sexta-feira, 22 de março de 2013

ROCHAS SEDIMENTARES E AMBIENTES DE SEDIMENTAÇÃO


1. Rochas Sedimentares

     As rochas sedimentares no senso estrito são aquelas formadas a partir do material originado da destruição erosiva de qualquer tipo de rocha, material este que deverá ser transportado e posteriormente depositado ou precipitado em um dos muitos ambientes de sedimentação da superfície do globo terrestre. Na maioria das vezes apresentam-se estratificadas. No senso lato incluem também qualquer material proveniente das atividades biológicas. O critério da classificação das rochas sedimentares segue vários princípios, normalmente combinados entre si, como o ambiente, o tipo de sedimentação, constituição mineralógica ou tamanho das partículas.
    
Tabela das Rochas Sedimentares

Nome
Estrutura
Tamanho
Mineralogia
Cor
Permeabilidade
Argilito
Estratificada
Argila
Feldspatos
Cinza-escuro
Siltito
Estratificada
Silte
Feldspatos
Cinza-escuro
Varvito
Estratificada
Silte e Argila
Feldspatos e Quartzo
Cinza
Arenito
Maciça
Areia fina
Quartzo
Amarronzado
Boa
Conglomerado
Maciça
Seixo
Fragmentos
Cinza
Boa
   
   Segundo o ambiente de sedimentação, podem ser classificados em sedimentos continentais, que são subdivididos em fluvial, lacustre ou lagunar, desértico, leque aluvial e glacial, e sedimentos marinhos, que, de acordo com a profundidade da zona que ocupam, podem ser do tipo nerítico, batial ou abissal.
     Segundo o tipo, podem ser classificados em clásticos, químicos e orgânicos. Os sedimentos clásticos são constituídos por fragmentos desagregados das diversas rochas pré-existentes (vulcânicas, metamórficas ou mesmo sedimentares) que, transportadas para outras regiões, são depositados em camadas (estratos). Distinguem-se: macroclásticos (psefitos e psamitos, do grego psephis, seixo e psamos areia) e microclásticos (pelitos, do grego pelos, lama). Os psefitos constituem-se de seixos, isto é, grãos maiores que os de areia; os psamitos, de grãos do tamanho dos de areia e os pelitos, de grãos do tamanho dos de silte e argila.

Classificação Granulométrica dos Sedimentos Clásticos


Diâmetro (mm)
Wentworth
Diâmetro (mm)
Atterberg
Matacão
> 256
> 200
Bloco
64 - 256
20 - 200
Seixo
4 - 64
2 - 20
Grânulo
2 - 4

Areia grossa
1/4 - 2
0,2 - 2
Areia fina
1/16 – 1/4
0,02 – 0,2
Silte
1/256 – 1/16
0,002 – 0,02
Argila
< 1/256
< 0,002

     Os sedimentos químicos são aqueles originados da precipitação de solutos, graças á diminuição da solubilidade ou graças á evaporação da água. Quando se verifica este fenômeno o sedimento recebe o nome de evaporito. Os sedimentos químicos formados graças á diminuição da solubilidade são mais comumente os carbonatos, que se precipitam graças ao aumento de temperatura e conseqüente desprendimento de gás carbônico, responsável pela solubilidade dos carbonatos, ex: Halita (NaCl), Calcita (CaCO3). Os sedimentos orgânicos são formados pela transformação dos restos de seres vivos, vegetais e animais. O carvão de pedra e a turfa, por exemplo, são o resultado da transformação das grandes florestas que existiam na Terra, durante o período Carbonífero (há 345 milhões de anos).

2. Ambientes de Sedimentação

Sedimentos Continentais

Fluvial: Diminuindo a velocidade de um rio, graças ao menor declive existente nas regiões médias e inferiores, diminuirá também a sua capacidade transportadora, iniciando-se então a sedimentação do material transportado. Deve ser lembrado que o diâmetro dos detritos mais grosseiros, da mesma densidade, transportados por uma corrente, varia aproximadamente com o quadrado da sua velocidade, isto é, se a velocidade dobrar, o diâmetro máximo de um seixo que pode ser transportado será em volta de quatro vezes maior. Esta relação não se aplica às partículas menores que as areias, cujo diâmetro é de 2mm no máximo.
Agente: Água
Textura-Granulometria: Argila até Matacão
Estrutura: Estratificação plano-paralela
Rocha Sedimentar: Conglomerado

