sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Plutão não é um planeta

Autor: Mauro Martinez dos Prazeres

Fonte: Revista Limite nº 3, Ano 1, Nova Sampa Diretriz Editora, São Paulo1993, p. 22-33

Mensagem principal: Propor através do exemplo de Ceres que Plutão talvez não seja um planeta por apresentar características diferentes das estabelecidas para definir planeta.

RESUMO

O planeta Ceres - No século XIX algumas teorias indicavam a existência de um novo astro, vários astrônomos procuravam sistematicamente, mas foi Piazzi que o encontrou pela primeira vez, mas não conseguiu definir sua órbita e o perdeu. Gauss ainda em 1801 desenvolveu cálculos para computar a órbita desse astro e em 1802 Franz Von Zach reencontrou Ceres utilizando os cálculos de Gauss. E a cada ano foram sendo descobertos novos planetas chegando os astrônomos a uma conclusão: Ceres e seus companheiros não eram planetas, mas corpos muito menores e existiam às centenas formando um grande cinturão entre as órbitas de Marte e Júpiter. Na chegada do século XXI, estamos chegando a uma conclusão similar: Plutão não é um planeta, como Ceres não o era.
O planeta Georgium - Em 13 de março de 1764, o astrônomo alemão William Herschel descobriu o primeiro planeta com a ajuda de um telescópio recebendo o nome de Georgium Sidus (Planeta de George), mas foi sugerido o nome de Urano pelo alemão Johan Elert Bode e foi o que ficou.
O planeta Le Verrier - Na primeira metade do século XIX, os astrônomos começaram a classificar os novos planetas como asteróides. Os cientistas passaram a equacionar as órbitas dos planetas com um novo instrumento, as equações da gravidade de Newton, foi quando o francês Aléxis Bouvard percebeu que a órbita de Urano sofria perturbações e oscilações e propôs juntamente com o alemão Friedrich W. Bessel a existência de um planeta Trans-Uraniano. Adams em setembro de 1845 e Lê Verrier em novembro do mesmo ano apresentaram análises matemáticas que provavam a existência do novo planeta e sua localização. A 4 de agosto, apenas 5 dias após ter começado a pesquisa, Challis de fato observou o novo planeta onde Adams previra, mas falhou ao não comparar as observações com as da noite anterior, perdendo a grande chance. No dia 23 de setembro, em sua primeira tentativa, Galle e um colega encontraram o planeta previsto. Pela primeira vez um planeta tinha sido descoberto matematicamente, a confirmação visual viera a posteriori, com isso provou-se que o Universo poderia ser equacionado.
Procurando Marcianos - Lowell ao perceber que havia divergências entre as órbitas de Urano e Netuno propôs a existência de um novo planeta chamado de X, ele morreu em 1916 sem encontrar seu sonhado planeta, mas seus seguidores continuaram a procura. Finalmente em fevereiro de 1930 o novo planeta foi encontrado, o anúncio oficial ocorreu em 13 de março, dia do aniversário de Percival Lowell e batizado de Plutão. A descoberta foi possível com um novo instrumento que comparava duas imagens fotográficas do céu.
O planeta estranho - A órbita de Plutão corta o plano da eclíptica com um ângulo de 17 graus. A órbita de Plutão é a mais achatada de todas, variando entre 7,4 e 4,5 bilhões de quilômetros. Pesquisas recentes indicam que a superfície de Plutão é coberta de metano, nitrogênio e monóxido de carbono, todo em forma de gelo. Plutão não tem atmosfera, salvo quando se aproxima do Sol e com a evaporação dos gases cria uma tênue atmosfera.
O planeta duplo - Em 1978, James Christy percebeu um caroço no lado de Plutão, sendo comprovado depois como um satélite de Plutão denominado Caronte, que tem um diâmetro um pouco maior do que a metade do diâmetro de Plutão, fato especial no sistema solar. Alguns cientistas acreditam se tratar de um planeta duplo.
A morte de Plutão - Desde o momento do seu anúncio pairaram sérias dúvidas sobre o fato de Plutão ser ou não o planeta predito por Lowell. Sua luz era muito fraca e seu tamanho era muito pequeno para causar perturbações nas órbitas de Urano e Netuno. Plutão tem um diâmetro de 2302 quilômetros. Há quem acredite que Plutão seja um cometa devido a sua excentricidade e outros um asteróide.
A morte do planeta X - Foi provado que Plutão não é o planeta X de Percival Lowell devido a sua pequena massa e que as perturbações nas órbitas de Urano e Netuno foram um erro de cálculo, portanto o planeta X não existe.
Encontrando o anel - Em 1950, o astrônomo holandês-americano Gerard Peter Kuiper propôs a existência de um cinturão de astros além da órbita de Plutão, sendo comprovado com a descoberta de dois asteróides.
O novo sistema solar - Com a reavaliação da ciência planetária o sistema solar será divido em dois blocos, o primeiro constituído pelos quatro planetas terrestres, finalizado por um cinturão capitaneado por Ceres. O segundo pelos quatro gigantes gasosos, finalizado pelo cinturão de Kuiper, tendo como Plutão seu maior representante.
De volta ao passado - Nem Piazzi, nem Lowell descobriram grandes planetas, mas descobriram a existência de um cinturão composto por fósseis planetários que pode conter respostas para a origem do Universo.

Natal, A festa do nascimento do Sol

Autor: Ronaldo Rogério de Freitas Mourão

Fonte: Explicando a Astronomia e o Poder Religioso: a influência dos astros e fenômenos cósmicos sobre as religiões e a fé, Rio de Janeiro, Editora Tecnoprint 1987, p. 67-91

Mensagem principal: Estabelecer a real data do nascimento de Cristo com base em fatos históricos e fenômenos astronômicos para explicar a natureza do corpo celeste descrito pelo Reis Magos.

RESUMO

Embora comemoremos o dia 25 de dezembro como o nascimento de Cristo, este nasceu em outra data e isto se baseia no mistério maior que é a estrela de Belém, para alguns autores ela teria sido um mero sinal divino cientificamente inexplicável, já para alguns astrônomos, dentre eles Kepler o fenômeno luminoso que apareceu na época do nascimento de Jesus teria sido um evento astronômico transitório.
Para conduzir a data mais provável do nascimento de Cristo, os historiadores procuram utilizar-se de fatos históricos bem conhecidos, assim como de fenômenos astronômicos que deve também explicar a natureza da visão observada pelos três Reis Magos.
Tudo começou em 525dC quando Dionísio fixou o nascimento de Cristo em 25 de dezembro do ano 754 ab urbe condita (depois da fundação de Roma), a origem do nosso atual calendário, efetuando um erro de pelo menos 5 anos por não considerar o ano zero nem o reinado de Augusto de 4 anos.
Por outro lado, com o auxílio de acontecimentos históricos podemos precisar o nascimento de Jesus. Segundo São Mateus Cristo nasceu no reinado de Herodes que morreu 4aC, baseado num eclipse da Lua. Outro fato é o massacre dos inocentes, quando Heródes mandou matar as crianças com menos de dois anos, logo Jesus tinha menos de dois anos. Outra referência é o recenseamento realizado pelo Imperador augusto, se levar em conta que foi a contagem da população ocorreu entre 7 ou 6aC, já se for cens (imposto), deve ter ocorrido entre 5 ou 4aC. Por tanto chega-se a conclusão que Jesus nasceu entre 7 e 5aC. O Natal em 25 de dezembro começou a ser celebrado em 336dC, dia da festa pagã que comemorava o retorno do Sol para o hemisfério norte e a igreja decidiu transformar numa festa cristã.
Se aceitarmos que o nascimento de Cristo ocorreu em fins de agosto, a visita dos Reis Magos deve ter ocorrido no início do mês de setembro, o que, aliás, coincide melhor com a idéia de que a estrela de Belém tenha sido a conjunção tríplice de Saturno e Júpiter ocorrida em 7aC. Assim a primeira conjunção visível em maio teria sido o sinal que os Reis Magos a se afastarem em direção a Jerusalém, onde devem ter chegado no início de setembro.
A Estrela de Belém - A primeira hipótese é que a estrela de Belém fosse um cometa, contra a idéia estava o sacerdote Guilherme D` Auvergene bispo de Paris. O astrônomo francês R. Lutz propôs que fosse uma estrela milagrosa e não um cometa.
Em 11 de setembro de 1572, o astrônomo Tycho-Brahe, descobriu uma brilhante estrela próxima ao zênite, na constelação de Cassiopéia, sendo lançada várias hipóteses como o sinal da vinda de um novo Cristo, o nascimento do Anticristo, bem como o prenúncio do fim do mundo. Hoje sabe-se que as estrelas novas brilham intensamente, em virtude de sua aparição brusca, são chamadas de nova, vocábulo errado pois ela já existia antes da explosão que a tornou visível.
Os Reis Magos e sua Astronomia - Os Magos eram sacerdotes-astrônomos de uma das seis tribos que segundo Heródoto constituíam o povo Meda. Depois da ascensão de Zoroastro, que viveu no século VII aC, os magos se tornaram os sacerdotes da religião zoroástrica. Os magos adoravam o Sol, a Lua e os planetas e lhes atribuíam poderes.
O Zoroastro acredita na existência de duas forças dualistas, o bem e o mal, bem como na criação sucessiva da Terra, colocando no final da criação o homem. Os magos eram originários da tribo Meda onde os homens mais importantes desempenhavam funções sacerdotais, sendo a astrologia uma de suas principais funções.
Sabe-se pela Bíblia que moravam no Oriente e considerando a importância astrológica da conjunção tríplice de Saturno e Júpiter, é muito possível que esse fenômeno constituía a chamada estrela de Belém.

Cartografia no Ensino Fundamental e Médio

Autor: Paulo Araújo Duarte

Fonte: A Geografia na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2000. (Repensando o ensino). P. 92-108.

Mensagem principal: A preocupação na passagem da informações da cartografia, enquanto disciplina universitária para o ensino da geografia, disciplina do ensino fundamental e médio e as metodologias utilizadas como a análise de mapas, cartas e plantas e a confecção de maquetes e croquis e a elaboração de mapas mentais na construção de um aluno crítico e consciente.

