domingo, 24 de março de 2013

O RURAL HOJE: UM OLHAR CRÍTICO

Para entendermos o rural hoje devemos voltar um pouco no tempo para compreendermos como se deu tal evolução. Iniciemos então nossa análise a partir da Segunda Guerra com as políticas governamentais instigadas pela polarização da Guerra Fria, onde se experimentou um notável crescimento econômico sendo que o desenvolvimento rural foi um dos motores do crescimento dado o peso da agricultura nas contas nacionais naquela época. As novas tecnologias oriundas do período Pós Segunda Guerra foram implantadas no campo provocando o que foi intitulado mais tarde de Revolução Verde, que se caracterizou pelo rompimento radical com o passado por integrar fortemente as famílias rurais as novas formas de racionalidade produtiva, quebrando a relativa autonomia setorial que em outros tempos a agricultura teria experimentado. O governo foi o grande fomentador neste período das políticas de modernização no campo com a difusão do pacote tecnológico que acarretou aumentos de produtividade promovendo desta forma o aumento da renda familiar, portanto, o tão esperado desenvolvimento rural.
No entanto a partir dos anos 80 a Revolução Verde já passa a enfrentar problemas de produtividade dado o uso irracional do solo e das técnicas agressivas de produção como o uso intensivo de fertilizantes e agrotóxicos e a pouca preocupação dispensada ao meio ambiente associada a nível superestrutural a ascensão das políticas neoliberais que enfraqueceram o papel do Estado na condução das políticas voltadas para o campo. A partir da década de 90 um complexo conjunto de novos processos sociais e econômicos veio à tona sob a expressão de globalização. Neste quadro o desenvolvimento rural gradualmente reapareceu nos debates em escala global com base no estudo dos impactos ambientais experimentados nas últimas décadas levando a promover outras formas de gestão dos recursos naturais que não obstante teve caráter impositivo. No Brasil, por exemplo, tem sido possível identificar algumas das razões que explicariam o surgimento de crescentes esforços sócio-políticos de revalorização da sociedade rural e suas atividades produtivas através de políticas públicas de apoio a agricultura familiar e ao desenvolvimento rural sustentável. Uma das propostas para o desenvolvimento rural é a melhoria do bem estar das populações rurais, seja através de financiamentos ou investimentos a fundo perdido afim de que estas populações possam promover um melhor manejo do solo sendo que a partir da década de 80 já havia se difundido a expressão de desenvolvimento sustentável.
A idéia de sustentabilidade nasceu da crescente percepção acerca dos impactos ambientais do padrão civilizatório acelerado pós Segunda Guerra. Neste sentido, o componente sustentável da expressão refere-se exclusivamente ao plano ambiental, indicando as necessidades das estratégias de desenvolvimento rural incorporar uma apropriada compreensão das chamadas dimensões ambientais. O desenvolvimento local, com a multiplicação das ONG’s que por atuarem normalmente em ambientes geograficamente mais restritos ( a região ou município) criaram uma estratégia de ação  local em contraposição aos processos globalizantes e os processos de descentralização valorizou o local, no caso brasileiro o município. As ações centradas em torno da agricultura familiar têm reforçado a tendência de novos padrões de desenvolvimento rural que incluem mecanismos de repercussão local.
Hoje o que se presencia na agricultura brasileira é uma série de formas diferentes de produzir e existir sendo verificadas desde técnicas arcaicas de plantio, basicamente de subsistências sem nenhum apoio governamental até as grandes monoculturas propiciadas pela Revolução Verde ou plantação de transgênicos, esta última como alternativa ao modelo anterior devido ao seu esgotamento, até ações um tanto inovadoras como a Agroecologia (produção de alimentos orgânicos) com o apoio da ONG’s que possuem centros de estudos e promoção da agricultura, a retomada da agricultura familiar com o apoio dos programas governamentais como o Microbacias e o Pronaf, estes em escala de intervenção local,. Enfim uma variedade muito grande de políticas ou total falta de políticas rurais, sendo que o que está em voga atualmente é a agricultura familiar sustentável. Vale lembrar que as políticas de desenvolvimento rural foram conquistadas através de muita luta onde foram importantes os movimentos sociais e as ONG’s promovendo movimentos em prol de uma sociedade mais justa, além de discussões sobre a implementação de novos modelos gerenciais para a condução da economia brasileira e um modelo alternativo de produção agropecuária dado os efeitos adversos provocados pelo padrão predominante, que passou a ser chamado de agricultura convencional, fortalecendo um conjunto de propostas antagônicas, classificadas como alternativas (orgânica, biológica, natural) de desenvolvimento sustentável .

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NAVARRO, ZANDER. Desenvolvimento rural no Brasil: os limites do passado e os caminhos do futuro. Estudos Avançados 15, 2001.
CAMPOS, ARNOLDO DE. A Agricultura Familiar e o Governo FHC. Agroecologia e Agricultura Familiar, 2000.
ELIAS, DENISE. Globalização e Agricultura no Brasil. Geo UERJ, Revista do Departamento de Geografia da UERJ, 2002.

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