1. Rochas
Sedimentares
As rochas sedimentares no senso estrito
são aquelas formadas a partir do material originado da destruição erosiva de
qualquer tipo de rocha, material este que deverá ser transportado e
posteriormente depositado ou precipitado em um dos muitos ambientes de
sedimentação da superfície do globo terrestre. Na maioria das vezes
apresentam-se estratificadas. No senso lato incluem também qualquer material
proveniente das atividades biológicas. O critério da classificação das rochas
sedimentares segue vários princípios, normalmente combinados entre si, como o
ambiente, o tipo de sedimentação, constituição mineralógica ou tamanho das
partículas.
Tabela das Rochas Sedimentares
Nome
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Estrutura
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Tamanho
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Mineralogia
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Cor
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Permeabilidade
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Argilito
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Estratificada
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Argila
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Feldspatos
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Cinza-escuro
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Má
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Siltito
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Estratificada
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Silte
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Feldspatos
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Cinza-escuro
|
Má
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Varvito
|
Estratificada
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Silte e Argila
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Feldspatos e Quartzo
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Cinza
|
Má
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Arenito
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Maciça
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Areia fina
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Quartzo
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Amarronzado
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Boa
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Conglomerado
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Maciça
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Seixo
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Fragmentos
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Cinza
|
Boa
|
Segundo o ambiente de sedimentação, podem
ser classificados em sedimentos continentais, que são subdivididos em fluvial,
lacustre ou lagunar, desértico, leque aluvial e glacial, e sedimentos marinhos,
que, de acordo com a profundidade da zona que ocupam, podem ser do tipo
nerítico, batial ou abissal.
Segundo o tipo, podem ser classificados em
clásticos, químicos e orgânicos. Os sedimentos clásticos são constituídos por
fragmentos desagregados das diversas rochas pré-existentes (vulcânicas,
metamórficas ou mesmo sedimentares) que, transportadas para outras regiões, são
depositados em camadas (estratos). Distinguem-se: macroclásticos (psefitos e
psamitos, do grego psephis, seixo e psamos areia) e microclásticos (pelitos, do
grego pelos, lama). Os psefitos constituem-se de seixos, isto é, grãos maiores
que os de areia; os psamitos, de grãos do tamanho dos de areia e os pelitos, de
grãos do tamanho dos de silte e argila.
Classificação Granulométrica dos Sedimentos Clásticos
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Diâmetro (mm)
Wentworth
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Diâmetro (mm)
Atterberg
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Matacão
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> 256
|
> 200
|
Bloco
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64 - 256
|
20 - 200
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Seixo
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4 - 64
|
2 - 20
|
Grânulo
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2 - 4
|
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Areia grossa
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1/4 - 2
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0,2 - 2
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Areia fina
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1/16 – 1/4
|
0,02 – 0,2
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Silte
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1/256 – 1/16
|
0,002 – 0,02
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Argila
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< 1/256
|
< 0,002
|
Os sedimentos químicos são aqueles
originados da precipitação de solutos, graças á diminuição da solubilidade ou
graças á evaporação da água. Quando se verifica este fenômeno o sedimento
recebe o nome de evaporito. Os sedimentos químicos formados graças á diminuição
da solubilidade são mais comumente os carbonatos, que se precipitam graças ao
aumento de temperatura e conseqüente desprendimento de gás carbônico,
responsável pela solubilidade dos carbonatos, ex: Halita (NaCl), Calcita
(CaCO3). Os sedimentos orgânicos são formados pela transformação dos restos de
seres vivos, vegetais e animais. O carvão de pedra e a turfa, por exemplo, são
o resultado da transformação das grandes florestas que existiam na Terra,
durante o período Carbonífero (há 345 milhões de anos).
2. Ambientes de
Sedimentação
Sedimentos Continentais
Fluvial: Diminuindo a velocidade de um rio, graças ao menor declive
existente nas regiões médias e inferiores, diminuirá também a sua capacidade
transportadora, iniciando-se então a sedimentação do material transportado.
Deve ser lembrado que o diâmetro dos detritos mais grosseiros, da mesma
densidade, transportados por uma corrente, varia aproximadamente com o quadrado
da sua velocidade, isto é, se a velocidade dobrar, o diâmetro máximo de um
seixo que pode ser transportado será em volta de quatro vezes maior. Esta
relação não se aplica às partículas menores que as areias, cujo diâmetro é de
2mm no máximo.