Lacustre ou Lagunar: Como podemos comprovar ao estudar a sedimentação marinha, os lagos são em muitos aspectos sedimentares reproduções do mar em escala reduzida. Em primeiro lugar, tem os mesmos tipos de sedimentos: detríticos ou clásticos, formados por fragmentos de outras rochas; químicos e bioquímicos, formados por precipitação de íons, induzida ou não por organismos; e orgânicos, que são restos de seres vivos. Igualmente se assemelham na existência de deltas, de ondulações sedimentares submarinas e de correntes de turbidez que circulam por seu fundo. Outras características, como a precipitação de sais, são ao contrário típicas de certos lagos.
Do ponto de vista sedimentar existem dois tipos de lagos:
- Lagos com sedimentação predominantemente detrítica e orgânica: tem um ou mais deltas que jogam sedimentos detríticos (seixos, areias, limos) nas bordas, mas também ocasionalmente ao centro mediante correntes de turbidez. Outra fonte de detritos finos no centro da bacia é a decantação das partículas que chegam em suspenção na água fluvial, a qual não se misturam imediatamente com a lacustre. Estas argilas do fundo costumam armazenar sulfetos e matéria orgânica (que podem chegar a formarem locais de carbono e petróleo, devido ao caráter redutor das águas profundas. A causa deste fenômeno químico é que as águas do fundo do lago, frias e por isso densas, se misturam pouco com as superficiais aquecidas pelo Sol. Os restos de seres vivos caem ao fundo e sua decomposição absorve todo o oxigênio da água.
- Lagos salinos: Em um lago, os sais precipitam a favor de algum dos seguintes processos:
- concentração por evaporação
- perda de gases (como CO2)
- mistura de águas
- mudança de temperatura
Do ponto de vista químico se distinguem os lagos de carbonatos dos lagos de sulfatos e cloretos. Do ponto de vista geológico se distinguem três tipos de lagos salinos: perenes e profundos (como o Mar Morto); perenes e rasos; e efêmeros e rasos, chamados também lagos do tipo praia (não confundir com praias costeiras). Precisamente são praias os lagos que costumam ficar no centro das zonas hiperáridas fechadas denominadas bacias sedimentares.
Agente: Água
Textura-Granulometria: Argila, Silte e Areia
Estrutura: Estratificação
Rocha Sedimentar: Arenitos e Siltitos

Desértico: Diminuindo a velocidade do vento, inicia-se a sedimentação das partículas segundo o seu tamanho, tendo em vista a uniformidade da densidade das partículas, predominantemente quartzosas. Primeiro os grãos maiores, passando para os menores. A diminuição da velocidade do vento é normalmente provocada por obstáculos diversos, como vegetais, blocos, etc. Atrás destes obstáculos o vento forma turbilhões e diminui de velocidade, provocando com isso a sedimentação, principalmente da areia de diâmetro de 0,1 a 1mm, aproximadamente, enquanto que as partículas menores se sedimentam depois pelas chuvas ou neves nas épocas de calmarias. Citam-se mesmo chuvas de barro e neves coloridas pelas poeiras, tal a quantidade de detritos aéreos aglutinados e depositados por estes agentes atmosféricos. As partículas menores que 50 mícrons são levadas pelo vento, pois sua velocidade de queda livre sofre uma brusca diminuição em relação às partículas maiores. Aos depósitos formados, graças ao vento, dá-se a designação de depósitos eólicos. Sua natureza é variável, podendo provir de explosões vulcânicas, de áreas periglaciais, de praias marinhas ou fluviais, de regiões áridas, sendo estas as de maior importância para a geologia, ou mesmo de regiões facilmente suscetíveis á deflação. Sendo o vento constante numa determinada direção, haverá uma deposição contínua, dando origem a elevações de forma regular e característica que recebe o nome de duna. Assim, uma das categorias de duna é a que se forma graças a obstáculos existentes no percurso do vento. Uma segunda categoria de duna, quanto á sua origem, é formada sem a intervenção de obstáculos. São tidas como as dunas verdadeiras.
Agente: Vento
Textura-Granulometria: Areia
Estrutura: Estratificação Cruzada
Rocha sedimentar: Arenito

