quinta-feira, 6 de junho de 2013

Passado de discórdias para a Ponta do Coral

A área sempre foi alvo de disputas entre empresários, políticos e ambientalistas. A recente polêmica que envolve a Ponta do Coral é apenas mais um capítulo de um passado cheio de casos controversos.

Século 18: A Ponta do Coral, também conhecida como Ponta do Recife, era um ponto de vigia do sistema de defesa da Ilha.

Final da década de 1920: Empresa norte-americana Standard Oil deixou a região central de Florianópolis, onde já funcionava, em busca de um novo local para instalar os depósitos de combustíveis. A Ponta do Coral foi escolhida e, em 1929, começou a armazenar e distribuir óleo no local.

1940: Um abrigo de menores (que mais tarde viria a se tornar Fucabem e, depois, a se chamar Educandário 25 de Novembro) foi inaugurado no local, com a presença do presidente da República, Getúlio Vargas. Também passou a ser utilizada como área de lazer pelos internos e pela comunidade do entorno.

1959: O governo do Estado comprou oficialmente a área da Standard Oil. A partir daí, tiveram início as especulações imobiliárias no local, que acentuaram no fim da década de 70.


1980 - 30 de março: O prédio do abrigo de menores foi destruído por um incêndio. A maior parte das 400 crianças que morava na instituição participava de um evento no aterro da Baía Sul e precisou ser transferida às pressas para outros locais. Semanas depois, o laudo elaborado pela polícia apurou que o fogo foi provocado de forma intencional, por material inflamável. Ninguém nunca foi preso.

- 29 de junho: O então governado Jorge Bornhausen decretou a venda do terreno. A justificativa: precisava de dinheiro para construir um novo abrigo, em Palhoça. A venda foi contestada, uma vez que precisaria de aprovação da Assembleia Legislativa (conforme previsto pela Constituição Estadual em vigor na época), o que não ocorreu. A atitude provocou revolta na sociedade, que passou a protestar considerando a venda um ato nulo.

- 17 de novembro: O processo licitatório chegou ao fim e foi avaliado. Quatro empresas haviam se candidatado à compra: O Iate Clube de Florianópolis, a Sociedade Nacional de Construções (SNAC), a Kobrasol Empreendimentos Imobiliários e a Nova Próspera Mineração, de Criciúma, que acabou vencendo o pleito por oferecer o valor mais alto e ser a única disposta a fazer o pagamento à vista - algo, hoje, em torno de R$ 4,1 milhões.

1981: o novo proprietário, o empresário de mineração Realdo Santos Guglielmi, propôs a construção de um hotel cinco estrelas no local. Mas o projeto foi barrado pela Fatma, pela Capitania dos Portos e por manifestações públicas. Ele desistiu da proposta e pôs o terreno à venda, mas não houve interessados. A Ponta do Coral entrou, então, no processo de abandono que permanece até hoje.


1991: Realdo resolveu adquirir novas minas de carvão mineral, equipamentos e instalações da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) a partir de um empréstimo de 4 bilhões de Cruzeiros. Para fazer o pagamento, não tirou dinheiro do bolso. Ele pegou um empréstimo com a própria CSN e, como garantia, entregou a Ponta do Coral, que até hoje não foi recuperada.  O empresário morreu e não conseguiu resolver as pendências do local. O terreno hoje está em nome da viúva, Maria Bernadette Pinho Moreira Guglielmi, irmã do atual vice-governador Eduardo Pinho Moreira.

2000: O vereador Mauro Passos sugere um projeto de lei para transformar o local em área verde de lazer. Nos dois anos seguintes, ele estudou a área, reuniu seu histórico e buscou pareceres técnicos de vistorias da Floram, do Ipuf e da prefeita Angela Amin, simpatizante do projeto e disposta a desapropriar a área. Na primeira votação, em dezembro de 2002, o projeto foi aprovado por unanimidade. Deveria seguir, então, para a segunda votação em até 30 dias, conforme prevê o regimento interno da Câmara de Vereadores. Porém, neste mesmo ano, Passos disputara as eleições estaduais e, em 2003, assumiu como deputado federal e deixou de acompanhar o próprio projeto.

2005: Três anos depois da aprovação do projeto de Passos, o projeto reapareceu, mas ganhou um novo rumo: invés de área verde, o projeto transformava a Ponta do Coral em espaço turístico com permissão de aterro. A lei, de autoria do vereador Jaime Tonello, foi aprovada e sancionada pelo já então prefeito Dário Berger. Mais uma vez, a legislação foi considerada inconstitucional pela Secretaria de Patrimônio da União (SPU).


2008: A família Guglielmi oficializa a parceria com a Hantei, que se comprometera a quitar a dívida do empréstimo com a CSN e recuperar o terreno, caso conseguisse a aprovação para construir o hotel.

2012: Baseado na lei complementar de 2005, Dário deu a entrada a um processo de pedido de aterro para a Ponta do Coral junto à SPU, responsável pela área que envolve o mar. Mas deixou o Executivo com a principal batalha pela metade: o processo que tiraria o empreendimento do papel não havia chegado ao fim.

2013: Com a chegada de Cesar Souza Júnior ao governo, os planos mudaram. Em março, antes mesmo que a SPU pudesse procurá-lo, Cesar alegou falta de interesse na continuidade do processo. O pedido de aterro, então, foi oficialmente arquivado no último dia 7 de maio.

Fonte: www.clicrbs.com.br. Acesso em 04/06/2013

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