RESUMO

A transposição didática é o método utilizado para transformar o saber universitário em objeto de estudo para o ensino fundamental e médio, sem empobrecer com isso o saber universitário e que atenda sobremaneira o público escolar adaptando os conhecimentos ao processo de aprendizagem e capacidade mental dos alunos.
O saber universitário é um quebra-cabeça com inúmeras possibilidades de construção do conhecimento, enquanto que o ensino fundamental e médio necessita de uma hierarquização, elaboração e reorganização a partir do saber universitário para uma melhor compreensão por parte do aluno.
A reconstrução deve ser feita em vários níveis, seja atendendo os programas oficiais, até o método e raciocínio utilizado, como o indutivo, por exemplo, que vai do particular ao geral e do concreto ao abstrato do que o método dedutivo, que vai do geral ao particular utilizado na universidade. Outra reconstrução é ao nível do professor, elaborando a disciplina a sua maneira, ao nível da lição modificando-a em função da reação e dificuldades dos alunos e por último ao nível do aluno onde ele constrói o seu saber, integrando a sua maneira nos esquemas de pensamento e ação.
Os professores do Ensino Fundamental e Médio podem trabalhar com a Cartografia seguindo dois eixos.
No primeiro eixo o aluno trabalha com produtos cartográficos já elaborados sendo os três principais, os mapas, as cartas e as plantas.
Os alunos trabalharão em três níveis propostos:
1. Localização e análise: o aluno localiza e analisa um determinado fenômeno no mapa. Ex: localização de um país, de um rio ou de uma montanha.
2. Correlação: ele correlaciona duas, três ou mais ocorrências, assim as correlações são feitas entre variáveis como a altitude, vegetação, clima, uso do solo entre outras ocorrências físicas de um determinado espaço.
3. Síntese: o aluno analisa, correlaciona aquele espaço e faz uma determinada síntese dos dados.
Nesse eixo em que os alunos trabalharão com produtos cartográficos já elaborados nos três níveis de leitura o resultado final será um aluno leitor crítico.
No segundo eixo os alunos trabalharão com imagem tridimensional/bidimensional. O encaminhamento será feito basicamente por intermédio das maquetes, que são informações tridimensionais e croquis que são representações bidimensionais. Este segundo eixo terá como resultado um aluno mapeador consciente. A grande diferenciação em relação ao primeiro eixo é que o aluno vai participar efetivamente do processo de mapeamento.
A maquete possibilita ao aluno ver as diferentes formas topográficas, as diferentes altitudes de um determinado espaço e em função disso poderá trabalhar várias outras informações correlacionando com estas formas topográficas.
Já o croqui cujas informações são representadas de forma mais simplificada, tem um valor interpretativo, é uma representação esquemática, não sendo obra de especialista em cartografia.
Existem três tipos de croquis:
Croqui de análise/localização, croqui de correlação e croqui de síntese.
Ainda nesse segundo eixo é proposto o uso do mapa mental. O mapa mental permite observar se o aluno tem uma percepção efetiva da ocorrência de um fenômeno no espaço e condições de fazer a sua transposição para o papel.

A autonomia da ciência de Galileu ao Genoma

Autor: João Batista Machado Barbosa

Fonte: Prática Jurídica, Ano 1, nº 2, 31 de maio de 2002

Mensagem principal: Reavaliar a autonomia da ciência e não tentar impedir a investigação científica como no caso de Galileu.

RESUMO

Galileu não foi perseguido pela igreja simplesmente por dizer que a Terra girava em torno do Sol, mas por tentar decifrar a natureza antes reservada apenas a revelação divina. Nessa época a Igreja vivia a fase conhecida como contra-reforma e qualquer concepção cientifica que não fosse de inspiração divina era perigosa. O pensamento daquela época não concebia a superioridade do intelecto sem a ajuda da revelação divina para descobrir os segredos do mundo, ou seja, a realidade atrás das aparências, impedindo dessa forma a autonomia da ciência.
O aprimoramento do telescópio por Galileu permitiu visões fascinantes das crateras da Lua, das manchas solares, dos satélites de Júpiter, publicando o livro denominado Siderius Nuncius, fato muito festejado no meio científico e mesmo junto a comunidade religiosa, visto que alguns membros da Igreja pertenciam a sociedade científica de Galileu. As descobertas de Galileu desafiavam o conhecimento institucionalizado da época ensinado nas universidades baseado nas idéias Aristotélicas e na escritura sagrada representando um perigo para o saber dos doutores e sábios das universidades, além de contrariar a teologia cristã de que o céu era perfeito e imutável e a Terra imperfeita.
Em 1632 Galileu publica seu livro Diálogo dos Grandes Sistemas, tendo apoio do papa Urbano relatando a visão do sistema Heliocêntrico, Geocêntrico e um observador interessado, porém o diálogo não foi tratado de modo imparcial e o povo identificou as palavras do defensor do geocentrismo como sendo do papa, sendo Galileu processado e condenado.
Para Galileu a ciência permitia fazer uma descrição verdadeira do mundo contrariando a filosofia pregada pela Igreja Católica de que as teorias científicas só poderiam ser instrumentos, hipóteses matemáticas usadas somente para cálculos não para descrever a realidade. A verdade só poderia ser revelada por meio da palavra divina.
Popper cria outra concepção, a qual chamamos de realismo, para ele a ciência é um instrumento verdadeiramente capaz de descrever as coisas reais, mas que ela não deve esperar encontrar a essência ou natureza das coisas, a realidade por trás das aparências, e nem conceber o conhecimento como último e incontestável.
Vencida a luta a favor da liberdade de investigação científica, a autonomia da ciência precisa ser reavaliada, não pelos métodos, mas por seus resultados e suas implicações sociais como é o caso do programa Genoma capaz de decifrar o código genético, pois suas informações poderiam ser usadas tanto para prevenir doenças como para selecionar pessoas pelas empresas empregadoras por seus genes, discriminando as portadoras de genes defeituosos. Não adianta impedir a investigação científica nem se lamentar pelo desenvolvimento da ciência, temos que nos preocupar com o risco da autonomia absoluta que pode levar ao autoritarismo da razão e o controle do conhecimento por empresas privadas ou determinados países, é preciso compreender que a ciência deve servir ao homem e por isso ele deve ser consultado sobre os benefícios e malefícios que ela lhe vai proporcionar. Os destinos da ciência devem ser discutidos democraticamente.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Hora Certa - Horário Mundial - Fusos Horários - Relógio Mundial - Hora no Mundo

Hora Certa - Horário Mundial - Fusos Horários - Relógio Mundial - Hora no Mundo

Censo 2010 parte 1

IBGE Censo 2010

IBGE Censo 2010

A Cartografia e suas aplicações

O presente artigo discorrerá sobre o conceito, a história e as aplicações da Cartografia desde a Antiguidade até os dias atuais, seu desenvolvimento e os interesses envolvidos como a visão política ou ideológica proporcionada pelo mapa. Tratará ainda das novas tecnologias na confecção dos mapas como o sensoriamento remoto, a aerofotometria, o uso de computadores e a importância desta ciência para a organização da sociedade.

A Cartografia é uma ciência muito antiga sendo que os povos antigos como os egípcios, árabes, mesopotâmicos, europeus entre outros já utilizavam a bases da moderna cartografia para representar as áreas ocupadas, os recursos naturais e até mesmo o globo terrestre, seja para controlar as atividades diárias ou para entender o mundo que os cercava. A cartografia pode servir para vários objetivos como se pode observar historicamente como desde a representação das paisagens naturais até a visão ideológica de cada povo, seja baseada na política ou na religião.

Com o passar do tempo a ciência cartográfica foi evoluindo se tornando cada vez mais científica e precisa recebendo contribuições de vários povos e gerações desenvolvendo as mais diferentes formas de técnicas para melhor representar o espaço, seja para entendê-lo , explicá-lo, ou melhor definir seus recursos e suas potencialidades.

O instrumento utilizado pela cartografia para representação do espaço são os mapas ou cartas, os globos sendo que para sua confecção são várias as técnicas utilizadas como a escolha do tamanho da área a ser representada fazendo uso das escalas e o tipo de projeção mais adequada. As bases fundamentais para elaboração de um mapa cartográfico são a escala, as projeções cartográficas, as convenções cartográficas e as técnicas de mapeamento como os métodos de aquisição, processamento, interpretação e representação dos dados.

Foram vários os personagens que contribuíram para o aperfeiçoamento da cartografia como o grego Cláudio Ptolomeu, o Belga Gerhard, a família Sanson que sem dúvida fizeram com que esta ciência evoluísse a um patamar de qualidade e confiabilidade. Atualmente, sobretudo a partir do final do século XX outro personagem, agora mecânico vez com que a cartografia despontasse como a ciência da precisão, os satélites que permitiram fotografar a superfície terrestre em grande extensão ou até mesmo a Terra inteira permitindo a visualização integral do relevo, da hidrografia, da vegetação, dos aglomerados populacionais, das propriedades rurais permitindo uma apreensão do todo fantástica, já o computador permitiu a captura, tratamento, manipulação e representação dos dados.

A Cartografia é a arte ou ciência que tem por objeto traçar mapas. A confecção de mapas requeria tradicionalmente: 1) Habilidade para encontrar e selecionar informações sobre os diferentes aspectos da geografia; 2) Técnicas e habilidades de desenho com o objetivo de criar um mapa final capaz de representar com fidelidade as informações; 3) Destreza manual para desenhar as informações através do uso de símbolos, linhas e cores; 4) Técnicas de desenho para simplificar os desenhos. Existem diferentes tipos de mapas; os topográficos mostram as características naturais ou artificiais da paisagem, os temáticos mostram temas específicos e geralmente se baseiam em um mapa topográfico. Os mapas também podem ser classificados como de grande e de pequena escala. A distinção entre eles é arbitrária, portanto, alguns países consideram como grande escala a partir de 1:10.000, enquanto outros a consideram a partir de 1:25.000. Durante cinco séculos, os cartógrafos criaram os mapas em papel. Nos últimos trinta anos, esse procedimento mudou com a introdução dos computadores, que automatizaram as técnicas cartográficas.

