Para entendermos o rural hoje
devemos voltar um pouco no tempo para compreendermos como se deu tal evolução. Iniciemos
então nossa análise a partir da Segunda Guerra com as políticas governamentais instigadas
pela polarização da Guerra Fria, onde se experimentou um notável crescimento
econômico sendo que o desenvolvimento rural foi um dos motores do crescimento
dado o peso da agricultura nas contas nacionais naquela época. As novas
tecnologias oriundas do período Pós Segunda Guerra foram implantadas no campo
provocando o que foi intitulado mais tarde de Revolução Verde, que se
caracterizou pelo rompimento radical com o passado por integrar fortemente as
famílias rurais as novas formas de racionalidade produtiva, quebrando a
relativa autonomia setorial que em outros tempos a agricultura teria experimentado.
O governo foi o grande fomentador neste período das políticas de modernização no
campo com a difusão do pacote tecnológico que acarretou aumentos de
produtividade promovendo desta forma o aumento da renda familiar, portanto, o
tão esperado desenvolvimento rural.
No entanto a partir dos anos 80 a Revolução Verde já passa
a enfrentar problemas de produtividade dado o uso irracional do solo e das
técnicas agressivas de produção como o uso intensivo de fertilizantes e
agrotóxicos e a pouca preocupação dispensada ao meio ambiente associada a nível
superestrutural a ascensão das políticas neoliberais que enfraqueceram o papel
do Estado na condução das políticas voltadas para o campo. A partir da década
de 90 um complexo conjunto de novos processos sociais e econômicos veio à tona
sob a expressão de globalização. Neste quadro o desenvolvimento rural gradualmente
reapareceu nos debates em escala global com base no estudo dos impactos
ambientais experimentados nas últimas décadas levando a promover outras formas
de gestão dos recursos naturais que não obstante teve caráter impositivo. No
Brasil, por exemplo, tem sido possível identificar algumas das razões que explicariam
o surgimento de crescentes esforços sócio-políticos de revalorização da
sociedade rural e suas atividades produtivas através de políticas públicas de
apoio a agricultura familiar e ao desenvolvimento rural sustentável. Uma
das propostas para o desenvolvimento rural é a melhoria do bem estar das
populações rurais, seja através de financiamentos ou investimentos a fundo
perdido afim de que estas populações possam promover um melhor manejo do solo
sendo que a partir da década de 80 já havia se difundido a expressão de
desenvolvimento sustentável.
A idéia de sustentabilidade
nasceu da crescente percepção acerca dos impactos ambientais do padrão
civilizatório acelerado pós Segunda Guerra. Neste sentido, o componente
sustentável da expressão refere-se exclusivamente ao plano ambiental, indicando
as necessidades das estratégias de desenvolvimento rural incorporar uma
apropriada compreensão das chamadas dimensões ambientais. O desenvolvimento
local, com a multiplicação das ONG’s que por atuarem normalmente em ambientes geograficamente
mais restritos ( a região ou município) criaram uma estratégia de ação local em contraposição aos processos globalizantes
e os processos de descentralização valorizou o local, no caso brasileiro o
município. As ações centradas em torno da agricultura familiar têm reforçado a
tendência de novos padrões de desenvolvimento rural que incluem mecanismos de
repercussão local.
Hoje o que se presencia na agricultura
brasileira é uma série de formas diferentes de produzir e existir sendo
verificadas desde técnicas arcaicas de plantio, basicamente de subsistências
sem nenhum apoio governamental até as grandes monoculturas propiciadas pela
Revolução Verde ou plantação de transgênicos, esta última como alternativa ao
modelo anterior devido ao seu esgotamento, até ações um tanto inovadoras como a
Agroecologia (produção de alimentos orgânicos) com o apoio da ONG’s que possuem
centros de estudos e promoção da agricultura, a retomada da agricultura familiar
com o apoio dos programas governamentais como o Microbacias e o Pronaf, estes
em escala de intervenção local,. Enfim uma variedade muito grande de políticas
ou total falta de políticas rurais, sendo que o que está em voga atualmente é a
agricultura familiar sustentável. Vale lembrar que as políticas de
desenvolvimento rural foram conquistadas através de muita luta onde foram
importantes os movimentos sociais e as ONG’s promovendo movimentos em prol de
uma sociedade mais justa, além de discussões sobre a implementação de novos
modelos gerenciais para a condução da economia brasileira e um modelo
alternativo de produção agropecuária dado os efeitos adversos provocados pelo
padrão predominante, que passou a ser chamado de agricultura convencional,
fortalecendo um conjunto de propostas antagônicas, classificadas como
alternativas (orgânica, biológica, natural) de desenvolvimento sustentável .
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NAVARRO, ZANDER. Desenvolvimento rural no Brasil: os limites
do passado e os caminhos do futuro. Estudos Avançados 15, 2001.
CAMPOS, ARNOLDO DE. A Agricultura Familiar e o Governo FHC.
Agroecologia e Agricultura Familiar, 2000.
ELIAS, DENISE. Globalização e Agricultura no Brasil. Geo
UERJ, Revista do Departamento de Geografia da UERJ, 2002.
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