domingo, 24 de março de 2013

POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO RURAL PÓS 1990

RESUMO

Política Pública e Agricultura Familiar: Uma leitura do Pronaf

A opção da agricultura familiar como protagonista de um projeto de desenvolvimento rural representa um avanço em relação às ações públicas voltadas para o campo até então, mas certas noções presentes no texto do Pronaf alertam para riscos que esta política pode representar para a agricultura familiar.
Eleger a agricultura familiar como protagonista do desenvolvimento rural é um indicativo de uma mudança de paradigma, já que há décadas a agricultura familiar esteve relegada a segundo plano tendo sobrevivido em meio a competição de condições e recursos orientados a favorecer a grande produção e a grande propriedade.
Segundo o Pronaf a agricultura familiar tem função social dirigida ao desenvolvimento econômico do país sustentado nas noções de produtividade e rentabilidade crescentes tendo como conseqüência a melhoria na qualidade de vida da população rural.
O Pronaf teve como referências experiências européias principalmente da França que no pós-guerra elegeu a agricultura familiar como forma de produção implementando a modernização da produção agrícola e da sociedade rural, enquanto nessa mesma época o Estado brasileiro orientou-se para a modernização econômica e tecnológica da grande produção.
Outro ponto a ser destacado é que na França os investimentos eram geralmente a fundo perdido ou de proteção ao agricultor enquanto no Brasil a viabilização das condições de produção tem como objetivo reembolsar os investimentos públicos adequando o retorno dos investimentos a capacidade de pagamento do agricultor familiar.

Modernização e Agricultura Familiar

Cabe destacar que na França a agricultura repousa historicamente na produção familiar, o que justifica a decisão política de processar a chamada “industrialização” da agricultura sobre as bases de uma força de trabalho e de um capital essencialmente familiar.
Outro ponto é que a idéia de desenvolvimento contida no Pronaf embora associe o aumento da capacidade produtiva à melhoria da qualidade de vida, a noção de sustentabilidade não implica na opção por tecnologias alternativas ao padrão que vem sendo adotado até então. Torna-se difícil reconhecer a real possibilidade do governo em romper com as práticas pautadas na tecnificação para se orientar na direção de um novo paradigma de desenvolvimento rural.
O Pronaf valoriza a agricultura familiar como segmento gerador de emprego e renda de modo a estabelecer um padrão de desenvolvimento sustentável, por outro lado, qual forma de produção familiar teria a capacidade de realizar absorção de mão de obra, mantendo ao mesmo tempo a competitividade da economia sendo que na França se implementou políticas públicas como objetivo de diminuir a população rural e aumentar o padrão de vida do agricultor destacando-se por exemplo um programa educacional para orientar os filhos de agricultor a setores econômicos não agrícolas.

Agricultura familiar e desenvolvimento econômico

O governo reconhece a capacidade da agricultura familiar de se adaptar a situações diversas e de contribuir para o desenvolvimento econômico em condições de competitividade, ainda que sem lucro e renda. O incremento da produtividade como meta nos leva a velha fórmula desenvolvimentista: aumento da produção = diminuição de preço no mercado = competitividade. É contraditória a adoção de um modelo de intervenção na agricultura familiar atrelado à lógica do mercado e centrado no aumento da capacidade produtiva.
Torna-se indispensável à implementação de medidas que organizem o mercado e garantam preço para agricultura familiar, caso contrário, ela permanecerá a margem do processo de desenvolvimento econômico, em situação extremamente desfavorável devido a incapacidade de competir em espaços sociais sob a hegemonia da grande empresa e dos grandes negócios agroindustriais.

O modelo de agricultura familiar e o verdadeiro agricultor

Outro aspecto relevante é o caráter excludente dos critérios para se identificar o agricultor familiar beneficiário desta política. Nestes termos são considerados beneficiários os agricultores familiares reconhecidos como em transição, que possuam amplo potencial de viabilização econômica. Alguns requisitos indispensáveis é a utilização do trabalho direto seu e de sua família e que 80% da renda seja originadas da exploração agropecuária e/ou extrativa.  Os critérios de exclusão estão fortemente sustentados na noção, em construção, do verdadeiro agricultor, profissional com capacidade empresarial apto para encontrar na atividade agrícola a fonte da quase totalidade da renda familiar.
Neste sentido instituir o bom agricultor como aquele que aufere a renda familiar quase exclusivamente da atividade agrícola, implica excluir as possibilidades de combinar a agricultura com outras fontes de renda que, em alguns casos, são indispensáveis a continuidade da própria atividade agrícola e, portanto fundamentais para a retenção da mão-de-obra no campo.
A pluriatividade deve ser considerada para manter a população no campo e também viabilizar as pequenas unidades produtivas que não conseguem sustentar-se exclusivamente da produção agrícola, é também importante não esquecer que a especificidade da produção agrícola implica distinguir tempo de trabalho do tempo de produção, o que atribui outros significados ao trabalho não-agrícola exercido no quadro da unidade de produção familiar.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

MARIA JOSÉ CARNEIRO. Estudos Sociedade e Agricultura, 8 de abril de 1997.