Na cartografia a técnica utilizada para representar a superfície terrestre é o mapa, representação de uma área geográfica ou parte da superfície da Terra, desenhada ou impressa em uma superfície plana. Contém uma série de símbolos convencionais que representam os diferentes elementos naturais, artificiais ou culturais da área delimitada no mapa. Seu tipo básico é o mapa topográfico, que mostra os elementos naturais da área analisados e também certos elementos artificiais, além das fronteiras políticas. Entre os mapas temáticos mais importantes encontram-se as cartas de navegação marítima (náuticas) e as cartas de navegação aérea (aeronáuticas). As cartas de navegação marítima cobrem a superfície dos oceanos e de outras grandes massas de água, bem como suas costas. As cartas de navegação aérea contêm a situação dos radiofaróis, dos corredores aéreos e das áreas cobertas pelos campos de transmissão das estações de rádio.

Já o Atlas é o conjunto de mapas geralmente em forma de livro. Tradicionalmente são conjuntos de mapas sobre temas relacionados e quase todos produzidos em uma mesma escala. Alguns são temáticos (estatísticos, educativos, demográficos, históricos, ou ecológicos). Os Atlas regionais também são de grande importância. Sua finalidade é representar cartograficamente as relações estabelecidas entre as diferentes populações e territórios que configuram uma região e os diversos tipos de atividades estabelecidos na mesma. Os Atlas nacionais, por sua vez, trazem informações sobre a geografia, a hidrografia, a geologia, os recursos naturais, a economia e a população de uma região.

A arte de traçar mapas começou com os gregos que, no século VI a.C. em função de suas expedições militares e de navegação, criaram o principal centro de conhecimento geográfico do mundo ocidental. O mais antigo mapa já encontrado foi confeccionado na Suméria, em uma pequena tábua de argila, e representa um Estado. A confecção de um mapa normalmente começa a partir da redução da superfície da Terra em seu tamanho. Em mapas que figuram a Terra por inteiro em pequena escala, o globo se apresenta como a única maneira de representação exata. A transformação de uma superfície esférica em uma superfície plana recebe a denominação de projeção cartográfica.

Cartografia, portanto, é a arte e ciência de graficamente representar um área geográfica em uma superfície plana como em um mapa ou gráfico (normalmente no papel ou monitor). As representações de área podem incluir superexposições de diversas informações sobre a mesma área através de símbolos, cores, entre outros.

A Cartografia data da pré-história quando era usada para delimitar territórios de caça e pesca. Na Babilônia os mapas do mundo eram impressos em madeira num disco liso, mas foram Erastóstenes de Cirene e Hiparco (século III a.C.) que construíram as bases da moderna cartografia com um globo como forma e um sistema de longitudes e latitudes. Ptolomeu desenhava os mapas em papel com o mundo dentro de um círculo, sendo imitado na maioria dos mapas feitos até a Idade Média. Foi só com a era dos descobrimentos que os dados coletados durante as viagens tornaram os mapas mais exatos.

Com a descoberta do novo mundo, a cartografia começou a trabalhar com projeções de superfícies curvas em impressões planas. A mais usada e conhecida é a projeção Mercator.

Hoje em dia a cartografia é feita através de fotometria e de sensoriamento remoto por satélite e, com a ajuda de computadores, mais informações podem ser visualizadas e analisadas pelos geógrafos, fazendo mapas que chegam a ter precisão de até 1 metro.

Mapas

A localização de qualquer lugar na Terra pode ser mostrada num mapa. Mapas são normalmente desenhados em superfícies planas em proporção reduzida do local da Terra escolhido. Nenhum mapa impresso consegue mostrar todos os aspectos de uma região. Mapas em contraposição a foto aéreas e dados de satélite podem mostrar muito mais do que apenas o que pode ser visto. Podem mostrar, por exemplo: concentração populacional, diferenças de desenvolvimento social, concentração de renda, entre outros. Os mapas, por sua representação plana, não representam fielmente um mundo geóide como a Terra, o que levou cartógrafos a conceberem globos, que imitam a forma da Terra.

Os mapas mais comuns são os políticos e topográficos, o primeiro representando graficamente os continentes e as fronteiras entre os países e o segundo representando o relevo em níveis de altura (normalmente também incluindo os rios mais importantes). Para desenhar mapas cartográficos dependeu-se de um sistema de localização com longitudes e latitudes, uma escala, uma projeção e símbolos. Hoje em dia, boa parte do material necessário ao cartógrafo é obtida de sensoriamento remoto com foto de satélite ou aerofotometria. No projeto RADAM - que mapeou o Brasil nas décadas de 70 e 80 - usou-se mais de aerofotometria e os primeiros mapas novos do país. O departamento de cartografia da ONU é responsável pela manutenção do mapa mundial oficial em escala 1/1.000. 000 e todos os países enviam seus dados mais recentes para este departamento.

Projeções

A transferência de uma esfera para a área plana do mapa seria impossível se os cartógrafos não se utilizassem de uma técnica matemática chamada projeção. Para ilustrar esta técnica podemos imaginar como seria se abríssemos uma esfera e achatássemos ela para a forma de um plano: partes da esfera original teriam que ser esticadas para podermos fazer isto, em especial as áreas mais próximas aos os pólos, criando grandes deformações de área em um mapa mundial, se comparássemos os países perto do equador com os mais perto do pólo.

Estas técnicas de projeções vêm desde os mapas da Grécia com Ptolomeu no séc. II, e foram evoluindo até que logo após a renascença o belga Mercartor concebeu a mais simples técnica de projeção, a qual é dada seu nome. É a projeção de mapas do mundo mais conhecida até hoje. Para a representação de países, entretanto, normalmente se usa a projeção bicônica. Outras técnicas foram evoluindo até os dias de hoje, e muitas outras projeções tentaram desfazer as desigualdades de área perto dos pólos com as de perto do equador, entre elas a projeção de Gauss, que permite se manter a familiaridade do mapa-múndi e ao mesmo tempo diminuir as distorções.

Sensoriamento Remoto

Quase a totalidade da coleta de dados físicos para cartógrafos, geólogos e oceanógrafos é feita através de sensoriamento remoto por meio de satélites especializados que tiram fotos da Terra em intervalos fixos. Estas imagens podem ser feitas através da escolha do espectro de luz que se quer enxergar e alguns podem enviar sinais para captá-los em seu reflexo com a Terra, gerando milhares de possibilidades de informação sobre minerais, concentrações de vegetação, tipos de vegetação, entre outros. Alguns satélites, especialmente os de uso militar, conseguem enxergar um objeto de até vinte centímetros na superfície da Terra, quando o normal são resoluções de vinte metros.

Várias empresas internacionais existem com o fim de vender imagens de satélite sob encomenda. No Brasil, algumas agências estão presentes, sendo que o INPE (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial) possui instalações completas que vem fornecendo imagens para vários fins. Outra forma de sensoriamento remoto é a aerofotometria, que se utiliza de vôos altos para tirar fotos de dentro de aviões adaptados, artifício muito usado em agricultura e instalações de fábricas e complexos industriais, porque produz uma resolução melhor do terreno em questão.

Cartografia geográfica

No Brasil, foram desenvolvidas algumas pesquisas que discutiam as relações entre a geografia e cartografia visando repensar as bases teóricas desta discussão. As propostas realizadas dentro da perspectivas apresentadas por Libault (1971) esboçavam caminhos para repensar tanto as metodologias quanto a natureza das informações geográficas, outras propostas como a de Sanchez (1973) busca pensar a cartografia como um meio e não um fim de uma pesquisa geográfica e já apresenta formas de avaliar o desenvolvimento da produção cartográfica das informações geográficas.

A partir de Simielli (1986) reforça-se o desenvolvimento de uma “Cartografia Geográfica”, neste trabalho por meio da discussão da Teoria da Comunicação Cartográfica propõe o mapa como meio de comunicação das informações geográficas, levantando questões pertinentes ao uso e eficácia dos mapas dentro do conhecimento geográfico e no ensino de Geografia. Em Girardi (2003) identificamos um salto qualitativo no sentido de avaliar a relação entre a geografia e a cartografia considerando os mapas como representações sociais e, ressalta a produção de uma cartografia que vise discutir suas próprias práticas.

No âmbito internacional (tomaremos principalmente as discussões realizadas dentro da Associação Internacional de Cartografia - ICA), a discussão se coloca a partir de um avanço, sem uma superação completa da Teoria da Comunicação, do desenvolvimento tanto do corpo teórico quanto das técnicas propostas a partir da Visualização Cartográfica. Coloca-se a cartografia em uma outra esfera no campo dos saberes e a partir do uso do meio digital como canal de comunicação da informação e meio de desenvolvimento científico.

O estudo aqui apresentado justifica-se pela necessidade da continuidade desta discussão no campo teórico da cartografia brasileira, pois, a subutilização da cartografia temática na maioria das escolas da geografia instaurou, no Brasil, baixa demanda no desenvolvimento de pesquisas que avaliem e questionem as relações entre a geografia e a cartografia. A partir das considerações e propostas realizadas internacionalmente visa-se sistematizá-las e inseri-las na discussão nacional considerando as mudanças e as necessidades científicas da geografia desenvolvida na atualidade.

FONTES CONSULTADAS

DUARTE, Paulo Araújo. Fundamentos de Cartografia. 1º ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 1994.

Cartografia. Disponível em: http://www.atr.com.br. Acesso em: 05 junho de 2004.

Enciclopédia Microsoft Encarta: Cartografia, 1995

domingo, 15 de agosto de 2010

O SISTEMA SOLAR

O presente artigo procura explanar de forma direta o Sistema Solar, sua formação e constituição fazendo uma breve descrição do Sol, dos nove planetas, da Lua e dos outros corpos celestes que constituem o sistema, sabendo diferenciar cada astro, sua formação e comportamento na dinâmica do Universo.

