terça-feira, 17 de abril de 2012

Ônibus espacial Discovery faz última viagem antes de integrar museu nos Estados Unidos




 
Acoplado a um avião 747 da Nasa, adaptado para a missão, a nave partiu do Centro  Espacial Kennedy, Cabo Canaveral, no estado da Flórida, no Estados Unidos, nesta  manhã. Com destino à capital Washington, aonde realizou um passeio turístico de  despedida, para depois seguir para o Museu Nacional Smithsonian do Ar e do  Espaço, em Chantilly, no Estado da Virgínia.


 

sábado, 14 de abril de 2012

LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

Abaixo está listada a legislação pertinente ao meio ambiente e ao licenciamento ambiental para que possamos ter a noção dos dispositivos que regulam o processo de proteção e utilização, conservação e preservação do meio ambiente, bem como o processo de licenciamento ambiental para instalação de empreendimentos e execução de atividades consideradas potencialmente causadoras de degradação ambiental.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL. CAPÍTULO VI - DO MEIO AMBIENTE - Art. 225.
DECRETO Nº 24.643, DE 10 DE JULHO DE 1934. Decreta o Código de Águas.
LEI Nº 4.771, DE 15 DE SETEMBRO DE 1965. Institui o novo Código Florestal.
LEI No 6.902, DE 27 DE ABRIL DE 1981. Dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas, Áreas de Proteção Ambiental e dá outras providências.
LEI Nº 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
DECRETO No 99.274, DE 6 DE JUNHO DE 1990. Regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem, respectivamente sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências.
LEI Nº 9.433, DE 08 DE JANEIRO DE 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989
LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.
LEI No 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.
LEI Nº 9.960, DE 28 DE JANEIRO DE 2000. Institui a Taxa de Serviços Administrativos - TSA, em favor da Superintendência da Zona Franca de Manaus - Suframa, estabelece preços a serem cobrados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama, cria a Taxa de Fiscalização Ambiental - TFA, e dá outras providências.
LEI No 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências.
DECRETO Nº 4.281, DE 25 DE JUNHO DE 2002. Regulamenta a Lei no 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, e dá outras providências.
LEI Nº 11.428, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2006. Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências.
DECRETO Nº 6.660, DE 21 DE NOVEMBRO DE 2008.  Regulamenta dispositivos da Lei no 11.428, de 22 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica.
LEI COMPLEMENTAR Nº 140, DE 8 DE DEZEMBRO DE 2011. Fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre União, os estados, o Distrito federal e os municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981.

Resoluções do CONAMA

Resolução CONAMA Nº 004, de 18/09/1985. Dispõe sobre as Reservas Ecológicas e áreas de preservação permanente.
Resolução CONAMA Nº 001/1986. Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para o Relatório de Impacto Ambiental - RIMA - Data da legislação: 23/01/1986
Resolução CONAMA Nº 009, DE 03.12.87. Dispõe sobre a realização de Audiência Pública.
Resolução CONAMA Nº 010, de 14/12/1988. Dispõe sobre as Áreas de Proteção Ambiental - APA'S.
Resolução CONAMA Nº 237/1997 - Regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional do Meio Ambiente - Data da legislação: 22/12/1997
Resolução CONAMA Nº 303/2002 - Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente. - Data da legislação: 20/03/2002
Resolução CONAMA nº 306, de 5 de julho de 2002 - Estabelece os requisitos mínimos e o termo de referência para realização de auditorias ambientais.

Instrução Normativa nº 184, de 17/07/2008. Estabelece procedimentos para o licenciamento ambiental federal.

Estado de Santa Catarina

LEI Nº 14.675, de 13 de abril de 2009 - Institui o Código Estadual do Meio Ambiente e estabelece outras providências.
RESOLUÇÃO CONSEMA N.º 001/2006 - Aprova a Listagem das Atividades Consideradas Potencialmente Causadoras de Degradação Ambiental passíveis de licenciamento ambiental pela Fundação do Meio Ambiente – FATMA e a indicação do competente estudo ambiental para fins de licenciamento.
RESOLUÇÃO CONSEMA N.º 003/2008 - Aprova a Listagem das Atividades Consideradas Potencialmente Causadoras de Degradação Ambiental passíveis de licenciamento ambiental pela Fundação do Meio Ambiente – FATMA e a indicação do competente estudo ambiental para fins de licenciamento.

Órgãos Ambientais

IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Lei nº 7.735 de 22 de fevereiro de 1989.
ICMBIO – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Quando o empreendimento venha impactar Unidades de Conservação federais, suas zonas de amortecimento ou áreas circundantes, o Instituto Chico Mendes tem que ser consultado e analisa tecnicamente o processo de licenciamento. Lei nº 11.516, de 28 de agosto de 2007.
FATMA – Fundação do Meio Ambiente - Santa Catarina - Criada em 1975.
FLORAM – Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis. Instituída pela Lei Municipal n 4.645/95, tem por objetivo a execução da política ambiental em Florianópolis.