Agente: Água
Textura-Granulometria: Argila até Matacão
Estrutura: Estratificação plano-paralela
Rocha Sedimentar: Conglomerado
Lacustre ou Lagunar: Como podemos comprovar ao estudar a
sedimentação marinha, os lagos são em muitos aspectos sedimentares reproduções
do mar em escala reduzida. Em primeiro lugar, tem os mesmos tipos de
sedimentos: detríticos ou clásticos, formados por fragmentos de outras rochas;
químicos e bioquímicos, formados por precipitação de íons, induzida ou não por
organismos; e orgânicos, que são restos de seres vivos. Igualmente se
assemelham na existência de deltas, de ondulações sedimentares submarinas e de
correntes de turbidez que circulam por seu fundo. Outras características, como
a precipitação de sais, são ao contrário típicas de certos lagos.
Do ponto de vista sedimentar
existem dois tipos de lagos:
- Lagos com sedimentação
predominantemente detrítica e orgânica: tem um ou mais deltas que jogam
sedimentos detríticos (seixos, areias, limos) nas bordas, mas também
ocasionalmente ao centro mediante correntes de turbidez. Outra fonte de
detritos finos no centro da bacia é a decantação das partículas que chegam em
suspenção na água fluvial, a qual não se misturam imediatamente com a lacustre.
Estas argilas do fundo costumam armazenar sulfetos e matéria orgânica (que
podem chegar a formarem locais de carbono e petróleo, devido ao caráter redutor
das águas profundas. A causa deste fenômeno químico é que as águas do fundo do
lago, frias e por isso densas, se misturam pouco com as superficiais aquecidas
pelo Sol. Os restos de seres vivos caem ao fundo e sua decomposição absorve
todo o oxigênio da água.
- Lagos salinos: Em um lago, os
sais precipitam a favor de algum dos seguintes processos:
- concentração por evaporação
- perda de gases (como CO2)
- mistura de águas
- mudança de temperatura
Do ponto de vista químico se
distinguem os lagos de carbonatos dos lagos de sulfatos e cloretos. Do ponto de
vista geológico se distinguem três tipos de lagos salinos: perenes e profundos
(como o Mar Morto); perenes e rasos; e efêmeros e rasos, chamados também lagos
do tipo praia (não confundir com praias costeiras). Precisamente são praias os
lagos que costumam ficar no centro das zonas hiperáridas fechadas denominadas
bacias sedimentares.
Agente: Água
Textura-Granulometria: Argila,
Silte e Areia
Estrutura: Estratificação
Rocha Sedimentar: Arenitos e
Siltitos
Desértico: Diminuindo a velocidade do vento, inicia-se a
sedimentação das partículas segundo o seu tamanho, tendo em vista a
uniformidade da densidade das partículas, predominantemente quartzosas.
Primeiro os grãos maiores, passando para os menores. A diminuição da velocidade
do vento é normalmente provocada por obstáculos diversos, como vegetais,
blocos, etc. Atrás destes obstáculos o vento forma turbilhões e diminui de
velocidade, provocando com isso a sedimentação, principalmente da areia de
diâmetro de 0,1 a 1mm, aproximadamente, enquanto que as partículas menores se
sedimentam depois pelas chuvas ou neves nas épocas de calmarias. Citam-se mesmo
chuvas de barro e neves coloridas pelas poeiras, tal a quantidade de detritos
aéreos aglutinados e depositados por estes agentes atmosféricos. As partículas
menores que 50 mícrons são levadas pelo vento, pois sua velocidade de queda
livre sofre uma brusca diminuição em relação às partículas maiores. Aos depósitos
formados, graças ao vento, dá-se a designação de depósitos eólicos. Sua
natureza é variável, podendo provir de explosões vulcânicas, de áreas periglaciais,
de praias marinhas ou fluviais, de regiões áridas, sendo estas as de maior
importância para a geologia, ou mesmo de regiões facilmente suscetíveis á
deflação. Sendo o vento constante numa determinada direção, haverá uma
deposição contínua, dando origem a elevações de forma regular e característica
que recebe o nome de duna. Assim, uma das categorias de duna é a que se forma
graças a obstáculos existentes no percurso do vento. Uma segunda categoria de
duna, quanto á sua origem, é formada sem a intervenção de obstáculos. São tidas
como as dunas verdadeiras.