O Sistema Solar é um conjunto de nove planetas, seus satélites naturais, milhares de asteróides, meteoróides e cometas que gravitam em torno do Sol, além de gás e poeira interplanetários. Foi formado há 4,5 bilhões de anos a partir de uma nuvem de gás e pó que entrou em colapso em virtude de seu próprio peso e que, devido a seu movimento de rotação, formou um disco ao redor do Sol que nascia. O movimento de rotação do sistema solar primitivo prosseguiu, e a matéria sólida presente no disco começou a aglomerar-se. No centro, o Sol liberava uma enorme quantidade de calor que provocou a aglomeração da matéria. No sistema solar exterior, formaram-se quatro grandes massas que deram origem aos planetas gigantes gasosos, sua intensa gravidade favoreceu a constituição de densas atmosferas, mais próximas do Sol formaram-se os planetas terrestres. Os asteróides, meteoróides e os cometas são provavelmente resíduos do sistema solar primitivo.

Nosso sistema solar faz parte de uma galáxia, a Via Láctea, que é composta por bilhões ou trilhões de estrelas, planetas, gases, nebulosas e poeira cósmica que orbitam em torno do mesmo centro e se mantém coesos pela própria ação da gravidade. O conjunto de galáxias forma o Universo. Calcula-se que existam 100 bilhões delas, das quais alguns milhares estão catalogadas. São classificadas em espirais, elípticas, e irregulares. A Via Láctea que é do tipo espiral possui um formato similar ao de um disco achatado, mais grosso no centro, de onde partem vários braços em forma de espiral, os quais se estendem até um diâmetro de 100.000 mil anos luz. Num desses braços, mais precisamente no Braço de Órion, localiza-se o Sistema Solar, a uma distância de 30.000 anos luz do núcleo da galáxia. Três galáxias são visíveis da Terra a olho nu: a Pequena e a Grande Nuvem de Magalhães, galáxias-satélites da Via Láctea, e Andrômeda, situada a dois milhões de anos luz da Terra.

Os planetas descrevem órbitas elípticas ao redor do Sol, embora nem sempre se pensasse assim, até o ano de 1500 pensava-se que a Terra era o centro, no que chamamos de Teoria Geocêntrica que foi proposta pelo italiano Giordano Bruno e que perdurou por 1000 anos, sendo depois contestada e derrubada por Nicolau Copérnico que dizia que o Sol era o centro (Teoria Heliocêntrica), sendo confirmada pouco mais tarde por Galileu Galilei.

O Sol

O Sol é uma estrela luminosa e brilhante em redor da qual giram os nove planetas do sistema solar. Calcula-se que se tenha formado há cerca de 5 bilhões de anos. Sua massa é 333 mil vezes superior á da Terra e representa cerca de 99,8% de toda a massa existente no sistema solar. Com 1,4 milhão de km de diâmetro (190 vezes o da Terra), está a uma distância aproximada de 150 milhões de km do planeta. Sua luz leva 8,5 min para atingir a superfície terrestre.

O Sol é formado por uma massa de gases quentes: cerca de 73% de hidrogênio, 25% de hélio e 2% de dezenas de outros elementos. Como não está fixo no espaço, desloca-se em direção a um ponto situado na Constelação de Lira, arrastando consigo o sistema planetário. Possui regiões distintas: o núcleo, onde ocorre a fusão dos átomos de hidrogênio e a geração de energia (com temperatura aproximada de 16 milhões de graus Celsius); a fotosfera, região vista como a superfície brilhante do Sol, que dá origem á maior parte da luz e calor; a cromosfera, camada de gases acima da fotosfera; e a coroa, halo de luz que envolve o globo solar.

Os Planetas do Sistema Solar

Os nove planetas do Sistema Solar diferenciam-se em dimensão e aspecto. Entretanto podem ser classificados em dois grupos: os quatro planetas mais próximos do Sol são conhecidos como planetas terrestres, ou telúricos e os quatro seguintes, como planetas gasosos, ou gigantes gasosos. Plutão o 9º planeta, não se enquadra nessa classificação.

No Sistema Solar interior, mais quente, os restos rochosos da nebulosa deram origem aos planetas. As rochas, muito numerosas, chocaram-se entre si, formando aglomerados cada vez maiores. Estes atraindo-se uns aos outros pela força da gravidade, resultaram nos 4 planetas terrestres: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. A superfície de tais planetas sofreu um aquecimento devido ao constante bombardeio das rochas que orbitavam ao redor do disco central. Contribuiu também para tal aumento de temperatura, a radiatividade própria do interior dos planetas. Como conseqüência do aumento de temperatura, os metais que compunham parcialmente os planetas fundiram-se e penetraram nas áreas centrais, dando origem a formação de veios e depósitos. Já no sistema solar exterior, talvez em virtude da presença de um maior número de aglomerados ou a abundância de água a uma notável distância do Sol, formaram-se corpos muito compactos, rodeados de famílias inteiras de satélites. A massa desses corpos era cerca de 10 vezes maior que a Terra, e sua gravidade suficientemente elevada para reter densas atmosferas, que se haviam formado pela atração de parte das nuvens de gás que ainda rodeava o sistema solar primitivo. Assim formaram-se em tais regiões os quatro planetas gasosos gigantes: Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.

Localizado nos limites do Sistema Solar, Plutão é diferente de todos os outros. Trata-se de um planeta pequeno, seu diâmetro equivale a menos da metade do de Mercúrio e menos de 1/5 do diâmetro da Terra, e sua massa é igual à quinta parte da massa lunar. É possível que sua origem não seja a mesma dos outros planetas.

Mercúrio - é o planeta mais próximo do Sol e o que possui a segunda maior temperatura (depois de Vênus), cerca de 430ºC no lado voltado para o Sol e 180ºC no lado escuro do planeta. Essa vizinhança dificulta sua observação da Terra, pois é ofuscado pelo brilho solar. Também é o planeta mais denso e o mais veloz, realiza uma volta completa em 88 dias. Seu núcleo é composto de ferro, que parcialmente liquefeito, gera um campo magnético a sua volta. De superfície formada por crateras e falhas, sua atmosfera é muito tênue, incapaz de frear a queda dos meteoritos sobre seu solo.

Vênus - Segundo planeta a partir do Sol. De tamanho quase idêntico ao da Terra, é o planeta mais próximo dela. Visto da superfície terrestre, é o corpo celeste mais brilhante depois do Sol e da Lua. O planeta gasta 243 dias terrenos para realizar o movimento de rotação, o mais longo de todo o sistema solar. É também o único que gira ao redor de seu próprio eixo no sentido horário.

A atmosfera de Vênus, composta de 97% de gás carbônico, além de pequenas porções de nitrogênio e água, impede a dispersão de grande parte do calor para o espaço. O planeta não conta com um campo magnético próprio, mas há indicações de que os ventos solares geram uma magnetosfera a seu redor. Distimgue-se três acidentes topográficos no planeta: planalto de proporções continentais, terras baixas e uma imensa planície ondulada, em cerca de 60% da superfície. Em 1989, a sonda norte-americana Magalhães revela a presença de imensas crateras e vulcões com bases de até 200 km de diâmetro.

Terra - A terra é de formato aproximadamente esférico e seus diâmetros, equatorial e polar têm 12.753 km e 12.711 km, respectivamente. Terceiro planeta em distância a partir do Sol e o quinto em diâmetro do sistema solar. Possui um satélite natural, a Lua. Formado há cerca de 4,6 bilhões de anos, é o único que dispõe de grande quantidade de oxigênio na atmosfera. Em relação á distância do Sol, ocupa posição privilegiada quanto á temperatura, o que facilita a evolução da vida. Por causa da grande presença de água, o planeta tem o aspecto de um globo azulado.

Estrutura – A Terra é formada basicamente por quatro camadas: crosta, manto, núcleo e núcleo interno. A crosta é a parte mais superficial, estendendo-se da superfície terrestre até 60 km de profundidade. Sua porção externa é sólida, formada principalmente por granito, e a interna é pastosa, constituída de rochas magmáticas basálticas. O manto situa-se entre 60 km e 3000 km de profundidade. Compõem-se principalmente de silício, ferro e magnésio. O núcleo encontra-se entre 3000 km e 5000 km de profundidade. Tem aspecto fluído e é formado por ferro e níquel, provável fonte do campo magnético terrestre. O núcleo interno, entre 5000 km e 6370 km de profundidade, é sólido.

Movimento – O movimento de rotação da Terra, em torno do próprio eixo, é feito no sentido oeste-leste. Dura cerca de 23h56min4s e determina o dia e a noite. O de translação, ao redor do Sol, ocorre por volta de 365 dias 5h48min45s e da origem ao ano.

Assim como a Terra, a maior parte dos planetas possui um ou mais satélites naturais, Mercúrio e Vênus são os únicos que não os possuem. Os 4 planetas gigantes estão rodeados de inúmeras famílias de satélites que orbitam em torno do planeta como se fossem sistemas solares em miniatura e também possuem belíssimos anéis. Os mais conhecidos e espetaculares são os de Saturno, mas Júpiter, Urano e Netuno também os possuem. Os anéis são formados por fragmentos rochosos e partículas de pó e gelo.

Lua - Único satélite natural da Terra é o corpo celeste que está mais próximo do nosso planeta e o único visitado pelo homem até hoje. Essa distância é variada; no perigeu, quando esta mais perto, o afastamento é de 356.334 km; já no apogeu, em que está mais distante, é de 406.610 km. Em relação á Terra, sua massa é 81 vezes menor e seu diâmetro, de 3.476 km, 3,66 vezes inferior. Sem atmosfera, de superfície seca e bem acidentada, apresenta montanhas e crateras. Suas regiões planas são chamadas de mares.

A Lua não possui luz própria. Ela reflete a luz do Sol e de modo diferente segundo a posição em que se encontra. Essas variações são chamadas de fases da Lua. A lua nova ocorre quando a Lua se interpõe entre a Terra e o Sol, e a face voltada para a Terra fica totalmente escura. Em seguida, surge uma região iluminada, que vai aumentando até chegar ao quarto crescente. A lua cheia acontece quando o disco lunar fica totalmente iluminado. Na seqüência, a porção iluminada decresce até o quarto minguante. A partir daí, diminui novamente até chegar á lua nova, recomeçando o ciclo. A evolução da Lua em torno do nosso planeta dura cerca de 27 dias e 8 horas, o mesmo tempo que leva para completar uma volta ao redor de seu próprio eixo (movimento de rotação). Por isso, o satélite apresenta sempre a mesma face voltada para a Terra, o que corresponde a 59% de sua superfície. A face oculta da Lua só foi revelada pelas fotografias emitidas pela sonda soviética Lunik 3, em 1959.

