Georgium Sidus (Planeta de George), mas foi sugerido o nome de Urano pelo alemão Johan Elert Bode e foi o que ficou.
O planeta Le Verrier - Na primeira metade do século XIX, os astrônomos começaram a classificar os novos planetas como asteróides. Os cientistas passaram a equacionar as órbitas dos planetas com um novo instrumento, as equações da gravidade de Newton, foi quando o francês Aléxis Bouvard percebeu que a órbita de Urano sofria perturbações e oscilações e propôs juntamente com o alemão Friedrich W. Bessel a existência de um planeta Trans-Uraniano. Adams em setembro de 1845 e Lê Verrier em novembro do mesmo ano apresentaram análises matemáticas que provavam a existência do novo planeta e sua localização. A 4 de agosto, apenas 5 dias após ter começado a pesquisa, Challis de fato observou o novo planeta onde Adams previra, mas falhou ao não comparar as observações com as da noite anterior, perdendo a grande chance. No dia 23 de setembro, em sua primeira tentativa, Galle e um colega encontraram o planeta previsto. Pela primeira vez um planeta tinha sido descoberto matematicamente, a confirmação visual viera a posteriori, com isso provou-se que o Universo poderia ser equacionado.
Procurando Marcianos - Lowell ao perceber que havia divergências entre as órbitas de Urano e Netuno propôs a existência de um novo planeta chamado de X, ele morreu em 1916 sem encontrar seu sonhado planeta, mas seus seguidores continuaram a procura. Finalmente em fevereiro de 1930 o novo planeta foi encontrado, o anúncio oficial ocorreu em 13 de março, dia do aniversário de Percival Lowell e batizado de Plutão. A descoberta foi possível com um novo instrumento que comparava duas imagens fotográficas do céu.
O planeta estranho - A órbita de Plutão corta o plano da eclíptica com um ângulo de 17 graus. A órbita de Plutão é a mais achatada de todas, variando entre 7,4 e 4,5 bilhões de quilômetros. Pesquisas recentes indicam que a superfície de Plutão é coberta de metano, nitrogênio e monóxido de carbono, todo em forma de gelo. Plutão não tem atmosfera, salvo quando se aproxima do Sol e com a evaporação dos gases cria uma tênue atmosfera.
O planeta duplo - Em 1978, James Christy percebeu um caroço no lado de Plutão, sendo comprovado depois como um satélite de Plutão denominado Caronte, que tem um diâmetro um pouco maior do que a metade do diâmetro de Plutão, fato especial no sistema solar. Alguns cientistas acreditam se tratar de um planeta duplo.
A morte de Plutão - Desde o momento do seu anúncio pairaram sérias dúvidas sobre o fato de Plutão ser ou não o planeta predito por Lowell. Sua luz era muito fraca e seu tamanho era muito pequeno para causar perturbações nas órbitas de Urano e Netuno. Plutão tem um diâmetro de 2302 quilômetros. Há quem acredite que Plutão seja um cometa devido a sua excentricidade e outros um asteróide.
A morte do planeta X - Foi provado que Plutão não é o planeta X de Percival Lowell devido a sua pequena massa e que as perturbações nas órbitas de Urano e Netuno foram um erro de cálculo, portanto o planeta X não existe.
Encontrando o anel - Em 1950, o astrônomo holandês-americano Gerard Peter Kuiper propôs a existência de um cinturão de astros além da órbita de Plutão, sendo comprovado com a descoberta de dois asteróides.
O novo sistema solar - Com a reavaliação da ciência planetária o sistema solar será divido em dois blocos, o primeiro constituído pelos quatro planetas terrestres, finalizado por um cinturão capitaneado por Ceres. O segundo pelos quatro gigantes gasosos, finalizado pelo cinturão de Kuiper, tendo como Plutão seu maior representante.
De volta ao passado - Nem Piazzi, nem Lowell descobriram grandes planetas, mas descobriram a existência de um cinturão composto por fósseis planetários que pode conter respostas para a origem do Universo.

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