O RURAL HOJE: UM OLHAR CRÍTICO

Para entendermos o rural hoje devemos voltar um pouco no tempo para compreendermos como se deu tal evolução. Iniciemos então nossa análise a partir da Segunda Guerra com as políticas governamentais instigadas pela polarização da Guerra Fria, onde se experimentou um notável crescimento econômico sendo que o desenvolvimento rural foi um dos motores do crescimento dado o peso da agricultura nas contas nacionais naquela época. As novas tecnologias oriundas do período Pós Segunda Guerra foram implantadas no campo provocando o que foi intitulado mais tarde de Revolução Verde, que se caracterizou pelo rompimento radical com o passado por integrar fortemente as famílias rurais as novas formas de racionalidade produtiva, quebrando a relativa autonomia setorial que em outros tempos a agricultura teria experimentado. O governo foi o grande fomentador neste período das políticas de modernização no campo com a difusão do pacote tecnológico que acarretou aumentos de produtividade promovendo desta forma o aumento da renda familiar, portanto, o tão esperado desenvolvimento rural.
No entanto a partir dos anos 80 a Revolução Verde já passa a enfrentar problemas de produtividade dado o uso irracional do solo e das técnicas agressivas de produção como o uso intensivo de fertilizantes e agrotóxicos e a pouca preocupação dispensada ao meio ambiente associada a nível superestrutural a ascensão das políticas neoliberais que enfraqueceram o papel do Estado na condução das políticas voltadas para o campo. A partir da década de 90 um complexo conjunto de novos processos sociais e econômicos veio à tona sob a expressão de globalização. Neste quadro o desenvolvimento rural gradualmente reapareceu nos debates em escala global com base no estudo dos impactos ambientais experimentados nas últimas décadas levando a promover outras formas de gestão dos recursos naturais que não obstante teve caráter impositivo. No Brasil, por exemplo, tem sido possível identificar algumas das razões que explicariam o surgimento de crescentes esforços sócio-políticos de revalorização da sociedade rural e suas atividades produtivas através de políticas públicas de apoio a agricultura familiar e ao desenvolvimento rural sustentável. Uma das propostas para o desenvolvimento rural é a melhoria do bem estar das populações rurais, seja através de financiamentos ou investimentos a fundo perdido afim de que estas populações possam promover um melhor manejo do solo sendo que a partir da década de 80 já havia se difundido a expressão de desenvolvimento sustentável.
A idéia de sustentabilidade nasceu da crescente percepção acerca dos impactos ambientais do padrão civilizatório acelerado pós Segunda Guerra. Neste sentido, o componente sustentável da expressão refere-se exclusivamente ao plano ambiental, indicando as necessidades das estratégias de desenvolvimento rural incorporar uma apropriada compreensão das chamadas dimensões ambientais. O desenvolvimento local, com a multiplicação das ONG’s que por atuarem normalmente em ambientes geograficamente mais restritos ( a região ou município) criaram uma estratégia de ação  local em contraposição aos processos globalizantes e os processos de descentralização valorizou o local, no caso brasileiro o município. As ações centradas em torno da agricultura familiar têm reforçado a tendência de novos padrões de desenvolvimento rural que incluem mecanismos de repercussão local.
Hoje o que se presencia na agricultura brasileira é uma série de formas diferentes de produzir e existir sendo verificadas desde técnicas arcaicas de plantio, basicamente de subsistências sem nenhum apoio governamental até as grandes monoculturas propiciadas pela Revolução Verde ou plantação de transgênicos, esta última como alternativa ao modelo anterior devido ao seu esgotamento, até ações um tanto inovadoras como a Agroecologia (produção de alimentos orgânicos) com o apoio da ONG’s que possuem centros de estudos e promoção da agricultura, a retomada da agricultura familiar com o apoio dos programas governamentais como o Microbacias e o Pronaf, estes em escala de intervenção local,. Enfim uma variedade muito grande de políticas ou total falta de políticas rurais, sendo que o que está em voga atualmente é a agricultura familiar sustentável. Vale lembrar que as políticas de desenvolvimento rural foram conquistadas através de muita luta onde foram importantes os movimentos sociais e as ONG’s promovendo movimentos em prol de uma sociedade mais justa, além de discussões sobre a implementação de novos modelos gerenciais para a condução da economia brasileira e um modelo alternativo de produção agropecuária dado os efeitos adversos provocados pelo padrão predominante, que passou a ser chamado de agricultura convencional, fortalecendo um conjunto de propostas antagônicas, classificadas como alternativas (orgânica, biológica, natural) de desenvolvimento sustentável .

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NAVARRO, ZANDER. Desenvolvimento rural no Brasil: os limites do passado e os caminhos do futuro. Estudos Avançados 15, 2001.
CAMPOS, ARNOLDO DE. A Agricultura Familiar e o Governo FHC. Agroecologia e Agricultura Familiar, 2000.
ELIAS, DENISE. Globalização e Agricultura no Brasil. Geo UERJ, Revista do Departamento de Geografia da UERJ, 2002.

sexta-feira, 22 de março de 2013

ROCHAS SEDIMENTARES E AMBIENTES DE SEDIMENTAÇÃO


1. Rochas Sedimentares

     As rochas sedimentares no senso estrito são aquelas formadas a partir do material originado da destruição erosiva de qualquer tipo de rocha, material este que deverá ser transportado e posteriormente depositado ou precipitado em um dos muitos ambientes de sedimentação da superfície do globo terrestre. Na maioria das vezes apresentam-se estratificadas. No senso lato incluem também qualquer material proveniente das atividades biológicas. O critério da classificação das rochas sedimentares segue vários princípios, normalmente combinados entre si, como o ambiente, o tipo de sedimentação, constituição mineralógica ou tamanho das partículas.
    
Tabela das Rochas Sedimentares

Nome
Estrutura
Tamanho
Mineralogia
Cor
Permeabilidade
Argilito
Estratificada
Argila
Feldspatos
Cinza-escuro
Siltito
Estratificada
Silte
Feldspatos
Cinza-escuro
Varvito
Estratificada
Silte e Argila
Feldspatos e Quartzo
Cinza
Arenito
Maciça
Areia fina
Quartzo
Amarronzado
Boa
Conglomerado
Maciça
Seixo
Fragmentos
Cinza
Boa
   
   Segundo o ambiente de sedimentação, podem ser classificados em sedimentos continentais, que são subdivididos em fluvial, lacustre ou lagunar, desértico, leque aluvial e glacial, e sedimentos marinhos, que, de acordo com a profundidade da zona que ocupam, podem ser do tipo nerítico, batial ou abissal.
     Segundo o tipo, podem ser classificados em clásticos, químicos e orgânicos. Os sedimentos clásticos são constituídos por fragmentos desagregados das diversas rochas pré-existentes (vulcânicas, metamórficas ou mesmo sedimentares) que, transportadas para outras regiões, são depositados em camadas (estratos). Distinguem-se: macroclásticos (psefitos e psamitos, do grego psephis, seixo e psamos areia) e microclásticos (pelitos, do grego pelos, lama). Os psefitos constituem-se de seixos, isto é, grãos maiores que os de areia; os psamitos, de grãos do tamanho dos de areia e os pelitos, de grãos do tamanho dos de silte e argila.

Classificação Granulométrica dos Sedimentos Clásticos


Diâmetro (mm)
Wentworth
Diâmetro (mm)
Atterberg
Matacão
> 256
> 200
Bloco
64 - 256
20 - 200
Seixo
4 - 64
2 - 20
Grânulo
2 - 4

Areia grossa
1/4 - 2
0,2 - 2
Areia fina
1/16 – 1/4
0,02 – 0,2
Silte
1/256 – 1/16
0,002 – 0,02
Argila
< 1/256
< 0,002

     Os sedimentos químicos são aqueles originados da precipitação de solutos, graças á diminuição da solubilidade ou graças á evaporação da água. Quando se verifica este fenômeno o sedimento recebe o nome de evaporito. Os sedimentos químicos formados graças á diminuição da solubilidade são mais comumente os carbonatos, que se precipitam graças ao aumento de temperatura e conseqüente desprendimento de gás carbônico, responsável pela solubilidade dos carbonatos, ex: Halita (NaCl), Calcita (CaCO3). Os sedimentos orgânicos são formados pela transformação dos restos de seres vivos, vegetais e animais. O carvão de pedra e a turfa, por exemplo, são o resultado da transformação das grandes florestas que existiam na Terra, durante o período Carbonífero (há 345 milhões de anos).