Marte - Quarto planeta em distância do Sol, Marte pode ser observado a olho nu a partir do nosso planeta. Algumas de suas características se assemelham ás da Terra e fazem supor que possa, no futuro, ser visitado pelo homem. Possui montanhas e vales, falhas e vulcões causados por terremotos, calotas polares, além de alternância de inverno e verão. Sua temperatura, que varia entre –63ºC e 27ºC é moderada pelos padrões astronômicos. Há, entretanto, grandes contrastes. Marte é como um deserto, muito frio e seco, com 95% de gás carbônico na atmosfera. Estima-se que a pressão e a densidade atmosférica são cerca de 100 vezes menores que as da Terra. A superfície é coberta principalmente por areia e pedregulho. A cor, avermelhada, resulta da presença dominante de óxido de ferro. A suposição de que a água foi abundante no planeta é objeto de inúmeras pesquisas.

Vida em Marte – Desde o século XIX especula-se a existência de vida no planeta. As sondas norte-americanas Viking 1 e Viking 2 trazem amostras de solo, na segunda metade da década de 70, mas não revelam sinais de vida, Nos anos seguintes as explorações prosseguem com o objetivo de pesquisar os minerais e existência passada de água em Marte.

Júpiter – Maior planeta do sistema solar e o quinto em distância do Sol. Possui 143.000 km de diâmetro e 317,726 a massa da Terra. Pode ser observado a olho nu, distinguindo-se pelo seu brilho, menor apenas que o de Vênus, o da Lua e o do Sol. De densidade muito baixa, o planeta é constituído basicamente de gases.

A composição de sua atmosfera apresenta hidrogênio em 87% e hélio na maior parte restante. É a mesma combinação encontrada no interior das estrelas. Como a temperatura e a pressão em Júpiter são muito altas, não há limite definido entre as partes gasosa e líquida do planeta. Entre os 16 satélites de Júpiter destacam-se Gaminedes, maior que o planeta Mercúrio, e Io, com a superfície coberta por vulcões mais potentes que os encontrados na Terra. Há ainda um tênue sistema de anéis em torno do planeta, que gravita a uma distância entre de 100.000 km e 200.000 km de seu núcleo.

Saturno - Sexto planeta em distância do Sol, sua principal característica é o sistema de anéis, observado pela primeira vez em 1610 por Galileu Galilei. Saturno é o segundo maior planeta do sistema solar, com 120.000 km de diâmetro, e o que possui maior número de satélites (18). Entre eles está Titã, o maior satélite do sistema solar, descoberto em 1655. Formado por gases, em especial hidrogênio, a densidade de Saturno é oito vezes menor que a da Terra. Pode ser observado a olho nu: tem o aspecto de uma estrela de primeira grandeza, de cor amarelada. Além de hidrogênio, a atmosfera de Saturno compõe-se de hélio e metano, entre outros. O peso da atmosfera aumenta a pressão no interior do planeta, onde o hidrogênio se condensa. Próximo do centro, o hidrogênio líquido torna-se hidrogênio metálico, o que favorece a formação de correntes elétricas, responsáveis pelo campo magnético do planeta. Os anéis de Saturno, que cercam o planeta, compreendem mais de 100 mil aros constituídos de milhares de partículas sólidas, de tamanhos variáveis. Formaram-se da desagregação de um ou mais satélites que se aproximaram em demasia do planeta. As sondas norte-americanas Voyager 1 e Voyager 2, lançadas em 1977, aproximam-se do planeta, respectivamente, em 1980 e 1981. A Voyager 1 revela que Titã apresenta uma atmosfera dominada por nitrogênio, semelhante á da Terra primitiva. A Voyager 2 identifica novos satélites, até então desconhecidos

Urano - Sétimo planeta em distância do Sol e o terceiro maior do sistema solar. Como Júpiter e Saturno, tem núcleo sólido, ao passo que sua atmosfera é composta principalmente de metano, hidrógeno e hélio.

Em 1977 é detectado, ao redor do planeta, um sistema de cinco anéis de poeira e partículas congeladas, dispostos entre 38.000 km e 51.000 km de seu centro. Em 1986, a sonda norte-americana Voyager 2, ao explorar a superficie de Urano, descobre seis anéis e dez satélites (até então se conheciam apenas cinco). Em outubro de 1997, astrônomos dos Estados Unidos e Canadá anunciam a descoberta de outros dois satélites, totalizando 17. Localizados pelo telescopio Hale, de Monte Palomar, na Califórnia (EUA), eles ainda não tinham sido reconhecidos oficialmente pela União Astronômica Internacional até dezembro de 1997.

Netuno - É o oitavo planeta a partir do Sol, é o quarto maior do sistema solar, com 49.400 km de diâmetro. Descoberto em 1846 pelo inglês John Adams (1819-1892) é considerado gêmeo de Urano, em razão das semelhanças em tamanho e aparência. Sua energia interna, cerca de 2,5 vezes mais poderosa que recebe do Sol, provoca tempestades e ventos na sua atmosfera, os mais velozes de todo o sistema solar. Como os demais planetas de gás, tem atmosfera composta basicamente de hidrogênio e hélio. A cor azul deve-se a presença constante de outro gás, o metano. Supõe-se que o planeta não tenha superficie sólida. Imagens obtidas pela sonda norte-americana Voyager 2, em agosto de 1989, revelam um sistema de anéis contínuos ao redor do planeta, envolto por um campo magnético. Até então, com base nas observações feitas a partir de telescópios da Terra considerava-se os anéis fragmentados. A nave localiza ainda seis novas luas próximas do planeta. No total, Netuno conta com oito satélites. Os maiores, Tritão e Nereida, foram descobertos em 1846 e 1949, respectivamente. Nereida é o satélite que faz a órbita mais excêntrica do sistema solar, desviando-se constantemente do centro da trajetória. Tritão diferencia-se dos demais satélites do sistema por orbitar Netuno em sentido inverso. Sua superficie é mais fria (-235ºC) que a dos demais satélites do sistema, com uma calota polar de nitrogênio congelado e gêiseres ativos. Suspeita-se que Tritão se tenha originado fora do sistema solar e sido capturado pela gravidade netuniana.

Plutão - É o planeta mais distante do Sol e o último do sistema solar a ser conhecido, descoberto em 1930 pelo astrônomo norte-americano Clyde Tombaugh. É, ainda, o único a não ser visitado por uma sonda interplanetária. Por ser menor que a Lua e orbitar a enorme a distância do Sol, pode ser visto apenas como um ponto brillante pelos mais potentes telescópios. Ao contrário dos outros planetas que orbitam depois de Marte, os chamdos de gás. Plutão é contituído de material rocoso, com uma densidade duas vezes mayor do que a da água, o planeta tem a superficie Roberta de metano congelado, enquanto a atmosfera, muito fina, é composta principalmente de gás metano. Sua órbita em torno do Sol é inclinada e excêntrica. Alguns astrônomos acreditam que Plutão tenha sido um antigo satélite de Netuno, jogado em órbita diferente na formação do sistema solar.

Caronte, o único satélite de Plutão, revestido de gelo e pollera, é descoberto em 1978, pelo astrônomo norte-americano James Christy. Muito grande em relação ao tamanho do planeta e orbitando em sua proximidade, o satélite faz com que Plutão seja reconhecido muitas vezes como um planeta duplo. A órbita de Caronte demora aproximadamente seis dias , mesma duração da rotação de Plutão.

Além dos planetas, o Sistema Solar possui também outros astros, como os asteróides, meteoróides e cometas como foi citado anteriormente e de grande importância, pois além de apresentarem risco de colisão com a Terra, fornecem muitas informações sobre a formação do Universo e serem imprescindíveis para estudar a estrutura interna da Terra já que são resíduos da formação do Sistema Solar.

Asteróides - Os asteróides são pequenos corpos celestes, com diâmetro inferior a 1003 km. Em fevereiro de 1997 é anunciada a descoberta de restos sedimentares do asteróide que se teria chocado com a Terra há cerca de 65 milhões de anos, provocando o extermínio dos dinossauros. Cientistas da Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos encontram fragmentos do asteróide no fundo do oceano Atlântico, nas costas da Flórida (EUA).

Meteoróides - São fragmentos de matéria cujo tamanho é maior do que o de uma molécula e menor do que o de um asteróide. Ao entrarem na atmosfera se aquecem produzindo um fenômeno luminoso chamado meteoro. Quando atingem a superfície recebem o nome de meteoritos. Entre os meteoritos podem distinguir-se três grupos:

a) Sideritos ou meteoritos metálicos, compostos de ferro metálico com cerca de 8% de níquel.

b) Assideritos ou aerólitos, ou meteoritos rochosos, que apresentam principalmente silicatos e quantidade variável de ferro metálico.

c) Litossideritos, que representam um grupo intermediário entre os dois primeiros.

Cometas - Corpos celestes de baixa luminosidade formados por três elementos; núcleo (ou cabeça), composto de gases congelados e pequenas partículas sólidas; coma (cabeleira), nuvem gasosa que surge com a evaporação dos gases á medida que se aproximam do Sol; e cauda, o rastro deixado por eles e iluminados pela luz solar. Alguns cometas são observáveis uma única vez e outros são periódicos, com o Halley. Ele passa em intervalos de 75 a 76 anos e sua última aparição pela órbita da Terra acontece em 1986. Em suas rotas, os cometas podem mudar de curso, ser fragmentados pela ação de planetas ou até mesmo se chocar com eles. Este é o caso do cometa Shoemaker-Levy-9, que colide com Júpiter em julho de 1994. O cometa Hale-Bopp, descoberto em julho de 1995, é um dos maiores já catalogados. Em abril de 1997, ele alcança o periélio (distância mais próxima do Sol), tornando-se visível da Terra, principalmente do hemisfério norte.