FONTES CONSULTADAS

www.planalto.gov.br. Leis Ambientais. Acesso em 14/04/2012.
http://www.ibama.gov.br/licenciamento/index.php - Diplomas Legais referentes ao Licenciamento Ambiental. Acesso em 14/04/2012.
http://www.pmf.sc.gov.br/entidades/floram/index.php?cms=legislacao&menu=0 – Legislação Ambiental. Acesso em 14/04/2012.




segunda-feira, 9 de abril de 2012

ENTREVISTA COM O PROFESSOR CARLOS AUGUSTO FIGUEIREDO MONTEIRO

Revista Discente Expressões Geográficas (EG): Para começar, o senhor poderia comentar um pouco sobre a evolução do pensamento geográfico brasileiro ressaltando a forma como sua obra nesta se insere?
Carlos Augusto Figueiredo Monteiro (CM): Eu me considero um geógrafo brasileiro da segunda metade do século XX, atualmente procurando encerrar uma carreira que, ultrapassando os 80 anos de idade e 60 de militância na Geografia que se faz no Brasil, há que recorrer a uma visão sumariada e sintética. Quando ingressei no Curso de Geografia e História na antiga Faculdade Nacional de Filosofia da então Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, graças a Fundação das Faculdades de Filosofia no Rio de Janeiro e em São Paulo, já estávamos na vigência de uma “geografia científica” há um decênio. Além da Geografia praticada na Sociedade Brasileira de Geografia e nos Institutos Históricos e Geográficos, da Nação e dos Estados vigorava, naquele então, uma “geografia científica”, tutelada pela Escola Francesa podendo ser rotulada pelos superiores mestres Vidal de La Blache e Emmanuel de Martonne. Estudando Geografia e História (1947-1950) e trabalhando como auxiliar de Geógrafo (1948) no Conselho Nacional de Geografia do então Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (obra da Ditadura Vargas, de 1937), desfrutando de uma Bolsa de Estudos do Governo Francês em Paris e Rennes (1951-1953) iniciei minhas atividades num período de expansão dessa “nova” Geografia que progredia no Brasil graças à ação tríplice das Faculdades de Filosofia, do Conselho Nacional de Geografia do IBGE e da Associação dos Geógrafos Brasileiros. A primeira “formadora” de Geógrafos; o segundo acolhendo profissionalmente aqueles que praticavam uma ciência cuja pesquisa era considerada como básica para a ação governamental e ligada diretamente à Presidência da República; e a terceira promovendo encontros anuais em diferentes cidades brasileiras durante os quais se incorporavam tanto praticantes das ciências afins como da Geografia Tradicional, incorporando-se, como “agebianos”, à nova geografia. De volta da França tive a oportunidade de, como filiado ao IBGE, ser colocado à disposição do Departamento Estadual de Geografia e Cartografia do Estado de Santa Catarina ao mesmo tempo colaborando como “catedrático interino” de Geografia Física, na recém criada Faculdade Catarinense de Filosofia, obra do educador Henrique da Silva Fontes na capital “barriga verde”, com vistas diretamente dirigidas à implantação de uma universidade federal na capital catarinense. Ali atuei de outubro de 1955 até março de 1960, trabalhando proveitosamente tanto no D.E.G.C. (Organização do Atlas Geográfico de Santa Catarina – 1958) quanto na formação das três primeiras turmas de geógrafos e professores de Geografia. Os anos 50 assistiam a três eventos importantes, tanto para mim quanto para a Geografia. Minha atuação em Santa Catarina (1955-59); a separação dos cursos de Geografia e História nas Faculdades de Filosofia (1957) e a realização do Congresso Internacional de Geografia promovido pela União Geográfica Internacional, no Rio de Janeiro. Este evento realizado pela primeira vez no hemisfério sul, pela sua organização como pelo desempenho dos geógrafos brasileiros, representou um verdadeiro marco demonstrativo de uma afirmação da Geografia feita no Brasil. Para o meu histórico, minha transferência de Florianópolis para Rio Claro, onde atuei de 1960 a 1964, na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras, um dos Institutos Isolados de Ensino Superior do Estado de São Paulo, coloca o ano de 1960 como a fase inicial de minha carreira de Geógrafo (1947-1960) para a qual marca, talvez, a adjetivação de fase de Iniciação. Ao longo dela produziu-se o grande esforço na passagem da formação teórica à aplicação da pesquisa. Além da vinculação à Geografia Física, deu-se, em Santa Catarina, a “eleição” de minha área de pesquisa para a Climatologia de vez que, como docente da Física, eu me certifiquei que aquela era a área mais carente e para onde dirigi meu esforço de pesquisa imprescindível ao professor universitário. Uma carência individual não pode ser avaliada pela obra produzida, alienada da situação mundial. E neste sentido o Congresso do Rio de Janeiro é extremamente importante, sobretudo pelas profundas mudanças ocorridas após a 2ª Guerra Mundial (1939-1945). Foi um congresso muito bem organizado, com excursões, com livros guias, que constituíram a verdadeira geografia regional do Brasil. Foi um grande sucesso e o delegado brasileiro junto à União Geográfica Internacional (UGI) era o professor Victor A. Peluso Júnior. Este Congresso foi uma espécie de lançamento, uma certidão de batismo de uma geografia nascente, como era aquela que estava se fazendo no Brasil e que em 1956 já deu uma prova de substância, ainda mais depois da realização do Congresso, o qual juntou figuras importantes dos principais países: franceses, ingleses e russos, os quais vieram com uma grande equipe de geógrafos. Houve cursos promovidos pelo IBGE no qual foram convidadas figuras das mais destacadas do exterior: Orlando Ribeiro, de Portugal; Pierre George de Franca, I. Sekigute (climatologista), do Japão, além de outros. Não deixaram de transparecer problemas político-ideológicos. Assim o geógrafo Jean Tricart, de esquerda, não foi convidado pelo IBGE ou Faculdade de Filosofia, o que ensejou o convite que lhe foi feito pela Universidade Federal da Bahia, por obra de Milton Santos, o que resultou na fundação do Laboratório de Geomorfologia, que tanta importância teve na Geografia daquele Estado. Foi extremante importante a troca de idéias