2. Ambientes de Sedimentação

Sedimentos Continentais

Fluvial: Diminuindo a velocidade de um rio, graças ao menor declive existente nas regiões médias e inferiores, diminuirá também a sua capacidade transportadora, iniciando-se então a sedimentação do material transportado. Deve ser lembrado que o diâmetro dos detritos mais grosseiros, da mesma densidade, transportados por uma corrente, varia aproximadamente com o quadrado da sua velocidade, isto é, se a velocidade dobrar, o diâmetro máximo de um seixo que pode ser transportado será em volta de quatro vezes maior. Esta relação não se aplica às partículas menores que as areias, cujo diâmetro é de 2mm no máximo.
Agente: Água
Textura-Granulometria: Argila até Matacão
Estrutura: Estratificação plano-paralela
Rocha Sedimentar: Conglomerado

Lacustre ou Lagunar: Como podemos comprovar ao estudar a sedimentação marinha, os lagos são em muitos aspectos sedimentares reproduções do mar em escala reduzida. Em primeiro lugar, tem os mesmos tipos de sedimentos: detríticos ou clásticos, formados por fragmentos de outras rochas; químicos e bioquímicos, formados por precipitação de íons, induzida ou não por organismos; e orgânicos, que são restos de seres vivos. Igualmente se assemelham na existência de deltas, de ondulações sedimentares submarinas e de correntes de turbidez que circulam por seu fundo. Outras características, como a precipitação de sais, são ao contrário típicas de certos lagos.
Do ponto de vista sedimentar existem dois tipos de lagos:
- Lagos com sedimentação predominantemente detrítica e orgânica: tem um ou mais deltas que jogam sedimentos detríticos (seixos, areias, limos) nas bordas, mas também ocasionalmente ao centro mediante correntes de turbidez. Outra fonte de detritos finos no centro da bacia é a decantação das partículas que chegam em suspenção na água fluvial, a qual não se misturam imediatamente com a lacustre. Estas argilas do fundo costumam armazenar sulfetos e matéria orgânica (que podem chegar a formarem locais de carbono e petróleo, devido ao caráter redutor das águas profundas. A causa deste fenômeno químico é que as águas do fundo do lago, frias e por isso densas, se misturam pouco com as superficiais aquecidas pelo Sol. Os restos de seres vivos caem ao fundo e sua decomposição absorve todo o oxigênio da água.
- Lagos salinos: Em um lago, os sais precipitam a favor de algum dos seguintes processos:
- concentração por evaporação
- perda de gases (como CO2)
- mistura de águas
- mudança de temperatura
Do ponto de vista químico se distinguem os lagos de carbonatos dos lagos de sulfatos e cloretos. Do ponto de vista geológico se distinguem três tipos de lagos salinos: perenes e profundos (como o Mar Morto); perenes e rasos; e efêmeros e rasos, chamados também lagos do tipo praia (não confundir com praias costeiras). Precisamente são praias os lagos que costumam ficar no centro das zonas hiperáridas fechadas denominadas bacias sedimentares.
Agente: Água
Textura-Granulometria: Argila, Silte e Areia
Estrutura: Estratificação
Rocha Sedimentar: Arenitos e Siltitos

Desértico: Diminuindo a velocidade do vento, inicia-se a sedimentação das partículas segundo o seu tamanho, tendo em vista a uniformidade da densidade das partículas, predominantemente quartzosas. Primeiro os grãos maiores, passando para os menores. A diminuição da velocidade do vento é normalmente provocada por obstáculos diversos, como vegetais, blocos, etc. Atrás destes obstáculos o vento forma turbilhões e diminui de velocidade, provocando com isso a sedimentação, principalmente da areia de diâmetro de 0,1 a 1mm, aproximadamente, enquanto que as partículas menores se sedimentam depois pelas chuvas ou neves nas épocas de calmarias. Citam-se mesmo chuvas de barro e neves coloridas pelas poeiras, tal a quantidade de detritos aéreos aglutinados e depositados por estes agentes atmosféricos. As partículas menores que 50 mícrons são levadas pelo vento, pois sua velocidade de queda livre sofre uma brusca diminuição em relação às partículas maiores. Aos depósitos formados, graças ao vento, dá-se a designação de depósitos eólicos. Sua natureza é variável, podendo provir de explosões vulcânicas, de áreas periglaciais, de praias marinhas ou fluviais, de regiões áridas, sendo estas as de maior importância para a geologia, ou mesmo de regiões facilmente suscetíveis á deflação. Sendo o vento constante numa determinada direção, haverá uma deposição contínua, dando origem a elevações de forma regular e característica que recebe o nome de duna. Assim, uma das categorias de duna é a que se forma graças a obstáculos existentes no percurso do vento. Uma segunda categoria de duna, quanto á sua origem, é formada sem a intervenção de obstáculos. São tidas como as dunas verdadeiras.
Agente: Vento
Textura-Granulometria: Areia
Estrutura: Estratificação Cruzada
Rocha sedimentar: Arenito

Leque aluvial: Os primeiros sedimentos fluviais formam-se geralmente no sopé das montanhas, recebendo a designação de depósito de piemonte. São também chamados de cones ou leques aluviais, possuindo a forma aproximada de um leque, pelo motivo de se espalharem morro abaixo. Possuem litologicamente as mesmas características do tálus, com a diferença de terem já sofrido pequeno transporte pelas águas correntes. Se este material for litificado, receberá a denominação de fanglomerado. Em regiões semi-áridas, graças á ausência ou quase ausência de decomposição química, pose assemelhar-se a um tilito, também pela heterogeneidade granulométrica dos constituintes e falta de estratificação.
Agente: Gravidade
Textura-Granulometria: Argila
Estrutura: Estratificação
Rocha Sedimentar: Argilito