A estudar o sistema solar percebe-se o quanto é complexo e fascinante o nosso universo, e que a Terra faz parte dele, sofrendo influencia do Sol através de sua radiação e calor, da Lua que rege a nossa vida diária através das fases da Lua e dos outros corpos celestes que colidem com a Terra como os meteoróides.

FONTES CONSULTADAS

Almanaque Abril 98: São Paulo: Sistema Solar, 1998.

Geologia Geral. Companhia Editora Nacional, 2001. São Paulo. Viktor Leinz e Sérgio Estanislau do Amaral.

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O SOL: Nossa principal estrela

O presente artigo discorrerá sobre a definição de estrela, seu nascimento e morte, compreendendo que o Sol é uma estrela solitária, fazendo uma descrição das partes que o constituem e de sua importância para a vida na Terra por ser a fonte de luz e calor, além de sua influência na alta atmosfera e na superfície terrestre e como a comunidade cientifica está cada vez mais atenta a seus efeitos.

Quando um observador situado na Terra olha para o céu noturno a estrela mais brilhante que ele vê é Sirius, já no céu diurno, é o Sol, isso em se tratando da magnitude aparente, se for levar em conta a magnitude absoluta o Sol não é a estrela mais brilhante, sendo que hipoteticamente são colocadas todas as estrelas a uma mesma distância, e daí comparado o seu brilho. O Sol é por sua vez a estrela mais brilhante olhando-se da Terra por situar-se mais perto dela a uma distância de 150 milhões de km, enquanto que as outras estrelas estão muito mais distantes do que isso. Pela sua proximidade o Sol é a estrela mais importante para a vida na Terra, por ser ela a fonte de luz e calor necessário para a existência da vida.

As estrelas podem ser definidas como corpos celestes de formato esférico que irradiam luz. Possuem massa na faixa de 0,1 a 100 vezes a massa do Sol e pertencem a sistemas maiores denominados galáxias. O Universo contém aproximadamente 100 bilhões de galáxias e estas, bilhões ou trilhões de estrelas, embora só uma pequena parte seja visível a olho nu. As estrelas podem ser solitárias, como é o caso do Sol, mas muitas existem em pares ou em aglomerados.

Júpiter poderia ser um segundo Sol, uma discussão na Rússia colocou em dúvida se o maior planeta do sistema solar poderia ser uma estrela em nascimento, com capacidade para se tornar no futuro um segundo Sol, os argumentos são baseados na existência de uma fonte de energia interna e por ser composto de 99% de hélio e hidrogênio, atestando que suas reservas de combustíveis nucleares não são problemas, mas o problema resiste no fato de que ele teria que atingir a massa crítica capaz de dar início as reações termonucleares que o transformarão em outro Sol visto que não há matéria suficiente no sistema solar para isso acontecer.

As estrelas nascem de gigantescas nuvens de gás e poeira comprimidas pela própria gravidade até atingir pressão e temperatura altas o suficiente para desencadear reações nucleares em seu interior. A primeira reação é a queima de hidrogênio: quatro núcleos de hidrogênio são convertidos em um núcleo de hélio. A estrela permanece a maior parte de sua vida nesse estágio, durante o qual ela é chamada de estrela anã ou estrela de seqüência principal. Sua luminosidade e temperatura aumentam de acordo com a massa. No estágio posterior, ela é denominada estrela gigante ou supergigante. Nessa fase, já converteu todo o hidrogênio de seu centro em hélio, que passa a ser queimado: três núcleos de hélio são convertidos em carbono. O tamanho aumenta, mas sua massa se mantém inalterada. As estrelas gigantes ou supergigantes morrem quando seu combustível nuclear se esgota. As estrelas com massa menor do que dez massas solares ao morrer expelem sua parte exterior, formando uma concha chamada “nebulosa planetária”. O resto dessas estrelas se transforma em uma anã branca, com densidade de até algumas toneladas por centímetro cúbico. As estrelas maiores do que dez massas solares terminam a vida em uma superexplosão chamada de supernova. Durante essa explosão é formada a maior parte dos elementos químicos que irão constituir as novas estrelas. O resto da supernova pode ser uma estrela de nêutrons ou um buraco negro.

As supernovas são catástrofes inimagináveis. Depois de queimar em reações nucleares todo o hidrogênio de que são feitas, as maiores estrelas torram os últimos restos do gás e explodem num clarão que, por duas semanas ou três semanas, ofusca uma galáxia inteira. O brilho é maior do que o de 200 bilhões de astros reunidos. Os cientistas estão à procura dessas explosões armados das melhores câmeras e dos mais potentes telescópios em busca de segredos sobre a formação e a evolução do Universo.

Os cientistas têm uma boa razão para comemorar as imagens que o telescópio americano Chandra acaba de fazer de Cassiopéia-A. Trata-se de um grande amontoado de gás e poeira, situado na constelação de Cassiopéia-A, lançado ao espaço por uma supernova, isto é, a explosão de uma estrela gigante. O motivo da animação é que as fotos do Chandra confirmam uma importante previsão teórica, a de que as supernovas são responsáveis pela produção de elementos químicos pesados, como o ferro. Para entender essa questão, considere que no inicio do Universo existiam apenas dois átomos, o de hidrogênio e o de hélio. Todos os outros foram sintetizados por reações atômicas que só ocorrem a temperaturas altíssimas, acima de 5 milhões de graus Celsius, no coração das estrelas. Mas, segundo a teoria, metais densos, como o níquel ou o ferro, só podem ser sintetizados quando uma grande estrela morre em uma superexplosão, elevando seu calor a mais de 1 bilhão de graus Celsius. Aí, em frações de segundo, forjam-se massas enormes de átomos pesados.

O que o Chandra fez agora foi mostrar que os destroços estelares de Cassiopéia-A são muito abundantes em ferro, comprovando as expectativas dos teóricos. É a primeira vez que se detectam sinais claros de um metal pesado em uma nebulosa. Depois de lançados ao espaço, os átomos saídos do forno das supernovas rodopiam milhares de anos no vazio até que a massa se reagrupa. Ela, assim, dá origem a uma nova geração de estrelas e de planetas.

Várias são as estrelas existentes no Universo, mas a mais importante sem dúvida é o Sol por estar relacionado diretamente com a possibilidade de vida na Terra, por isso nunca é demais dedicar um estudo pormenorizado do Sol em todos os seus aspectos, sejam físicos, químicos ou ainda a influência que ele desempenha no sistema solar e especialmente na Terra.

O Sol

O Sol é a fonte de energia que domina o sistema solar. Sua força gravitacional mantém os planetas em órbita e sua luz e calor tornam possível a vida na Terra.

As observações científicas realizadas indicam que o Sol é uma estrela de luminosidade e tamanho médios, e que no céu existem incontáveis estrelas maiores e mais brilhantes, mas para nossa sorte, a luminosidade, tamanho e distância foram exatos para que o nosso planeta desenvolvesse formas de vida como a nossa.

Muitas pessoas acreditam que o Sol é uma estrela comum. Isto está errado. Cerca de 95% de todas as estrelas têm massa menor que a do Sol. As mais numerosas em nossa galáxia têm apenas 10% da massa solar. São todas más candidatas a hospedar vida evoluída porque emitem pouca energia. Para conseguir calor suficiente, um planeta precisaria estar tão perto dessa estrela que entraria no que é chamado de rotação sincrônica. Um lado do planeta estaria sempre de frente para a estrela. A temperatura no lado escuro seria tão baixa que toda a atmosfera congelaria, impedindo a formação de vida animal.

Se o Sol fosse maior, com certeza não estaríamos aqui.

Composição do Sol - O Sol é uma enorme esfera de gás incandescente composta essencialmente de hidrogênio e hélio, com um diâmetro de 1,4 milhões de quilômetros. O volume do Sol é tão grande que em seu interior caberiam mais de 1 milhão de planetas do tamanho do nosso. Para igualar seu diâmetro, seria necessário colocar 109 planetas como a Terra um ao lado do outro.

Núcleo do Sol - No centro da estrela encontra-se o núcleo, cuja temperatura alcança os 15 milhões de graus centígrados e onde ocorre o processo de fusão nuclear por meio do qual o hidrogênio se transforma em hélio. A energia gerada mantém o Sol aquecido, levando-o a expandir-se. Mas essa expansão resulta também no esfriamento do núcleo, de modo que as camadas externas voltam a pressionar as internas e o núcleo volta a ser comprimido e se mantém aquecido.

O equilíbrio entre a pressão das camadas externas e a pressão gerada pelo calor das zonas internas é tão estável que nossa estrela encontra-se nessas condições há 5 bilhões de anos e continuará por outros 5 bilhões, ou mais, até que se esgote o combustível nuclear que contribui para a manutenção das altas temperaturas do núcleo.

Superfície do Sol - A superfície luminosa do Sol é chamada de fotosfera. Apesar de seu aspecto compacto, não é sólida, é gasosa. A fotosfera constitui zona limítrofe entre a densa e opaca massa gasosa das regiões centrais do Sol e o material mais tênue e transparente do exterior.

Numa imagem ampliada da fotosfera pode-se verificar seu aspecto granulado, produzido por correntes de gás quente que sobem à superfície e voltam a descer. A parte superior dessas colunas de gás forma cristas conhecidas como grânulos, de centenas de quilômetros de diâmetro, dos quais existem milhões na fotosfera. A vida média dos grânulos é de apenas 10 minutos, razão pela qual a superfície do Sol está em constante mudança.

Cromosfera - Ao redor da fotosfera está a cromosfera, de cor vermelha, composta basicamente de hidrogênio gasoso. É difícil observá-la, pois ela se encontra junto à fotosfera. As melhores ocasiões para observá-la apresentam-se durante os eclipses totais do sol, quando a fotosfera está oculta pela Lua.

Protuberâncias - A cromosfera expulsa para o espaço gigantescas massas de gás incandescente, denominadas protuberâncias, de mais de 100.000km de comprimento médio. Algumas delas formam gigantescos arcos que acompanham as linhas de campo magnético solar e alcançam temperaturas superiores a 10.000º C. As protuberâncias manifestam-se durante os períodos de atividade máxima do Sol e podem durar várias semanas.