Agente: Vento
Textura-Granulometria: Areia
Estrutura: Estratificação Cruzada
Rocha sedimentar: Arenito
Leque aluvial: Os primeiros sedimentos fluviais formam-se
geralmente no sopé das montanhas, recebendo a designação de depósito de
piemonte. São também chamados de cones ou leques aluviais, possuindo a forma
aproximada de um leque, pelo motivo de se espalharem morro abaixo. Possuem
litologicamente as mesmas características do tálus, com a diferença de terem já
sofrido pequeno transporte pelas águas correntes. Se este material for
litificado, receberá a denominação de fanglomerado. Em regiões semi-áridas,
graças á ausência ou quase ausência de decomposição química, pose assemelhar-se
a um tilito, também pela heterogeneidade granulométrica dos constituintes e
falta de estratificação.
Agente: Gravidade
Textura-Granulometria: Argila
Estrutura: Estratificação
Rocha Sedimentar: Argilito
Glacial: Entre as diversas características dos sedimentos glaciais,
a de maior interesse, por ser comum a quase todos eles, é a quase que total
ausência de alteração química pelo intemperismo. Outra característica interessante
é a presença de estrias nos seixos que são facetados, em vez de esféricos.
Sabemos que quanto mais elevada for a temperatura, mais rápidas serão as
reações químicas responsáveis pelo intemperismo. Estas são, pois, praticamente
ausentes num ambiente glacial, fato de importância no reconhecimento de um
antigo sedimento glacial. Os minerais facilmente decompostos em climas quentes,
como os feldspatos e os máficos, são encontrados com freqüência entre os
sedimentos glaciais. O material fino nada mais é do que o produto da
pulverização mecânica das rochas, não ocorrendo os argilo-minerais.
Tilito: rocha endurecida formada pelo acúmulo dos detritos levados por
uma geleira.
Varvitos: depósito de sedimentos que forma uma camada diferenciada.
O termo costuma ser usado para definir os depósitos formados em lagos situados
às margens de geleiras.
Agente: Gelo
Textura-Granulometria: Argila até Matacão
Estrutura: Estratificada e Maciça
Rocha Sedimentar: Argilito/Siltito, Arenito, Conglomerado
Sedimentos Marinhos
A subdivisão das regiões dos mares
baseia-se principalmente no critério da profundidade, declividade e da
distância do afastamento da costa. Segundo as profundidades podemos distinguir
as seguintes zonas nos oceanos:
Região litorânea: a profundidade da água é de poucos metros,
compreendendo a zona atingida pela alta e baixa maré. A extensão varia,
evidentemente, com a declividade da costa. Esta pode ser desde vertical, sendo
neste caso pequena a região litorânea, até quase horizontal, havendo uma grande
extensão ora coberta, ora descoberta pelo mar. No contato direto do mar com o
continente são intensas as atividades construtivas e destrutivas do mar.
Região nerítica: É delimitada pela profundidade de cerca de 200m (plataforma
continental), havendo íntima relação das relações do continente, com respeito
ao clima, vida, topografia, etc., com a sedimentação e condições de vida nesta
zona do mar. É de grande importância, nas ciências geológicas, o estudo da
região nerítica, pois os sedimentos marinhos do passado em sua grande maioria
foram formados nesta região, inclusive sedimentos petrolíferos.
Região batial: É delimitada comumente pela profundidade de 1000
metros, havendo nesta região vida bem reduzida, nas suas partes profundas.
Região abissal: Possui profundidades superiores a 1000 metros. A
vida é escassa e pouco conhecida; ocorrem peixes de aspecto exótico, muitas
vezes fosforescentes, adaptados ás condições de escuridão absoluta e de grande
pressão hidrostática. O único alimento constitui-se de restos mortos provindos
das regiões superiores. A sedimentação principal constitui-se de restos de
esqueletos ou de lama continental finíssima, assunto a ser encarado na
sedimentação marinha. Denomina-se região pelágica a que se acha afastada da
região nerítica. Abaixo encontram-se as regiões hemipelágicas e eupelágica. A
importância da região pelágica reside no fato de tratar-se do local de maior
intensidade de vida, o fator de maior importância na sedimentação marinha.
Fontes Consultadas:
Geologia Geral. Viktor Leinz