Glacial: Entre as diversas características dos sedimentos glaciais, a de maior interesse, por ser comum a quase todos eles, é a quase que total ausência de alteração química pelo intemperismo. Outra característica interessante é a presença de estrias nos seixos que são facetados, em vez de esféricos. Sabemos que quanto mais elevada for a temperatura, mais rápidas serão as reações químicas responsáveis pelo intemperismo. Estas são, pois, praticamente ausentes num ambiente glacial, fato de importância no reconhecimento de um antigo sedimento glacial. Os minerais facilmente decompostos em climas quentes, como os feldspatos e os máficos, são encontrados com freqüência entre os sedimentos glaciais. O material fino nada mais é do que o produto da pulverização mecânica das rochas, não ocorrendo os argilo-minerais.
Tilito: rocha endurecida formada pelo acúmulo dos detritos levados por uma geleira.
Varvitos: depósito de sedimentos que forma uma camada diferenciada. O termo costuma ser usado para definir os depósitos formados em lagos situados às margens de geleiras.
Agente: Gelo
Textura-Granulometria: Argila até Matacão
Estrutura: Estratificada e Maciça
Rocha Sedimentar: Argilito/Siltito, Arenito, Conglomerado
  
Sedimentos Marinhos

     A subdivisão das regiões dos mares baseia-se principalmente no critério da profundidade, declividade e da distância do afastamento da costa. Segundo as profundidades podemos distinguir as seguintes zonas nos oceanos:
Região litorânea: a profundidade da água é de poucos metros, compreendendo a zona atingida pela alta e baixa maré. A extensão varia, evidentemente, com a declividade da costa. Esta pode ser desde vertical, sendo neste caso pequena a região litorânea, até quase horizontal, havendo uma grande extensão ora coberta, ora descoberta pelo mar. No contato direto do mar com o continente são intensas as atividades construtivas e destrutivas do mar.
Região nerítica: É delimitada pela profundidade de cerca de 200m (plataforma continental), havendo íntima relação das relações do continente, com respeito ao clima, vida, topografia, etc., com a sedimentação e condições de vida nesta zona do mar. É de grande importância, nas ciências geológicas, o estudo da região nerítica, pois os sedimentos marinhos do passado em sua grande maioria foram formados nesta região, inclusive sedimentos petrolíferos.
Região batial: É delimitada comumente pela profundidade de 1000 metros, havendo nesta região vida bem reduzida, nas suas partes profundas.
Região abissal: Possui profundidades superiores a 1000 metros. A vida é escassa e pouco conhecida; ocorrem peixes de aspecto exótico, muitas vezes fosforescentes, adaptados ás condições de escuridão absoluta e de grande pressão hidrostática. O único alimento constitui-se de restos mortos provindos das regiões superiores. A sedimentação principal constitui-se de restos de esqueletos ou de lama continental finíssima, assunto a ser encarado na sedimentação marinha. Denomina-se região pelágica a que se acha afastada da região nerítica. Abaixo encontram-se as regiões hemipelágicas e eupelágica. A importância da região pelágica reside no fato de tratar-se do local de maior intensidade de vida, o fator de maior importância na sedimentação marinha.

Fontes Consultadas: Geologia Geral. Viktor Leinz

quarta-feira, 20 de março de 2013

Plano da nova malha ferroviária do Estado


Diversas lideranças empresariais e políticas participaram da discussão, na busca de um ponto de partida para viabilizar as ferrovias Litorânea e Leste-Oeste. Na ocasião, o governador Raimundo Colombo lembrou que há setenta anos não existe investimento em ferrovias e o prejuízo por esse erro é muito grande. O importante é que do encontro foi criada definitivamente a consciência de o Estado precisa de uma malha ferroviária como alternativa logística. Enquanto no Brasil 25% de toda a carga transportada é feita por trens, em Santa Catarina esse número não passa de 5%. Com a ausência das ferrovias o Estado perde mais de R$ 32 bilhões por ano, apenas com a ausência de duas ferrovias: uma litorânea integrando os portos e a outra fazendo a ligação da região Oeste com o Leste do Estado.
  
O novo sistema ferroviário

A Ferrovia Litorânea está com seus estudos em fase final, o projeto básico completo está previsto para junho e o projeto executivo para dezembro. Quando concluída, ela vai ligar Imbituba a Araquari, com 263 quilômetros de trilhos, conectando as ferrovias da América Latina Logística (ALL) e FTC, além de quatro portos catarinenses. A Ferrovia Leste-Oeste está menos avançada. Apesar de também já estar incluída no PAC 2, porque seu traçado definitivo ainda não está aprovado. Ela vai ligar a cidade de Chapecó ao Porto de Itajaí, criando uma importante “espinha dorsal” para a exportação dos produtos da agroindústria do Oeste catarinense, que também poderá servir para levar milho e farelo de soja, para baratear a produção de suínos e frango na região.

Fonte: http://paulochagas.net. Acesso em 20/03/2013

Fonte: www.sc.gov.br

terça-feira, 19 de março de 2013

Mudanças geoeconômicas no capitalismo da segunda metade do século XX


RESUMO

Análise da evolução da economia mundial entre a Segunda Grande Guerra e o final do século vinte observando os efeitos geográficos a ela relacionados.

Dois processos de grande impacto:

a) crescimento e desarticulação da economia americana e a concomitante emergência competitiva da Ásia Oriental;
b) tentativa de reafirmação dos Estados Unidos e suas repercussões sobre: o padrão de localização dos investimentos asiáticos; a organização do espaço urbano e regional desses países; os fluxos internacionais de comércio e capital, todos concorrendo para a recente crise econômica asiática.

Introdução

Três processos principais observados na economia mundial na segunda metade do século XX:

a) perda de capacidade competitiva da economia norte-americana a partir do final dos anos sessenta, com tentativa de recuperação desde meados dos anos 80;
b) emergência de novas regiões e/ou países industriais com forte poder competitivo, com destaque para a Ásia Oriental, que, todavia foi tomada por violenta crise no ano de 1997;
c) processo de internacionalização financeira e, imbricado a ele, avanço das políticas orientadas pelo livre jogo das forças de mercado, afetando diversos países.

A análise desse conjunto de mudanças requer, pois que se atente quanto aos aspectos metodológicos para duas noções principais:

a) a noção de dinâmica cíclica do desenvolvimento capitalista, ancorada na perspectiva schumpeteriana dos ciclos tecnológicos de longa duração (os Kondratieffs, de 50 anos);
b) a noção de formação econômico-social, tributária do pensamento marxista e condição sine qua non para apreensão das especificidades e determinações nacionais e/ou regionais da redefinição geoeconômica em curso.

Expansão e crise da economia norte-americana

É preciso avaliar as condições setoriais desse crescimento ao longo do referido ciclo, notadamente dos setores de bens de consumo duráveis, bens de produção (em especial intermediários) e aqueles ligados as compras estatais (ou ao Keynesianismo bélico, na expressão de Tavares & Melin, 1997). É isso que nos permitirá entender o desenvolvimento tecnologicamente desigual do capitalismo americano.
Com efeito, depois de promover uma ampla revolução no consumo de massa na primeira metade deste século (Castro, 1979), lançando os rudimentos do que ficou conhecido como padrão fordista de crescimento, marcado, pois por um largo acesso dos trabalhadores aos bens de consumo duráveis.