Coroa - O extrato mais externo do Sol é a coroa, uma camada envolvente formada por hidrogênio muito diluído, com temperatura superior a 1 milhão de graus centígrados. Normalmente é visível durante os eclipses. Os gases que formam a coroa emitem grande quantidade de energia em forma de raios X. A coroa não apresenta sempre o mesmo aspecto, sua forma varia com o passar do tempo. Isso se deve ao fato de que um gás turbulento não mantém o mesmo aspecto durante longos períodos. O sol tem um ciclo de atividade que se repete com certa regularidade cada 11 anos. A coroa parece seguir esse ritmo; algumas vezes apresenta-se mais simétrica e em outras exibe vistosos penachos e profundas lagunas. A maior simetria ocorre nos períodos de máxima atividade; nos períodos de mínima, a coroa aparece achatada sobre o plano equatorial solar e praticamente desaparece nos pólos.

Vento Solar - O Sol emite um fluxo contínuo de partículas ionizadas que se propagam pelo espaço em todas as direções. Denominado vento solar, esse fluxo possui intensidade variável, associada à atividade das manchas solares. Os ventos solares são responsáveis por diversos fenômenos, como a orientação da cauda dos cometas em sentido contrário ao Sol, distorção do cinturão magnético da Terra, com conseqüente alteração do campo magnético do planeta, com efeitos imprevisíveis sobre o clima, telecomunicações, rede de distribuição elétrica e meio ambiente. O vento solar dá origem também às magníficas auroras boreais.
A zona onde o vento solar desaparece é chamada de heliopausa – representa o limite da influência do Sol. Não se sabe ao certo onde esta região ocorre. Sondas lançadas nos anos 70 para explorar os confins do sistema solar nos darão essa informação.

Manchas Solares - As formas mais interessantes observadas no Sol são as manchas solares, pequenas áreas mais escuras que o restante da fotosfera, em virtude de sua temperatura mais baixa. As manchas solares são brilhantes, mas sua temperatura, de cerca de 4000º C, é inferior à temperatura de 5770º C das áreas circundantes. As manchas, que podem ser várias vezes maiores que a Terra, surgem por razão do intenso campo magnético do sol, que impede em alguns pontos a subida do calor proveniente do interior, provocando a formação de áreas mais frias. As manchas solares nos dão a impressão de serem negras, mas isso ocorre porque são mais frias que as áreas circundantes da fotosfera. A área escura da mancha é denominada sombra, com temperatura de aproximadamente 4300-4800ºC. Em torno da sombra, existe a penumbra cuja temperatura varia de 5400 a 5500ºC. A vida média de uma mancha é de 2 semanas. O mais comum, porém, é surgirem aos pares ou grupos, então sua vida média será de aproximadamente 3 meses. O número de manchas solares varia cada ano e depende da intensidade da atividade solar, cujo ciclo regular é de aproximadamente 11 anos, portanto observamos um número máximo de manchas a cada 11 anos, fase conhecida como máximo solar. O último máximo solar foi em 1991 e os próximos deverão ocorrer em 2002 e 2013.

Efeitos do Sol - Atualmente são realizadas muitas pesquisas sobre os efeitos da atividade solar no clima que se somam ao fluxo de energia que aquece o planeta, variando de acordo com a atividade solar. No Sol ocorre explosões que liberam energia para o espaço interplanetário na forma de radiação eletromagnética, em todo o espectro, de rádio passando pelo visível até raios X e gama, estas explosões são conhecidas como vento solar. Assim a atividade solar tem grande impacto no espaço e na Terra, como as fantásticas auroras boreais e austrais, resultado da emissão de partículas das explosões solares que atingem a atmosfera terrestre, precipitando-se na direção dos campos magnéticos. As explosões solares na alta atmosfera causam interrupção nas radiocomunicações em ondas curtas, além de danificar circuitos eletrônicos dos satélites. São menos conhecidas as influências da atividade solar na superfície da Terra, no clima, metereologia e meio ambiente, nem por isso são menos importantes, visto que há indícios de que grandes explosões solares têm impacto direto e imediato na superfície principalmente em oleodutos-gasodutos e linhas de transmissão. O conhecimento dos regimes climáticos e do tempo tem enormes conseqüências socioeconômicas como na produção agrícola, reservatórios hidrelétricos, justificando os enormes investimentos em pesquisas metereológicas. Influência das explosões solares no clima não podem ser mais ignoradas, uma intensa campanha internacional de pesquisas será promovida pelo Comitê Científico de Física Solar-Terrestre para melhor compreender a conexão Sol-Terra.

FONTES CONSULTADAS

MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Astronomia e Astronáutica. 2º ed. São Paulo: Editora S.A, 1981.

Almanaque Abril 98: São Paulo: Astronáutica, 1998.

O Sistema Solar. Disponível em: http://www.ufogenesis.com.br. Acesso em: 25 setembro 2004.

João Steiner. Siderúrgicas do espaço. Superinteressante, São Paulo, nº 4, p.86, abril de 2000.

Pierre Kaufmann. Efeitos do Sol no meio ambiente espacial e o clima. Scientific American Brasil, São Paulo, nº 4, p.74-77, setembro de 2002.

A Corrida da Humanidade para o Espaço Cósmico

O presente artigo discorrerá sobre a trajetória da Astronáutica no século XX, seu desenvolvimento e os interesses envolvidos, além de tratar os assuntos pertinentes a essa área como a inevitável militarização do espaço, a dominação das telecomunicações pelos países que dominam a tecnologia espacial, a importância do direito espacial, o acesso tardio dos países subdesenvolvidos a essa nova ciência, bem como o assunto relativo ao lixo espacial e como a Astronáutica está presente em nossa vida diária.
O Homem sempre se interessou pelo espaço cósmico, primeiramente observando o movimento e peridiocidade dos astros com o objetivo de regular suas atividades cotidianas através de um calendário preciso e com o acúmulo dessas observações desenvolveu a astronomia e posteriormente com a perspectiva de exploração do espaço, sempre presente no imaginário coletivo, abriu espaço para o desenvolvimento da Astronáutica.

A Astronáutica foi a ciência que proporcionou ao homem a possibilidade de explorar o espaço cósmico, sonho este descrito em vários livros de ficção científica como, por exemplo, as viagens interplanetárias do escritor francês Jules Verne na publicação de seu livro da Terra a Lua que influenciou inúmeros pioneiros da Astronáutica, tais como Oberth, Tsiolkovski, entre outros.

O desenvolvimento da Astronáutica se deu com fins exclusivamente militares empreendidas pelas potências econômicas, Alemanha, URSS e EUA, visto a preocupação desses países com a defesa e a possibilidade da dominação de outras nações através da força militar para obter vantagens econômicas. O desenvolvimento dessa nova ciência trouxe problemas antes não existentes como a militarização espacial, seguida pela necessidade de criação de regras para utilização do espaço e o lixo espacial.

A história da Astronáutica no século XX pode ser dividida em três períodos: os da descobertas realizadas até o fim da II Guerra Mundial, o da corrida espacial entre EUA e URSS e os dos projetos pós Guerra Fria. Entre as descobertas realizadas até 1945 destacam-se as primeiras experiências com foguetes espaciais, vinculadas ao desenvolvimento de novas armas de guerra, desenvolvido pelos alemães entre 1935 e 1945 com a construção das bombas-foguetes V-1 e V-2, usadas nos ataques aéreos contra a Inglaterra e a Bélgica durante a II Guerra Mundial. A V-2 é considerada precursora dos modernos mísseis balísticos e dos foguetes de lançamento de satélites e de naves espaciais.

A corrida espacial protagonizada pelas duas potências hegemônicas foi palco para a maior disputa espacial pela conquista do espaço. Ela resulta em grandes avanços científicos e tecnológicos, especialmente nas áreas da aeronáutica, de telecomunicações e de produção de armamentos. Os soviéticos saem na frente com o lançamento em 1957 do Sputnik 1, primeiro satélite artificial a entrar em órbita. Um mês depois mandam para o espaço o primeiro ser vivo, a cadela Laika, a bordo da Sputnik 2. A reação dos EUA vem em 1958, com a criação da NASA. Responsável pelo programa espacial do país, lança naquele mesmo ano o primeiro satélite artificial norte-americano, o Explorer 1. Nos anos seguintes, as duas potências investem em projetos pioneiros de exploração da Lua (o russo Luna) e de reconhecimento dos planetas Vênus (o russo Venera e o norte-americano Mariner), Marte e Mercúrio (o norte-americano Mariner).

A década de 60 começa com um objetivo, o de colocar o homem no espaço. A URSS sai novamente na frente com a primeira viagem tripulada, a de Iuri Gagárin em 1961. Seis anos depois lançam a nave Soyuz 1, um projeto experimental para uma viagem tripulada a Lua. Mas a conquista da Lua, ponto culminante da corrida espacial, é realizada pelos EUA em 1969. No dia 20 de julho, o módulo lunar Eagle, da nave Apollo 11, pousa no satélite e o astronauta Neil Armstrong torna-se o primeiro homem a pisar em outro corpo celeste e é dele a famosa frase: “um pequeno passo para o homem, um grande salto para a Humanidade”, realmente essas palavras traduzem o grande desenvolvimento que as pesquisas espaciais trouxeram para a sociedade como o desenvolvimento das comunicações via satélite, a redução nos componentes eletrônicos e o possível acesso ao microcomputador, bem como outros avanços na área da medicina. A bandeira dos EUA é fincada no solo lunar, simbolizando a vitória norte-americana na corrida espacial. Após a conquista da Lua, a prioridade da exploração do espaço passa a ser a pesquisa científica e tecnológica, viabilizada com a construção de estações e ônibus espaciais e com o lançamento de sondas espaciais, embora os objetivos militares continuem sendo o elemento norteador, visto que os satélites desempenham papéis estratégicos de monitoramento, principal arma para localização de centros militares e movimentação de tropas inimigas, amplamente utilizado na guerra do Afeganistão e Iraque, demonstrando a superioridade da nação que domina a tecnologia espacial.

Em 19 de abril de 1971, os soviéticos lançam sua primeira estação orbital, a Salyut. Nela são realizados vários tipos de pesquisa científica na ausência da gravidade. A contrapartida norte-americana é a Skylab, lançada em maio de 1973.