no encontro de vários geógrafos. Nesta época o professor Aziz Nacib Ab'Saber já se destacava como geomorfólogo e os próprios geógrafos que fizeram as excursões para as cinco grandes regiões do Brasil - nessa época eu estava em Santa Catarina e acompanhei um trecho da excursão para a Região Sul, dirigida pelo professor Orlando Valverde e Dora Romariz, que me pediram para acompanhá-los durante um trecho. Fui encontrá-los na cidade de Pomerode (SC), depois eu os acompanhei até mais um pouco. Nos anos de 1960 começam a aparecer os prenúncios das chamadas “revoluções”. Como tudo na vida muda, mudam as perspectivas e os paradigmas. Antes mesmo de finalizada a Guerra Mundial (1939-45), o Tratado de Bretton Woods (1944), do ponto de vista econômico e do poder mundial, foi a passagem do bastão da Inglaterra para os EUA, já vislumbrando a rivalidade com a experiência socialista da URSS e dos chamados países do leste europeu. Então ali nasceu a idéia do Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) que impulsionou o capitalismo. Depois da Segunda Guerra, com a Guerra Fria, começa também a pesquisa espacial, iniciada pelos russos (1957) e com a rivalidade com os EUA que lançam a Apolo 11 (1969). Isso é importante, pois já desde o Congresso organizado pela UGI que precedeu o do Rio de Janeiro, que foi em 1956 (em 1952 foi em Washington). Nesse congresso já se viu que havia nitidamente uma reviravolta. A preocupação com a natureza, com o meio ambiente tendia a amainar e dar ênfase mais à parte humana, social e, sobretudo, à parte econômica. Havia uma corrente nos EUA chamada Regional Science, que era ligada ao planejamento e que começa toda aquela preocupação com a “matematização”. Daí, surgem as chamadas “revoluções” que vão afetar a geografia. Embora na reunião do Rio de Janeiro tenha havido uma preocupação com a natureza ligada ao trópico; às linhas de pedra; aos processos tropicais úmidos; processos de regiões secas; o que não faz com que se apague a preocupação com a natureza. Mas o importante é que o peso do econômico passa a adquirir uma relevância maior. Então, nós atravessamos esse período, digamos “revolucionário”, que aparece com dois canais que são concomitantes, chamados de “Revolução Teorética e Revolução Quantitativa”. Teorética – termo que era criticado, pois diziam que era uma tradução literal do termo em inglês theoretical, mas que não deveria ser assim – tem a preocupação matemática que é a linguagem da ciência. Então a Geografia além de não teorizar, o que não é verdade, pois temos, por exemplo, na climatologia, associada com a meteorologia, a “teoria da frente polar”; o Wiliam Morris Davis fez a Teoria do Ciclo de Erosão: juventude, maturidade, senilidade. São abstrações com finalidade didática para explicar os fenômenos. Tanto é que depois o professor Jean Tricart vai criticar muito, dizendo que é uma série de abstrações. Claro, para entender a complexidade de um relevo atual, Davis propõe que sejam abstraídos os fatores “reais” para facilitar a compreensão dos processos. Na evolução das ciências, segundo o físico Thomas Khun há “períodos normais” e “períodos revolucionários”. Eu acho que isso é bem válido do ponto de vista da “sociologia da ciência”, mas há filósofos, por exemplo, Paul Feyerabend (que já faleceu e era um austríaco radicado nos EUA). Como físico, igualmente ao Khun, ele o contesta, mostrando que na própria Física não é bem assim, quer dizer, não é tão simples: “período normal”, “período revolucionário”. Tomam vulto as idéias de que a Geografia – ao focalizar a “personalidade” das regiões – preocupa-se com o que é excepcional; que a Geografia não tem lastro teórico; que não estiliza a linguagem matemática, que é o legítimo veículo da ciência. Esse novo momento da Geografia pode ser balizado entre nós por haver sido deflagrado entre nós no ano de 1968, quando o IBGE patrocina cursos de Geografia Quantitativa. Rio Claro, agora unidade da UNESP, encampa o teorético com produção de dissertações e teses além de revista especializada. Aliás, ainda hoje uma boa revista geográfica. Já que 1968 é o ano da minha entrada no Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP, além de ser um marco na evolução da Geografia entre nós, ela assinala uma outra fase em minha carreira acadêmica. Entre 1960 e 1968 houve a etapa muito benéfica de Rio Claro onde, entre outras coisas, produzi uma pesquisa de vulto, calcada no paradigma do ritmo climático, embora concentrado no fenômeno das chuvas. Graças às especiais condições de trabalho asseguradas pelo seu dedicado diretor Dr. João Dias da Silveira foi que pude adiantar meus estudos e escrever artigos dentre os quais aqueles que enfatizavam a importância da climatologia dinâmica e a eleição do ritmo como o mais conveniente paradigma para a climatologia geográfica. Ali – trabalhando com uma dedicada equipe de alunos – elaborei a obra “A Dinâmica Climática e as Chuvas no Estado de São Paulo”, concluída em 1964, e que só viria a ser publicada graças ao interesse do Professor Dr. Aziz Ab’Saber, em 1973, quando diretor do extinto Instituto de Geografia da USP. Em 1962 participei da Assembléia Geral da AGB, realizada na cidade alagoana de Penedo, onde, a convite do então Presidente Manoel Corrêa de Andrade, coordenei e produzi o relatório sobre o Baixo São Francisco, um acontecimento decisivo em minha evolução como geógrafo. Entre agosto de 1966 e janeiro de 1968 prestei uma pequena colaboração na instalação do Curso de Ciências da Terra, ministrando a disciplina de Geomorfologia. Durante minha estada em Brasília tive o ensejo de redigir minha tese de Doutorado defendida na USP no dia 23 de outubro de 1967. Creio que este lapso de 1960 a 1967 pode ser considerado aquele de AFIRMAÇÃO. O período vivido na USP (1968-1987) foi aquele mais longo (20 anos) e o mais decisivo, motivo pelo qual me aventuro a rotulá-lo de Produção. Tendo sido grande parte dele vivido na querela das “revoluções”, devo sintetizar aqui a minha atitude em face destas/das “revoluções”. Na Geografia Física, pelo menos, a ausência de teoria não era verdadeira. Lembramos