As soluções encontradas para tais limitações ao crescimento no setor dos duráveis de consumo seguiram dois caminhos principais:

- Por um lado, fora possível contar com inovações de produtos importantes que dinamizaram sobremaneira o setor.

- Porém as linhas de resistência ao crescimento dos duráveis de consumo foram também rompidas através de um movimento de exportação de capitais, marcado por fortes investimentos externos diretos ao continente europeu, uma linha de ruptura, diga-se, não tão dinâmica tecnologicamente.

Significa apenas uma mudança “de superfície”, sem grandes alterações tecnológicas na estrutura produtiva. (Mamigonian, 1982) chamou de crescimento extensivo (obsolescência dos produtos, multinacionalização, etc.) da economia americana, por oposição a um crescimento de corte mais intensivo, ditado pelo dinamismo tecnológico.
No caso do movimento de exportação de capitais, a perda de dinamismo parece, porém, condicionada igualmente as determinações das formações sociais onde vão ocorrer os investimentos.

A Ásia Oriental: emergência competitiva das mais recentes industrializações tardias

A desaceleração tecnológica e a perda de dinamismo competitivo de importantes setores da economia americana estiveram associadas com a adesão aos princípios do livre mercado (a quase completa ausência de mecanismos institucionais que enquadrassem a empresa privada na consecução de objetivos macroeconômicos).
A industrialização e a crescente competitividade asiática é ininteligível se não atentarmos para o papel do Estado e de diversos mecanismos institucionais que literalmente negam a ação dos mercados e da empresa privada.

Crise da Ásia (ou tentativa de reafirmação da hegemonia americana?)

Políticas de reafirmação econômica e geopolítica implementadas pelos EUA desde há aproximadamente um quarto de século.
É imperioso admitir também que a ação especulativa internacional desses agentes (no mercado de ações, de títulos imobiliários, etc) é em boa medida o resultado de políticas específicas da potência norte-americana com o objetivo de se reposicionar no cenário econômico mundial (Tavares e Melin, 1997).

A crise: periodização de seus determinantes e efeitos geográfico-econômicos

Após o estouro da grande crise mundial da primeira metade dos anos setenta, os Estados Unidos conheceram três grandes períodos de política econômica.
A segunda metade dos anos setenta, marcada pelo governo Carter, teve por característica básica uma administração Keynesiana da crise, favoreceu um forte crescimento econômico que permitiu aos EUA enfrentar com algum sucesso o problema do emprego no período (Lipietz, 1988). Outrossim, tal expansão significou alimentar a economia mundial, fornecendo mercado, por exemplo, para a expansão japonesa e também para diversos capitalismos tardios do Terceiro Mundo mas, principalmente significou lançar nas áreas da OPEP, os recursos que vão dar lugar aos chamados petrodólares.
Todavia, a partir do final dos anos setenta, a elevação das taxas anuais de inflação  para qual contribui o segundo choque do petróleo associada ao retorno do partido republicano ao poder parece ter motivado uma mudança de rota importante, cujo efeito sobre a economia mundial será de grandes proporções.

O estopim da crise

Ora, todos esses elementos que concorreram para a redefinição geográfico-econômica que vimos tratando (mudanças nos fluxos financeiros e comerciais, na localização dos investimentos industriais, na estruturação do espaço urbano e regional), são os mesmos que ajudam a entender a violenta crise capitalista de 1997, que tomou de cheio parte importante da Ásia Oriental e acabou se projetando mesmo sobre a Europa do leste e o Brasil.

Dois elementos cruciais deflagradores da crise asiática, manifestado em fortes saldos externos negativos (comerciais e de todo o balanço de pagamentos) e/ou na derrubada dos mercados acionários por efeitos de ataques especulativos. São eles:
a) uma forte superprodução de bens industriais;
b) uma violenta crise do sistema bancário regional.

Conclusão: o milagre da Ásia acabou?

Mesmo os países que foram tomados por ataques especulativos não estão fadados a sucumbir economicamente, como querem fazer crer os acólitos do mercado de todos os quadrantes. Com efeito, a crise foi essencialmente especulativa e de excesso de capitais. Por baixo desse processo há em cada país industrialmente bem sucedido da região, uma base produtiva altamente moderna, e que ademais conta, entre seus principais ativos competitivos, com práticas de produção e gestão acumuladas por um longo tempo de aprendizagem (Amsden, 1990; 1996).

segunda-feira, 18 de março de 2013

Cartografia na Escola: Cartografia e novas tecnologias

Autora: Tânia Maria Sausen
Fonte: Disponível em: http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2003/ce/pgm5.htm - acessado em 08/07/2004.
Mensagem Principal: A cartografia e as novas tecnologias podem auxiliar professores e alunos nos estudos geográficos e ambientais tornando o processo de ensino-aprendizagem mais interessante ao trabalhar determinados assuntos do espaço geográfico do aluno.

RESUMO

Atualmente as avançadas tecnologias tomaram a cartografia digital em um instrumento valioso nos estudos geográficos e ambientais. Hoje é possível adquirir imagens por meio de aparelhos chamados de sensores remotos. Estes aparelhos permitem obter à distância as informações sobre um alvo qualquer.  Os primeiros sensores remotos desenvolvidos foram as câmeras fotográficas. Hoje os sensores são colocados a bordo de aeronaves gerando a fotografia aérea. O primeiro satélite de sensoriamento remoto foi construído pelos nortes americanos e lançado em junho de 1972, com o nome de LANDSAT. Atualmente há vários satélites de sensoriamento remoto, inclusive o Brasil, conjuntamente com a china em 2000 desenvolveu e lançou um satélite. As qualidades da imagem dos sensores remotos estão se aproximando da fotografia aérea. Várias pesquisas e grandes progressos acontecem na área do meio ambiente através do uso dos satélites de sensoriamento remoto, pois através desta tecnologia pode-se atualizar a cartografia existente, desenvolver mapas, monitorar desastres ambientais e desmatamentos, realizar estudos sobre correntes oceânicas, preservação, impactos, agricultura, entre outros. O sensoriamento remoto também pode ser usado como material didático em sala de aula trabalhando sobre determinados assuntos do espaço geográficos do aluno: aspectos físicos, humanos, econômicos, distribuição do espaço, uso do solo, inundações, preservação e caracterização dessas áreas correlacionando os aspectos físicos com os humanos. Nos últimos tempos também a multimídia está sendo um meio usado para a transmissão de informações. Muitas pesquisas ainda estão sendo feitas a sim de desenvolver aplicações específicas de multimídia no ensino. Alguns jogos de computador podem ser usados para o ensino da geografia. Um destes dava pistas para que o usuário localizasse a personagem, além disso, deveria responder questões sobre capitais de vários países, para vencer, o jogador teria que conhecer várias capitais. Num destes jogos como o Sim City, o jogador lida ao mesmo tempo com a vista área da cidade e com mapas, permitindo assim a compreensão de múltiplos pontos de vista da cidade.  Há outro, o Sim Earth que simula diferentes aspectos de um planeta e mostra que vida, clima, atmosfera e outros elementos compõem um sistema onde a alteração de um elemento pode afetar todos os outros. Enfim, com o auxílio da informática nossas possibilidades de ensino da geografia e outras disciplinas surgem. O uso de jogos é interessante e pode ser explorado em sala de aula, pois desperta maior interesse nos alunos. Embora a internet brasileira seja ainda carente de sites específicos, a utilização dos recursos já existentes abre caminhos para a reflexão, análise e desenvolvimento de aplicações adequadas à realidade e necessidade dos alunos e professores.