Na década de 70, outros países como o Brasil se aventuram nessa nova empreitada com a criação do Instituto Nacional de Atividades Espaciais e a Comissão Brasileira de Atividades Espaciais, sendo regulamentada a pesquisa Astronáutica. Na prática o programa espacial brasileiro teve início com o desenvolvimento de foguetes sonda, sendo o Sonda I lançado em 1966. A China também segue esse caminho com o lançamento de seu primeiro satélite, denominado de Tung-hung (o oriente é vermelho).

No ano de 1986, os soviéticos colocam em órbita a Mir que permanece no espaço até hoje. Em junho de 1997 acontece o décimo e mais grave acidente na estação, então ocupada por dois astronautas russos e um norte americano. A nave de suprimentos não tripulada Progress choca-se com a Mir durante manobras de acoplamento. O acidente provoca 10% de despressurização, reduz em 50% o fornecimento de energia e dificulta a comunicação com a Terra. A missão de conserto começa de fato em agosto de 1997, depois de ter sido adiada várias vezes.

No início da década de 80, os EUA desenvolvem seu projeto de ônibus espacial, o Space Shuttle, idealizado para facilitar as viagens tripuladas entre a Terra e as estações orbitais, para missões de lançamento, reparo e remoção de satélites artificiais e para pesquisas científicas. O programa é inaugurado em abril de 1981, com o lançamento do Columbia, e interrompido em 1986, por causa do acidente com o Challenger, que explode ao partir para sua décima missão, matando os sete tripulantes. Dois anos e meio depois, o programa é retomado com o ônibus espacial Discovery, seguido do Atlantis.

Entre os projetos mais importantes do período estão as sondas norte-americanas Voyager, destinadas a alcançar a órbita de diferentes planetas em um mesmo vôo para depois ultrapassar as fronteiras do sistema solar. A Voyager 1, lançada em 1977, visitou Júpiter e Saturno, e a Voyager 2, que partiu no mesmo ano, atingiu Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Atualmente, ambas se encontram fora do sistema solar.

Os anos após o fim da Guerra Fria foram pouco produtivos para a Astronáutica. As potências mundiais sofreram com a recessão econômica e na redefinição de seus objetivos estratégicos, a competição espacial ficou em segundo plano. Apesar disso, há alguns projetos de grande porte, com destaque para a Estação Espacial Internacional Alpha, o telescópio espacial Hubble, a nave Galileu, a exploração de Marte e o Neat.

Alguns projetos são desenvolvidos em conjunto para a redução de despesas, visto que houve cortes no orçamento de alguns países, enquanto outros com seu orçamento irrisório os impediriam de realizar sozinho um projeto de grande porte como no setor de Astronáutica. Como exemplo é a Estação Espacial Internacional Alpha (Issa), um programa entre Federação Russa, EUA, Canadá, Europa, Japão e Brasil que tem por objetivo a implantação de uma base permanente de pesquisa no espaço. A primeira etapa dessa cooperação começou em 1995, com o acoplamento do ônibus espacial norte-americano Atlantis á estação orbital russa Mir, formando o maior complexo espacial já colocado em órbita. A estação deverá ser finalizada com os módulos suplementares e os sistemas fornecidos por Canadá, Japão, Brasil e Europa, num total de 30 lançamentos. De acordo com a previsão, ela pesará 415 toneladas e estará girando em uma órbita circular a 420 km de altitude. Seis pesquisadores deverão trabalhar permanentemente. O projeto deve consumir 15 bilhões de dólares.

O telescópio espacial Hubble é lançado pelos EUA em 1990 para observar e fotografar objetos astronômicos jamais vistos, como as estrelas em formação e novas galáxias. Tem alcance de 14 bilhões de anos luz (1 ano luz equivale a cerca de 9,5 trilhões de km). Em 1997 sofre sua segunda reforma (a primeira foi em 1993), que coloca em uma órbita 15 km mais alta, a 625 km da Terra. Ganha maior precisão, sendo capaz de captar imagens de objetos mais distantes e de observar melhor os buracos negros. Um dos principais objetivos desse telescópio é estudar a idade do Universo, agora estimada entre 13 e 20 bilhões de anos.

A exploração do sistema solar entra em uma nova era com o lançamento da nave Galileu em 1989. Com 2,5 toneladas, ela percorre a órbita da Terra, da Lua e de Vênus até chegar a Júpiter, em dezembro de 1995. Para vencer os 780 km que separa este planeta da Terra, a nave aproveita a força gravitacional de outros astros. Ao chegar a Júpiter, ela penetra a atmosfera do planeta e lança a sonda Galileu, de 355kg. Durante 75 minutos, a Nasa recebe informações sobre a estrutura e a composição da atmosfera até a sonda ser destruída pela enorme pressão atmosférica. A nave, porém, continua a pesquisa dos satélites de Júpiter – Io, Ganimedes, Calisto e Europa. Um dos resultados, divulgado em 1997, confirma a existência de um imenso oceano debaixo da superfície congelada de Europa.

Em julho de 1997, a sonda Mars Pathfinder pousa em Marte. Lançada pela Nasa, tem o objetivo principal de pesquisar a atmosfera e o solo do planeta, além de verificar se existiu água na forma líquida, uma das condições para vida em Marte. A sonda leva consigo um pequeno robô, o Sojourner, uma espécie de triciclo movido à luz solar e equipado com uma câmera de televisão, seis rodas, garras metálicas e suspensão adaptável a qualquer tipo de terreno. Manobrado da Terra, a mais de 190.000.000 km, recolhe amostras do solo e envia os dados de volta para a Terra. Essa missão deve se estender até 2005.

O Neat, sigla em inglês para Programas de Rastreamento de Asteróides próximos a Terra. O projeto pretende estudar as órbitas dos cometas e asteróides que apresentam risco de colisão com a Terra. Entre os observatórios envolvidos destacam-se o de Steward, no sul do Arizona, desde de 1989, e o da ilha de Maui, no Havaí, instalado em 1995. São considerados potencialmente perigosos os asteróides que passam a uma distância menor que 20DL (distância lunar, distância média entre a Terra e a Lua).

Além desse projeto existe outro que controla as atividades solares, comandado pelo satélite ACE da Nasa que envia o alerta por rádio uma hora antes de a tempestade atingir a Terra, sua importância se deve ao fato das tempestades solares provocarem danos nos satélites prejudicando seu funcionamento, bem como a ação prejudicial em aviões que estiverem voando na hora da tempestade.

Um dos equipamentos espaciais mais presentes em nossas vidas é sem dúvida o Satélite Artificial (veículo espacial, tripulado ou não, colocado em órbita de um planeta, de um satélite ou do Sol). É utilizado principalmente na pesquisa científica, mas também nas telecomunicações em geral, como na retransmissão de sinais de rádio e de televisão e na interligação de redes de computadores, como a Internet. Nas telecomunicações, o satélite pioneiro foi o Telstar, lançado pelos norte-americanos em 1962. Os satélites são classificados em científico ou de aplicação. No primeiro caso aproveita-se sua capacidade de orbitar acima da atmosfera para estudar desde a composição química das camadas atmosféricas da Terra até as condições de outros planetas. No segundo utiliza-se a vantagem de o satélite cobrir grandes regiões da superfície terrestre, o que permite, além de outras funções, a transmissão de informações entre localidades muito distantes. Os satélites artificiais lançados para fora do campo gravitacional da Terra são chamados de sondas espaciais. As sondas podem estudar a Lua, os outros planetas ou cometas do sistema solar e até mesmo o meio interplanetário. É o caso da sonda Galileu, lançada em 1989, que orbita Júpiter, e da sonda Cassini, lançada em outubro de 1997, que deverá alcançar a órbita de Saturno em 2004. Um satélite permanece em órbita por causa da força da gravidade. As órbitas possuem diferentes formas e altitudes. Podem ser polares, circulares ou elípticas, sendo sua distância de algumas centenas de quilômetros ou milhares deles.

O principal problema verificado com o lançamento de objetos espaciais são os resíduos provenientes dos foguetes, satélites desativados, tanques de combustível e fragmentos de aparelhos que explodiram como, por exemplo, as armas anti-satélites. Em junho de 1985, havia 5.400 objetos desse tipo de grande e médio porte e 40 mil de pequenas dimensões. Dois satélites, pelo menos, foram destruídos em colisões com o lixo espacial. Em 24 de julho de 1981, o satélite soviético de navegação Cosmos 1275 desintegrou-se em milhares de pedaços ao ser atingido por um objeto metálico. O mesmo ocorreu com o satélite norte-americano Landsat, em 1982. A estação orbital soviética Salyut 7 foi atingida por pequenos objetos que abriram buracos de milímetros em sua estrutura. Além do problema de choque entre os aparelhos espaciais, há também o risco desses objetos entrarem na atmosfera terrestre e atingir algum local habitado, embora a probabilidade seja pequena haja visto que 70% da superfície seja formada pelos oceanos.

Outra questão relevante é sobre o uso do espaço, pois em primeiro lugar a quem pertence o espaço, será que ele pode ser dividido, os países sem tecnologia espacial têm lugar na disputa, cabe ao direito espacial definir tais regras, pois um exemplo simples foi quando os Estados Unidos lançaram um satélite que permitia a população russa assistir aos programas de televisão norte-americanos, estando em plena guerra fria, os russos acusaram os Estados Unidos de guerra ideológica e os satélites televisivos tiveram que operar em faixas de freqüência predefinidas.

Cada vez somos mais dependentes da tecnologia espacial, pois imagine o caos que seria para o tráfego aéreo, a localização marítima de um navio, por exemplo, sem a utilização de um satélite ou como seria moroso a construção de um mapa sem as fotos de satélite, sem contar que Internet, televisão digital e celular, nem pensar.

FONTES CONSULTADAS
MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Astronomia e Astronáutica. 2º ed. São Paulo: Editora S.A., 1981.

Almanaque Abril 98: São Paulo: Astronáutica, 1998.

Enciclopédia Microsoft Encarta: Lixo espacial, 1995

João Steiner. Satélites. Superinteressante, São Paulo, nº 1, p.74, janeiro de 2000.