W. Morris Davis com o seu “Ciclo de Erosão” em artifício teórico muito claro e lógico, encarando um processo de alta complexidade, mobilizando as necessárias abstrações para levar-nos a entender o processo da elaboração dos relevos terrestres. Em Climatologia, a Teoria Frente Polar lançada pela escola escandinava de Meteorologia é outro magno exemplo. Aliás, a propósito de minha posição pessoal frente às ditas “revoluções”, tive ocasião de produzir um texto especial para a XXV Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC, realizado no Rio de Janeiro, na Cidade Universitária da UFRJ (10.07.1973), no Simpósio “A Renovação da Geografia”, sob a presidência da geógrafa Lysia Cavalcanti Bernardes e publicado no nº 6 da série “Métodos em Questão” do IGEOG-USP. Na atividade docente, ministrei quase todas as disciplinas na área de graduação, exceção àquelas de Pedologia e Biogeografia. Na área de Pós-Graduação – ao lado dos professores Ab’Saber e André Libauld – iniciamos a área de Geografia Física, tendo eu sido, por um longo período, coordenador da área, participando das reuniões da Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - FFLCH. Durante os 20 anos de atuação na USP tive oportunidade de concluir projetos de 13 mestrados e de 8 doutorados. Na Pós-Graduação tive ocasião de iniciar (1972) a disciplina de Introdução aos Estudos de Climatologia Urbana, uma linha de pesquisa que atraiu não só alunos regulares de Geografia, mas também colegas de Arquitetura e Urbanismo, Saúde Pública, Educação Física, etc. Na USP galguei todos os patamares da carreira acadêmica: Livre Docência (1975); Adjunção (1982); Titulação (1985). Para a Livre Docência a minha Tese “Teoria e Clima Urbano”, aprovada pela comissão examinadora e publicada pelo IGEOG-USP (1976), chamou a atenção de arquitetos urbanistas (não só de São Paulo e Minas Gerais, mas até da Bahia e do Ceará). Somente após 17 anos apareceram as primeiras teses de doutorado de geógrafos utilizando a minha proposta. Este fato ensejou a elaboração da coletânea organizada pelo colega da Universidade Federal do Paraná - UFPR, Dr. Francisco de Assis Mendonça e editada pela editora “Contexto” de São Paulo, rotulada “Clima Urbano” (2003). O interesse de arquitetos urbanistas tem continuado. Ressalto a afinidade e admiração pela competência da arquiteta Eleonora Sad de Assis, professora da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, grande pesquisadora sobre o “Conforto Térmico” e a Climatologia Urbana – graças a quem foi realizada uma entrevista especial para a revista RUA – Revista de Urbanismo e Arquitetura da Universidade Federal da Bahia em seu número 9 de janeiro-junho de 2006, entre as páginas 100 e 107. Após minha aposentadoria da USP entrei na fase final que poderia ser designada Arremate. Até 1990, dois anos após a dita aposentadoria, colaborei com os cursos de Pós-Graduação em Geografia nas Universidades Federais de Santa Catarina e Minas Gerais, ministrando a disciplina de Análise Geográfica da Qualidade Ambiental. Dando por encerrada minha carreira docente escrevi as obras “Clima e Excepcionalismo: conjecturas sobre o desempenho da atmosfera como fenômeno geográfico” (Editora da UFSC, Florianópolis, 1991) e “Geossistemas: história de uma procura” (Editora Contexto, São Paulo, 2000); obras estas contendo autocríticas e apontando novas tendências para melhoria das investigações. Para não abandonar a Geografia – após 60 anos de envolvimento – procurei dirigirme a uma temática que, em sendo importante no presente, me fosse possível realizá-la desvinculado de instituições, sem auxílios de verbas, e de meu deleite pessoal, passei a interessar-me pela Geografia Cultural, não somente naquele revival da obra de Carl O. Sauer, mas de uma nova tendência em associar Geografia e Literatura. Desta fase, iniciada após a aposentadoria (1987) resultou a coletânea “O Mapa e a Trama: ensaios sobre o conteúdo geográfico em criações romanescas”, editado pela UFSC em 2002. Desde a aposentadoria, após a minha estada no Japão colaborando no curso Estudos Brasileiros, na Universidade de Tenri, província de Nara (1995-97), tenho recebido convites dos mais variados centros de estudos geográficos do nosso país, o que me tem forçado a inteirar-me do que vem acontecendo, embora seja muito difícil pela quantidade desses centros como do número de geógrafos e sua produção. Algumas dessas palestras, inclusive aquelas que sintonizam Geografia e Arte abordando cinema e pintura, foram gentilmente coordenadas pela minha prezada colega e amiga Maria Adélia Aparecida de Sousa na coletânea “Geografia Sempre: o homem e seus mundos” (Edições Territorial, Campinas, 2008). Não sei até quando terei lucidez e capacidade para produzir o Arremate Final que se vê implicado na edição de uma vultosa obra que produzi sobre minha terra, o estado do Piauí, uma série de seis volumes do qual o primeiro, intitulado “Tempo de Balaio” vem de ser editado pela Editora da UFSC. Restam cinco volumes de uma série intitulada “Rua da Glória”. Além disso, há o desafio de escrever o segundo volume da obra “O Cristal e a Chama” cujo primeiro volume, já elaborado em minha edição piloto, foi condensado em aula inaugural no ano letivo de 2005 na FFLCH-USP: “O Sentimento do Mundo entre a Ciência (Geografia) e a Arte (poesia Dramática) no Nascedouro do Brasil”. Num momento que me estou apagando e a Geografia sofre os impactos da profunda Crise Histórica que estamos atravessando, reconheço e louvo o dinamismo e a atividade geográfica em nosso país, atualmente caracterizada por uma diversificação enorme na sua temática. O único ponto que me aflige é aquele do divórcio entre o Homem e a Natureza, com a proclamação de que a Geografia é uma Ciência Social. Finalmente creio ter me esforçado em condensar uma vida de 83 anos e uma carreira de 63 anos. Uma tarefa inglória que talvez ultrapasse o interesse da revista de vocês. Mas, a partir de agora poderemos divagar sobre questões que sejam do interesse dos candidatos a geógrafos como vocês. Para “principiar” lanço a questão do Social na