Geografizando o jornal e outros cotidianos: Práticas em geografia para além do livro didático.

Autor: Nestor André Kaercher.
Fonte: Ensino da Geografia: Práticas e textualizações no cotidiano. Editora Mediação. Porto Alegre, 2000, p. 134-169.
Mensagem Principal: Mostrar que outros materiais, como por exemplo, o jornal pode auxiliar o professor na elaboração de uma aula mais interessante para o aluno ao perceber o espaço geográfico no seu cotidiano.

RESUMO

O texto busca mostrar o cotidiano, a atualidade e importância da geografia, através de questões que podem ser obtidas em jornais e que podem contribuir para a percepção do espaço no dia-a-dia. Retrata questões tratadas pelos professores tratadas em sala de aula. Muitos destes pensam que dar aula é apenas seguir o livro didático, o que não é verdade, pois várias atividades podem ser construídas em conjunto com os alunos, através de exemplos do cotidiano muitos assuntos  podem ser mais bem entendidos pelos alunos. O professor pode inovar e questionar junto com o aluno questões que são impostas a nós como verdades, como notícias veiculadas em jornais, revistas, televisão entre outros para que juntos construam mais conhecimento. O autor apresenta alguns passos metodológicos que podem auxiliar professores nas atividades em sala de aula:  1) Ouvir os alunos, 2) Sistematizar no quadro e no caderno as suas discussões; 3) Criar polemicas e duvidas sobre o que diz e o que se ouve;  4) Sistematizar no quadro e no caderno essas novas “descobertas”; 5) Produzir surpresas.
É necessário que o professor estimule o aluno para a aprendizagem, provocando-o com questões novas e fazendo questionamentos sobre os fatos da realidade, para que esse fique curioso e desperte o interesse. Deve questionar o porquê das coisas, para que nas entrelinhas os alunos percebam que nem tudo que parece é mesmo verdade, que quase sempre há interesses econômicos por detrás de discursos de ordem. Enfim, as reportagens de jornais podem levar à discussões de inúmeras questões. Um exemplo citado pelo autor é a questão das terras no Pará. Esta questão traz uma serie de pontos que podem ser debatidos em sala de aula, como por exemplo: diferentes grupos que vivem nestas terras, o MST, fazendeiro e agricultores, subsistências, especulação financeira, queimadas, diversidade, problemas ambientais, indígenas entre outros. As praticas e experiências do autor são apresentadas no texto, mostrando as varias possibilidades para o estudo do espaço geográfico e para a produção e não reprodução de informações. Através de atividades como, pesquisa de preços dos produtos alimentícios pelos alunos, pode-se discutir a inflação, o salário mínimo, fome, desemprego, lucros dos vendedores, entre outros. Para o estudo das mudanças do espaço geográfico, das tradições, da natureza, dos meios de transporte e comunicação entre outras mudanças acontecem no decorrer do tempo, pode-se sugerir aos alunos pesquisas com pessoas idosas, a fim de comparar os dados com os atuais. Enfim, varias atividades podem ser realizadas em sala de aula com auxilio de outros materiais que não seja o livro didático, pois atividades praticas só vem acrescentar a aprendizagem dos alunos e a construção de conhecimentos pelos mesmos, assim como o interesse pelas aulas tornará muito mais divertido aprender.

Projeções Cartográficas


Autor: Paulo Araújo Duarte
Fonte: Fundamentos de Cartografia. Editora da UFSC. Fpolis 2002. Pág. 83 a 114.
Mensagem principal: Existem diversos tipos de projeções cartográficas, cada qual possuindo determinadas características que fazem com que os mapas estejam certos e errados ao mesmo tempo, assim cada tipo de projeção cartográfica atenderá a determinadas finalidades ou efeitos que se pretende alcançar no desenho dos mapas.