Leque aluvial: Os primeiros sedimentos fluviais formam-se geralmente no sopé das montanhas, recebendo a designação de depósito de piemonte. São também chamados de cones ou leques aluviais, possuindo a forma aproximada de um leque, pelo motivo de se espalharem morro abaixo. Possuem litologicamente as mesmas características do tálus, com a diferença de terem já sofrido pequeno transporte pelas águas correntes. Se este material for litificado, receberá a denominação de fanglomerado. Em regiões semi-áridas, graças á ausência ou quase ausência de decomposição química, pose assemelhar-se a um tilito, também pela heterogeneidade granulométrica dos constituintes e falta de estratificação.
Agente: Gravidade
Textura-Granulometria: Argila
Estrutura: Estratificação
Rocha Sedimentar: Argilito

Glacial: Entre as diversas características dos sedimentos glaciais, a de maior interesse, por ser comum a quase todos eles, é a quase que total ausência de alteração química pelo intemperismo. Outra característica interessante é a presença de estrias nos seixos que são facetados, em vez de esféricos. Sabemos que quanto mais elevada for a temperatura, mais rápidas serão as reações químicas responsáveis pelo intemperismo. Estas são, pois, praticamente ausentes num ambiente glacial, fato de importância no reconhecimento de um antigo sedimento glacial. Os minerais facilmente decompostos em climas quentes, como os feldspatos e os máficos, são encontrados com freqüência entre os sedimentos glaciais. O material fino nada mais é do que o produto da pulverização mecânica das rochas, não ocorrendo os argilo-minerais.
Tilito: rocha endurecida formada pelo acúmulo dos detritos levados por uma geleira.
Varvitos: depósito de sedimentos que forma uma camada diferenciada. O termo costuma ser usado para definir os depósitos formados em lagos situados às margens de geleiras.
Agente: Gelo
Textura-Granulometria: Argila até Matacão
Estrutura: Estratificada e Maciça
Rocha Sedimentar: Argilito/Siltito, Arenito, Conglomerado
  
Sedimentos Marinhos

     A subdivisão das regiões dos mares baseia-se principalmente no critério da profundidade, declividade e da distância do afastamento da costa. Segundo as profundidades podemos distinguir as seguintes zonas nos oceanos:
Região litorânea: a profundidade da água é de poucos metros, compreendendo a zona atingida pela alta e baixa maré. A extensão varia, evidentemente, com a declividade da costa. Esta pode ser desde vertical, sendo neste caso pequena a região litorânea, até quase horizontal, havendo uma grande extensão ora coberta, ora descoberta pelo mar. No contato direto do mar com o continente são intensas as atividades construtivas e destrutivas do mar.
Região nerítica: É delimitada pela profundidade de cerca de 200m (plataforma continental), havendo íntima relação das relações do continente, com respeito ao clima, vida, topografia, etc., com a sedimentação e condições de vida nesta zona do mar. É de grande importância, nas ciências geológicas, o estudo da região nerítica, pois os sedimentos marinhos do passado em sua grande maioria foram formados nesta região, inclusive sedimentos petrolíferos.
Região batial: É delimitada comumente pela profundidade de 1000 metros, havendo nesta região vida bem reduzida, nas suas partes profundas.
Região abissal: Possui profundidades superiores a 1000 metros. A vida é escassa e pouco conhecida; ocorrem peixes de aspecto exótico, muitas vezes fosforescentes, adaptados ás condições de escuridão absoluta e de grande pressão hidrostática. O único alimento constitui-se de restos mortos provindos das regiões superiores. A sedimentação principal constitui-se de restos de esqueletos ou de lama continental finíssima, assunto a ser encarado na sedimentação marinha. Denomina-se região pelágica a que se acha afastada da região nerítica. Abaixo encontram-se as regiões hemipelágicas e eupelágica. A importância da região pelágica reside no fato de tratar-se do local de maior intensidade de vida, o fator de maior importância na sedimentação marinha.

Fontes Consultadas: Geologia Geral. Viktor Leinz

14 comentários:

  1. Muito bom. Faltou apenas incluir imagens. A visualização os ambientes sedimentares seria uma mais valia.

    ResponderExcluir
  2. Muito bom. Faltou apenas incluir imagens. A visualização dos ambientes sedimentares seria uma mais valia.

    ResponderExcluir
  3. Concordo com Edgar... Só faltaram algumas imagens... Mas muito bom o texto!

    ResponderExcluir
  4. Fora a falta das imagens esta bem explícito. Estas de parabéns Prof.

    ResponderExcluir
  5. São informações relevantes e de grande importância,me ajudaram muito.Uma sugestão apenas,a mensão das referências bibliográficas.

    ResponderExcluir
  6. A menção da referência bibliográfica está no final do texto. Fonte Consultada: Geologia Geral. Viktor Leinz

    ResponderExcluir