Geografia. “Geografia ciência social”, é uma idéia que nunca me convenceu. Certa vez disse a um grupo de alunos que a geografia é como a escola de samba do Salgueiro, nem melhor nem pior que as outras, apenas uma escola diferente. Isso tem quem critique e diz: “a geografia é uma coisa excepcional”. Eu acho que ela o é. Diz-se que a geografia é uma ciência de síntese. E o que é síntese? Síntese é resumo? Síntese é muito mais, é uma “conjunção”. Para mim o cerne da geografia é o trabalho do homem em relação com a natureza. Eu estava lendo, recentemente, um livro de filosofia do francês Luc Ferry, do qual estou gostando muito, cujo título é “Aprender a Viver”. Ele traduz de uma maneira bem didática e simples toda a evolução da filosofia; ele mostra, por exemplo, que todas as civilizações da antiguidade são ligadas à religião, devido ao medo que o homem tem, pois ele é o único animal que sabe que vai morrer. Então, ele se preocupa com a “salvação”, ele é místico e assim recorre à religião. O grande passo, o grande estopim no pensamento humano estourou, não se sabe por que, na Grécia, que ao invés de procurar suas respostas na “religião” procurou-as através da “razão”. Então, os gregos se preocupavam com o homem no universo – com a astronomia, com o espaço – ao mesmo tempo em que se preocupavam com a vida humana, com a sociedade. Heródoto, que foi pai da Geografia e da História, analisa a Grécia como arquipélago, onde estão as cidadesestado, com fundamento comercial e que entra em conflito com a Pérsia e outros. O Egito é um dom do Nilo, um deserto que é atravessado por um rio. Quer dizer, ele se preocupava com o espaço e com o homem ao mesmo tempo. Essa maldição dicotômica – “natural versus social” – pra mim não é uma maldição, é um charme da Geografia. É difícil, mas é algo fundamental e liga a Geografia, com parentesco bem persistente e legítimo, com a Filosofia. Entender o homem, o mundo, e procurar ser feliz, essa a preocupação dos filósofos, que deveria ser a nossa também. Intervenção do Prof. Ewerton Vieira Machado* (EM): Eu penso que o Prof. Manoel Corrêa de Andrade e o Prof. Milton Santos, os dois dizem que a Geografia é uma ciência da sociedade, não que ela deva trabalhar somente com a questão social, mas é a forma de como articular a idéia do trabalho, das mudanças, das transformações. Que sem a natureza não existe o trabalho e sem a ação do homem não existe a geografia; o que dá sentido a essas duas possibilidades de entender essa coisa que é plural, que só ela tem esse “charme” ao qual você se refere. Então, quando o Professor Manuel Corrêa de Andrade diz assim: “A geografia é uma ciência social”, é no sentido de entender não apenas a sociedade pela Geografia, mas compreender como é que o homem vai incorporando, pela ação cultural à natureza, porque ele também é natureza, nessas mudanças que é isso que o Sr. Nos fala: “o tempo todo está realizando verdadeiras revoluções”. O prof. Manoel tem uma visão nesse aspecto muito interessante. CM: Eu nunca encontrei dificuldade. Eu fui professor de Geografia Física, a minha climatologia era dirigida para a humanidade, para sociedade. Quando eu vou procurar o paradigma do ritmo climático não é para prever o tempo, é para ver a relação que o homem tem em face do comportamento da atmosfera. EM: Eis aí o papel inovador da climatologia e das pessoas que trabalham com essa perspectiva de climatologia e do seu papel. Porque o senhor introduziu uma visão, que pouca gente ainda não trabalha na climatologia, somente os seus discípulos aprenderam e estão exercitando e querem incluir a idéia do ritmo, da dinâmica, para fazer uma “Outra Geografia”. CM: Sobre a idéia de ritmo, as pessoas dizem que o Carlos Augusto segue o Max Sorre. Eu sigo uma crítica que o Maximilien Sorre fez da climatologia. Ele diz que para o homem essa climatologia de média, de estado médio da atmosfera sobre um lugar não tem muita significação, porque o comportamento do homem, da sociedade é um comportamento rítmico, ele trabalha, ele planta, ele colhe, ele navega, ele pesca; há todo esse entrosamento. Eu realmente segui essa crítica do Sorre, como também segui a crítica do professor Jean Tricart que disse que essa climatologia de estado médio não serve para entendermos os processos geomorfológicos. Tem que ser uma coisa mais dinâmica, assim como existe a Geomorfologia dinâmica tem que haver uma Climatologia dinâmica. Então a minha contribuição não foi inédita, tudo que eu mobilizei já tinha um “pé” aqui, um “pé” na Escandinávia e em outros lugares. O primeiro gráfico de ritmo climático aparece no manual de Arthur Strahler, só que é no nível mensal. Nos escandinavos eu vi que eles chegavam ao nível diário, mas quando eu vou eleger um ano padrão para explicar uma correlação rítmica, eu vou escolher o recorte mais miúdo possível que é o horário. Por fim, claro que a Geografia Humana sempre “dá mais ibope” que a Geografia Física, todo mundo sabe que se em uma turma for contado o pessoal da Física e da Humana, o pessoal da humana ganha longe. “Dá mais ibope”. Nem sobre a questão ambiental os geógrafos tomaram tento de que era importante e acabaram perdendo espaço para muitas outras coisas de hoje em dia: Geologia Ambiental, Engenharia Ambiental. Não é que o geógrafo fosse o dono da questão ambiental, mas ele tinha o direito, tinha a obrigação, por ser uma ciência conjuntiva, integrada, de se preocupar com a questão ambiental, coisa que ele não fez. Pode ser que agora tal situação esteja melhorando, mas eu não vejo geógrafos “na crista” desta discussão. Eu vejo meteorologista falar, etc., mas não geógrafos. Eu ainda devo insistir em um ponto. Eu penso que na geomorfologia tem pessoas que são, de certa forma, colocadas de lado. Na tese do Professor Ewerton V. Machado (outubro 2000), foi a última vez que eu encontrei Milton Santos, e em certa ocasião ele me perguntou: “Você acha que Geomorfologia tem alguma coisa a ver com Turismo?” Eu disse: “Não Milton, foram os açorianos que fizeram as 42 praias da Ilha de Santa Catarina ‘no porrete’, ‘na marretada’. Foi o homem que fez essas praias.”