RESUMO

     Com o passar do tempo surgiu a necessidade de obter resultados cartográficos com o maior rigor científico possível, tendo-se duas formas principais de representar a superfície terrestre: globos e mapas, sendo o globo o modo mais fiel de representar a. Terra por ter o formato original. Os globos e mapas apresentam algumas vantagens e desvantagens que justificam o seu uso:
- o globo não permite uma visão de toda a superfície terrestre ao mesmo tempo enquanto o mapa permite.
- o globo permite gerar e escolher qualquer ponto como centro, o que não se pode fazer com os mapas, pois estes são fixos.
- os globos apresentam grande dificuldade de manuseio como obter cópias, medidas e transportes, os mapas não.
- os globos têm seu custo mais elevado em comparação aos mapas.
- os globos pra que fiquem num tamanho razoável precisam representar a terra num tamanho muito pequeno o que leva a generalização.
Definição de projeção cartográfica: Traçado sistemático de linhas numa superfície plana, destinado à representação de paralelos de latitude e meridianos de longitude da terra ou parte dela. Pode ser construído mediante cálculo analítico, ou traçado geometricamente. Frequentemente referido como projeção, o termo completo é aconselhado, a não ser que o contexto indique claramente o significado (Oliveira 1983).
Uma projeção cartográfica é a base para construção de mapas, pois ela se constitui numa rede de paralelos e meridianos, sobre a qual os mapas poderão ser desenhados. No entanto, os modos de obtenção desta malha de linhas são os mais diversos, cada qual gerando certas distorções e evitando outras.
Existem diversos tipos de projeções pressionando a Terra sobre um plano partindo o globo em vários lugares, tais como:
- Projeção de Mercator: provoca grandes deformações superficiais nas altas latitudes;
- Projeção eqüidistante;
- Projeção circunscrita na figura de um cubo;
- Projeção cilíndrica equivalente: provoca grandes deformações nas altas latitudes além de achatar as regiões polares;
- Projeção senoidal: procura manter as dimensões superficiais reais, deformando a fisionomia;
- Projeção borboleta: a referência da preferência aos continentes interrompendo as massas de água;
- Projeção homalográfica de Mollweide: procura manter as superfícies em verdadeira grandeza, alterando a fisionomia das regiões.
Nenhum mapa é perfeito, todos eles possuem determinadas propriedades que fazem com que se conheça conforme o tipo de projeção, as deformações ocorridas.
As projeções da rede geográfica são feitas em três tipos de superfície: cilindro, cone e plano, sendo a projeção dos paralelos e meridianos feita na parte interna do cilindro, do cone ou diretamente na superfície plana. Quando a superfície terrestre é desenhada em projeções cartográficas diferentes, assume as características do sistema adotado, apresentando deformações em alguns pontos e mantendo-se fiel em outros.
Então um mapa nunca será em sua totalidade, a representação perfeita da superfície terrestre.
Algumas propriedades são importantes na confecção dos mapas:
- manter inalteradas as grandezas dos ângulos, neste caso as projeções são denominadas Conformes.
- conservar a relação entre as áreas da superfície terrestre com as representadas no mapa, neste caso a projeção é denominada de Equivalente.
- conservar inalterada a relação entre os comprimentos medidos e certas direções, esta propriedade é denominada Eqüidistância.
Portanto, equivalência, conformidade e eqüidistância são propriedades gerais das projeções cartográficas, as quais podem ser obtidas variando-se o tipo e a posição da superfície de projeção (plano, cone ou cilindro).
Ainda existe o sistema UTM (Universal Transversa de Mercator) que na verdade não é uma projeção cartográfica, mas um sistema baseado na Projeção tranversa de Mercator, a finalidade era determinar as coordenadas retangulares nos mapas militares de grande escala.

Um pouco da história dos mapas

Autor: Paulo Araújo Duarte
Fonte: Fundamentos de Cartografia. Editora da UFSC. Fpolis, 2002. Pág. 19 a 46.
Mensagem principal: Entender que o mapa é uma produção cultural de cada povo e não um simples instrumento de localização sendo, pois um precioso instrumento de representação da Terra.

RESUMO

         Há tempo que o homem vem utilizando-se da confecção de mapas como meio de armazenamento de conhecimentos sobre a superfície terrestre a fim não só de conhecer como também de racionalizar o uso do espaço geográfico. Em tempos passados os mapas eram guardados em segredos, pois podiam indicar os caminhos da fortuna do pequeno mundo conhecido.                                                   
Mapa, um produto cultural de cada povo: os mapas representam uma forma de saber, um produto cultural dos povos e não uma mera difusão tecnológica. Cada cultura exprime sua particularidade cartográfica, mesmo os produtos cartográficos mais modernos, baseados no uso de satélites e informática não deixam de ser construções sociais. Os mapas podem também, em certos casos exprimir uma visão ideológica do mundo, como os mapas encontrados da Europa pré-histórica, elaborado por arqueólogos nazistas provando a distribuição dos germanos na Grécia e na Escandinávia.
Mapas antigos: um dos mapas mais antigos foi encontrado na mesopotâmia sendo uma pequena placa de barro provalvemente representando esta região. Outro mapa rudimentar é atribuído aos indígenas das Ilhas Marshall feita com tiras de palha e conchas. No norte da Itália também foram encontrados mapas rupestres, alguns deles apresentando componentes da paisagem agropastoril. Em outros países também foram encontrados mapas como na Turquia e na Índia.
Mapas e religiosidade: os mitos e preceitos religiosos também influenciaram a cartografia. O ponto central dos mapas também tem sido outra questão bastante explorada na confecção dos mapas nas diversas culturas.
Mapas Chineses: a cartografia chinesa já era bastante desenvolvida muito antes da Europa começar a fazer trabalhos neste campo do conhecimento. Os mapas antigos chineses comprovavam a preocupação dos governantes em mapear as riquezas naturais. Um dos nomes mais respeitados na cartografia chinesa é de Pei Hasiu (224 a 273 d.C.) e do almirante Zheng He (1371 a 1433 d.C.).
Influência grega na cartografia: os gregos tiveram importância no desenvolvimento da cartografia ocidental estabelecendo as bases científicas da moderna cartografia. Eles definiram as linhas da rede geográfica: Equador, Trópicos, Círculos polares e Meridianos. Os nomes mais importantes foram Anaximandro de Mileto, Hecateu e Erastóstenes.
Idade Média, a cartografia também decai: a partir de Ptolomeu, temos um período de decadência. A cartografia cristã da baixa Idade média nega a esfericidade da Terra, outro exemplo é o estilo simples e simétrico imposto aos mapas como os Orbis Terrarum. Ainda na Idade média começa a circular na Europa um tipo de mapa mais científico e utilitário, o porlulano.
Gerhard Mercator um novo Ptolomeu?: A cartografia européia desenvolveu-se, sobretudo a partir do Renascimento e das grandes navegações que exigiram mapas. Um dos cartógrafos mais importantes da Europa foi o belga Gerhard Mercator (1512 a 1594) com a invenção de uma projeção cartográfica com meridianos retos e eqüidistantes e paralelos também retos, porém cada vez mais espaçados entre si na direção dos pólos.
França destaque para a família Sanson: Os Sanson publicaram muitos mapas e Atlas influenciados pela cartografia de Mercator.
Portugal e as origens da cartografia no Brasil: A cartografia inicial teve influência portuguesa tendo um caráter marítimo sendo depois modificado pela vinda da família real e o estabelecimento de novas bases cartográficas.
Maias e Astecas: Os maias e os astecas possuíam uma rica tradição cartográfica, ainda que fossem encontrados em boa parte dos mapas exagero na representação de certos elementos provalvemente para realçar a importância.
Árabes: Os árabes se destacaram no passado principalmente na época do retrocesso europeu no Período da Idade média, sobretudo pelos estudos e aprimoramentos das obras gregas. Uma das obras mais importantes da cartografia árabe é um Atlas do mundo conhecido do famoso cartógrafo al-Idrisi (séc.XII).    

sábado, 16 de março de 2013

O mistério do planeta vermelho


Autor: Euripedes Alcântara
Fonte: Revista Veja on-line – <http://www2.uol.com.br/veja/idade/em_dia/marte_capa.html> 
Mensagem principal: A possibilidade de vida fora da Terra após estudos em um meteorito proveniente de Marte contendo traços de atividade bacteriana.