FONTE: REVISTA DISCENTE EXPRESSÕES GEOGRÁFICAS


domingo, 8 de abril de 2012

HISTÓRIA DA GEOGRAFIA

Considerada por alguns como uma das mais antigas disciplinas acadêmicas, a geografia surgiu na Antiga Grécia, sendo no começo chamada de história natural ou filosofia natural.  Grande parte do mundo ocidental conhecido era dominada pelos gregos, em especial o leste do Mediterrâneo. Sempre interessados em descobrir novos territórios de domínio e atuação comercial, era fundamental que conhecessem o ambiente físico e os fenômenos naturais. O céu claro do Mediterrâneo facilitava a vida dos navegantes gregos, sempre atentos s características dos ventos, importantes para sua navegação em termos de velocidade e segurança. Sobre tais experiências, os gregos deixaram para as futuras gerações escritos que contavam a sua vivência geográfica. Estudos feitos acerca do rio Nilo, no Egito, detalhavam, entre outras coisas, seu período de cheia anual.  No século IV a.C., os gregos observavam o planeta como um todo. Através de estudos filosóficos e observações astronômicas, Aristóteles foi o primeiro a receber crédito ao conceituar a Terra como uma esfera. Em sua especulação sobre o formato da Terra, Strabo acabou escrevendo um obra de 17 volumes, 'Geographicae', onde descrevia suas próprias experiências do mundo - da Galícia e Bretanha para a Índia, e do Mar Negro à Etiópia. Apesar de alguns erros e omissões em sua obra, Strabo acabou tornando-se o pai de geografia regional.  Com o colapso do Império Romano, os grandes herdeiros da geografia grega foram os árabes. Muitos trabalhos foram traduzidos do grego para o árabe. Ocorreram, no entanto, a partir daí, algumas regressões: após o ano de 900 d.C., as indicações de latitude e longitude já não apareciam mais nos mapas. De todo modo, os árabes acabaram recuperando e aprofundando o estudo da geografia, e já no século XII, Al-Idrisi apresentaria um sofisticado sistema de classificação climática. Em suas viagens à África e à Ásia, outro explorador árabe, Ibn Battuta, encontrou a evidência concreta de que, ao contrário do que afirmara Aristóteles, as regiões quentes do mundo eram perfeitamente habitáveis. Já no século XV, viajantes como Bartolomeu Dias e Cristóvão Colombo redescobririam o interesse pela exploração, pela descrição geográfica e pelo mapeamento. A confirmação do formato global da Terra veio quinze anos mais tarde, em uma viagem de circunavegação realizada pelo navegador português Fernando Magalhães, permitindo uma maior precisão das medidas e observações. Grandes nomes se empenharam no estudo das várias áreas da geografia. A geografia social, por exemplo, recebeu a dedicação de nomes como Goethe, Kant, e Montesquieu, preocupados em estabelecer em seu estudo a relação entre a humanidade e o meio ambiente. A geografia recebeu novas subdivisões, entre as quais, a geografia antropológica e a geografia política.  Por volta do século XIX, surgia a Escola Alemã, apresentando o determinismo, que suportava a idéia de que o clima era capaz de estimular ou não a força física e o desenvolvimento intelectual das pessoas. Assim, afirmava que nas zonas temperadas a civilização teria um desenvolvimento mais elevado do que nas quentes e úmidas zonas tropicais. Já nos anos 30, a Escola Francesa lançava o possibilismo, que afirmava que as pessoas poderiam determinar seu desenvolvimento a partir de seu ambiente físico, ou seja, sua escolha, determinaria a extensão de seu avanço cultural.  Chegaram os anos 60 com todas as suas revoluções, e o desejo de fazer da geografia um estudo mais científico, mais aceito como disciplina, levaram à adoção da estatística como recurso de apoio. No final da década, duas novas técnicas de suma importância para a geografia começavam a ser desenvolvidas: o computador eletrônico e o satélite, dando nova ênfase à disciplina.