RESUMO

A Nasa anunciou que descobriu evidências de vida em Marte após analisar um meteorito encontrado na Antártida em 1984. O meteorito continha amostras da atmosfera e traços de atividade bacteriana que teriam existido em Marte a bilhões de anos e por se encontrar no interior da rocha esta descartada a contaminação por organismos terrestres.
O meteorito foi batizado de ALH84001, a sigla o identifica como tendo sido o primeiro a ser encontrado na região de Allan Hills, na Antártida, no ano de 1984. A comprovação de que o meteorito provinha de Marte se deu ao comparar a atmosfera de Marte obtida pela sonda Viking com amostras de gases contidas em bolhas no interior do meteorito e análise da composição química da rocha que comprovou que era proveniente de Marte.
Com as pesquisas da Nasa surgiram novas teorias sobre o surgimento da vida, segundo Mônica Grady, especialista do Museu de História Natural, a vida teria surgido sem a presença de oxigênio ou luz do Sol em fontes hidrotermais ricas em compostos sulfúrico aquecida por vulcões, substituindo dessa forma a teoria da sopa primordial de aminoácidos bombardeada por raios, assim os planetas considerados inóspitos poderiam exibir alguma forma de vida. "Apenas os traços de material orgânico são insuficientes para levantar a hipótese de vida extraterrestre. Já se sabe que tais traços costumam aparecer nas rochas trazidas da Antártida e que permanecem muitos anos nas prateleiras dos laboratórios", diz Ian Franchi, pesquisador da Open University, de Londres. O meteorito ALH84001 ficou doze anos numa prateleira antes de ser estudado pela equipe da Nasa. "Sei que temos de provar a existência de paredes celulares no meteorito e essa é justamente a próxima etapa do nosso experimento", reconheceu David McKay na sexta-feira.
O artigo divulgado sobre o meteorito mais parece um golpe de publicidade para angariar recursos do que um achado científico a começar pelo título: "Em busca de vida primitiva em Marte: possíveis relíquias de atividade biogênica no meteorito marciano ALH84001".
Certezas e dúvidas: O que os cientistas já têm comprovado sobre o meteorito e o que ainda falta esclarecer. Certeza absoluta de que a rocha é proveniente de Marte. Quando foi achada na Antártida, ela continha encapsuladas amostras da atmosfera marciana que conferem perfeitamente com as medições feitas em Marte em 1970 pela sonda americana Viking. Quase certeza de que as marcas são de bactérias. Áreas do meteorito estão cobertas por glóbulos de carbonato que podem ou não ter origem biológica. Aparecem no microscópio eletrônico num padrão mais compatível com a vida bacteriana.
Dúvida com relação a origem das bactérias. A Nasa diz que rachaduras produzidas há milhões de anos separam ao meio os sinais de vida bacteriana. Ou seja, eles seriam anteriores à queda na Terra. Muitos acham a prova inconsistente. Dúvida total com relação a existência de bactérias fossilizadas na rocha. A Nasa acha que há mais do que sinais do metabolismo bacteriano. Certas texturas seriam as próprias bactérias marcianas fossilizadas. Cientistas independentes não acreditam nisso.

A fascinante busca por vida fora da Terra

Autor: Vinícius Romani
Fonte: Revista Os caminhos da Terra, nº 10, p. 45-55
Mensagem principal: Encontrar planetas telúricos em outros sistemas solares com capacidade de hospedar vida.

RESUMO

Os astrônomos procuram planetas telúricos semelhantes ao nosso em outros sistemas solares em busca de vida sendo que planetas gasosos já foram encontrados orbitando em torno de outras estrelas. A missão Corot busca indícios de vida fora da Terra e quem sabe sinais de vida extraterrestre inteligente. A Agência Espacial Européia (ESA) planeja para 2014 o lançamento da missão Darwin para estudos sobre a presença de atividade biológica nos planetas achados pelo Corot. A Nasa planeja enviar duas missões com objetivos semilares: a Kepler e a Terrestrial Planet Finder.
Química misteriosa: Ao procurar vida fora da Terra a grande dificuldade encontrada pelos cientistas é definir o que seja vida, pois só conhecem um tipo, a terrestre. A definição mais adotada é de que a vida é um sistema químico capaz de evoluir usando o processo de seleção natural, com transmissão de características aos seus descendentes, neste conceito estão implícitas atividades como metabolismo e reprodução. Se este for o conceito, a vida no universo só pode se desenvolver a partir de moléculas de carbono, visto que são elas que formam as cadeias de aminoácidos que formam em última análise o DNA, que armazena o código genético das espécies.
Explosão de vigor: O átomo base para o desenvolvimento da vida seria o carbono por se ligar com todos os átomos que cruzam seu caminho além de ser um dos elementos mais abundantes do universo. Para completar a receita seria necessário a presença de água por ser um solvente perfeito além do hidrogênio e o oxigênio serem encontrados em toda parte. Além disso, os planetas candidatos teriam que se situar em zonas de temperatura que atendam a seguinte exigência, nem muito próximo da estrela fazendo evaporar a água, nem muito longe fazendo congelá-la.
Digital luminosa: A existência de vida pode ser inferida pelo tipo de luz que o planeta emite, visto que as substâncias orgânicas emitem um tipo de luz com freqüência especial, se for encontrado um planeta na zona habitável que emitam freqüências luminosas compatíveis com a presença de substâncias como água, gás carbônico, ozônio e enxofre, é possível que possua vida.
Há evidências de que a vida é um subproduto das estrelas, já que nos últimos anos os astrônomos têm coletado largas moléculas de aminoácidos, a matéria orgânica que compõe os seres vivos, sobre os meteoros ou na poeira cósmica interestelar.
Somos marcianos?: As pesquisas especulam sobre a origem da vida em outro planeta, o candidato mais provável é Marte, pois acredita-se que há 5 bilhões de anos ele se encontrava na zona habitável porque o Sol era uma estrela jovem que emitia mais luz e calor, os indícios são de que a vida foi trazida de Marte por uma chuva de meteoros. 
Existem três candidatos a hospedar vida em nosso sistema solar: Marte, Titã, a lua de Saturno e Europa, uma lua de Júpiter por conterem condições como atmosfera e gelo.
Ets inteligentes: A Nasa atualmente está direcionando suas pesquisas a procura de vida simples como microrganismos unicelulares desagradando os cientistas do programa SETI que procuram vida inteligente, a medida é para conter os enormes gastos sendo o programa SETI de pequena possibilidade de sucesso.