STRABO

Geógrafo e historiador grego, nasceu em Amaseia, Pontus (agora Amasya, Turquia). Strabo começou seus estudos com Aristodemus e em 44 a.C. foi para Roma estudar com Tyrannion, ex-professor de Cícero. Antes de deixar Roma ele concluiu sua monumental obra de 43 volumes intitulada 'Esboço Histórico' da qual só sobraram pedaços.  Em 31 a.C. Strabo começou suas viagens na Europa, Ásia e África, tendo viajado quase todo o mundo conhecido da época, ele voltou a Roma em 17 d.C. e escreveu seu mais importante trabalho de 17 volumes intitulado 'Geographicae' (ou Geografia). Esta foi a primeira vez que surgiu a palavra Geografia.  Os volumes parecem mais o que hoje conhecemos como guias e eram escritos para uso militar. Esta obra é o principal documento daquela época conservado inteiro (com exceção de partes do volume sete) até os dias de hoje.

ERATOSTHENES

Matemático, astrônomo, geógrafo e poeta grego, nasceu em Cyrene (agora Shahhat, Líbia). Em 240 a.C. ele se tornou bibliotecário-chefe da Biblioteca de Alexandria, ficando responsável na sua época pelo maior acervo sobre o conhecimento humano até sua data. Eratosthenes é mais conhecido hoje pelo seu preciso cálculo da circunferência da Terra (erro de menos de 5%) numa época aonde não se acreditava que a Terra seria redonda. Para chegar a tais cálculos Eratosthenes empregou seus conhecimentos de astronomia para determinar a latitude de Assuã e Alexandria no Egito, e mediu a distância entre elas, tendo notado que a imagem da sombra de uma torre de igual altura em Aswan e Alexandria tinha diferentes comprimentos numa mesma hora do dia, ele chegou a conclusão que a Terra era redonda e calculou com seus dados a sua circunferência. O seu mais importante trabalho foi um tratado sistemático sobre geografia; após ficar cego com quase 80 anos se suicidou por inanição.

PTOLOMEU

Astrônomo e matemático grego, viveu em Alexandria, Egito e era cidadão romano. Seu primeiro trabalho e o mais importante foi o 'Almagesti' (Grande Obra), traduzido para o árabe 500 anos depois. Nesta obra ele propunha o sistema de geocentrismo o qual descrevia a Terra no centro do universo com o sol, planetas e as estrelas rodando em círculos ao seu redor. Este trabalho de Ptolomeu influenciou o pensamento astronômico durante mais de mil e quinhentos anos até ser substituído pela teoria heliocêntrica de Copérnico. Para a geografia sua mais importante obra foi 'A Geografia', uma tentativa de mapear o mundo conhecido da época, que listava latitudes e longitudes de locais importantes acompanhadas de mapas e uma descrição de técnicas de mapeamento. Nesta compilação Ptolomeu pegou dados seus e de Hiparco, Strabo e Marinus de Tiro. Mesmo com informações imprecisas este trabalho foi a principal ferramenta de orientação geográfica até o fim da renascença.

HUMBOLDT, FRIEDRICH W. H. ALEXANDER VON

Geógrafo, naturalista e explorador alemão, nasceu em Berlim, mais conhecido pelas suas contribuições a geologia, climatologia e oceanografia. Ainda jovem Humboldt foi apresentado a um grupo de intelectuais (entre os quais Moses Mendelssohn) pelo seu tutor. Em 1879 ele foi para a Universidade de Gottingen, aonde estudou arqueologia, física e filosofia. O seu interesse por botânica e explorações foi intensificado ao conhecer Georg Forster, que acabará de voltar de uma viagem ao redor do mundo com o famoso Capitão James Cook. Após um ano Humboldt largou Gottingen para estudar geologia com A.G. Werner na escola de minas de Freiburg e depois veio a se tornar inspetor de minas do governo da Prússia. Uma farta herança de sua mãe o permitiu se dedicar aos seus interesses por exploração científica. Em 1799, Humboldt explorou durante 5 anos a América Latina, visitando países como Equador, Colômbia, Venezuela, México e Peru, além de parte da bacia amazônica. Durante esta viagem ele coletou muitos dados sobre clima, fauna, flora, astronomia, geologia e sobre o campo magnético da Terra. Durante sua estada no Peru fez precisas medições sobre uma corrente fria descoberta por ele que veio a ser chamada pelo seu nome e hoje é mais conhecida como Corrente do Peru. Após uma breve estada nos Estados Unidos da América foi morar em Paris aonde ficou até 1827, período durante qual escreveu uma obra de 23 volumes com as descobertas feitas na viagem. Em 1827 viajou para Berlim e foi nomeado assessor do rei da Prússia. Em 1829 por convite do Czar russo Nicolau I viajou aos Montes Urais e Sibéria para fazer estudos geológicos e fisiográficos. O resto de sua vida foi dedicada a escrever sua principal obra intitulada 'Kosmos' na tentativa abrangente de descrever o universo como um todo e mostrar que tudo era interrelacionado. Humboldt foi o primeiro a mapear pontos isotérmicos (linhas conectando pontos geográficos de mesma temperatura) e impulsionando assim o estudo da climatologia.

RITTER, KARL

Geógrafo alemão, conhecido como fundador da moderna ciência da geografia. Ritter mostrou ao mundo o princípio da relação entre a superfície da Terra e a natureza e os seres humanos, era defensor constante do uso de todas as ciências para o estudo da geografia. Foi professor de geografia na Universidade de Berlin de 1820 até sua morte; seu mais importante trabalho, 'Die Erdkunde' (Ciência da Terra, 19 volumes, 1817-1859), enfatizava a influência de fenômenos físicos na atividade humana.

RATZEL, FRIEDRICH

Geógrafo e etnólogo alemão fundador da geografia política moderna (ou geopolítica), o estudo da influência do ambiente na política de uma nação ou sociedade. Dele originou-se o conceito de 'espaço vivo' (Lebensraum), que se preocupa com a relação de grupos humanos com os espaços do seu ambiente. Ele lecionou na Univesidade de Munique entre 1875 e 1886, e desta data até sua morte foi professor de geografia da Universidade de Leipzig. Seu conceito de 'espaço vivo' foi depois usado pelo Partido Nacional Socialista (Nazista) para justificar a expansão germânica e a anexação de territórios que precedeu a segunda guerra mundial.

SISTEMATIZAÇÃO DA GEOGRAFIA: UMA ANÁLISE CRÍTICA

O estudo da geografia abrange, hoje, grande complexidade de aspectos. O desenvolvimento dos meios de comunicação, o crescimento demográfico, descoberta de novos meios de explorar a superfície terrestre, a evolução da técnica em geral, e a entrada do capitalismo trará profundas transformações na geografia, no plano da realidade e no plano do saber. A geografia começa a ser observada a partir do momento em que se necessita orientação com a ajuda da ciência às expedições que abrirão as portas das civilizações. A articulação entre cientistas e exploradores compõe a espinha dorsal dos trabalhos. Há uma intensa controvérsia sobre a matéria tratada pela geografia, sendo atribuídas múltiplas definições a esta ciência. Algumas delas são:
§ Estudo da superfície terrestre: esta definição apóia-se no significado etimológico do termo Geografia - descrição da terra, por descrever todos os fenômenos manifestados na superfície do planeta, sendo uma espécie de síntese de todas as ciências.
§ Estudo da paisagem: mantendo concepção da ciência de síntese, pois associa múltiplos fenômenos estando visíveis a aspectos visíveis do real. Possui duas variantes: a morfológica que é descritiva, sendo objeto de estudo elementos e formas; e a fisiológica que relaciona elementos e dinâmicas observando o funcionamento da paisagem, nessa perspectiva seria a idéia de organismo com funções vitais e elementos que interagem;
§ Estudo da individualidade dos lugares: compreendendo o caráter singular de cada porção do planeta, através da descrição, podendo ter uma visão ecológica. Propõe-se o estudo de uma unidade espacial passível de ser individualizada;
§ Estudo da diferenciação de áreas: através da individualização e comparação, propondo uma perspectiva mais generalizada e explicativa. São buscadas as regularidades da distribuição e das inter-relações dos fenômenos;
§ Estudo das relações entre o homem e a natureza: que podem ser as influências da natureza sobre o desenvolvimento da humanidade, estudo das relações entre homem e natureza e com os dois tendo o mesmo peso, trabalhando com os fenômenos naturais e humanos.
§ Estudo do espaço: que só seria aceito se fosse concebido como um ser específico do real, com características e com uma dinâmica própria somente depois de demonstrar a afirmação efetuada. A expressão espaço aparece como vaga, ora estando associada a uma porção específica da superfície da Terra identificada seja pela natureza, seja por um modo particular como o homem ali imprimiu suas marcas, seja com referência a simples localização.
Como ciência social a geografia tem como objeto de estudo a sociedade que, no entanto, é objetivada via cinco conceitos-chave que guardam entre si forte grau de parentesco, pois todos referem à ação humana modelando a superfície terrestre: paisagem, região, espaço, lugar e território.

O percurso: busca de entendimento nas formas de análise

A Geografia atual é um amálgama, mistura de elementos diversos que contribuem para formar um todo. Mesmo sendo um saber tão antigo quanto a própria história dos homens o atual discurso da geografia é o produto final dos embates que denominam as relações entre os imperialismos alemão e francês ao longo do século XIX, havendo uma luta entre concepções divergentes a respeito da forma como se dá a relação entre o homem e o meio. A Geografia nasce colada, de um lado, às lutas democráticas que se desenrolam nas cidades gregas e atravessam praticamente toda a sua história. A Geografia que irá desenvolver será a que veremos servindo ao Estado, concebida com relatos e mapas, e assim passará para a história como a Geografia. A relação feudalista /capitalista surge como questão do espaço, temas como domínio e organização do espaço, apropriação do território, variação regional, entre outro, estarão na ordem do dia na prática da sociedade alemã, e as primeiras colocações no sentido de uma Geografia sistematizada vão ser de Humboldt e Ritter, que criam uma linha de continuidade no pensamento geográfico. Dos romanos à "idade da ciência" (século XVIII-XIX) a geografia terá sua imagem alinhada como um inventário sistemático de terras e povos. A história da Geografia é um salto fantástico no tempo e no espaço, durante o correr dos séculos a Geografia não tem "escolas", então a partir do século XVIII desenvolver-se-ão as "escolas".

A Escola Alemã

A "escola alemã" que surge em duas vias de discussões: a "Geografia político-estatística" que define o papel da Geografia como sendo uma montagem do painel mais amplo e sistemático possível de uma dada conjuntura e a "Geografia pura" que assenta a tônica na unidade da base regional, sendo para ela critério os limites naturais do terreno. A Geografia não podia continuar sendo um quadro descritivo de uma dada situação conjuntural. O capitalismo alemão carecia de soluções práticas. O Kantismo foi decisivo nesta etapa, para Kant o conhecimento deve ser empírico havendo um "sentido interno" que revela o homem (Antropologia pragmática) e um "sentido externo", que revela a natureza (Geografia física). A Geografia é a localização do fenômeno no espaço. Outros importantes teóricos foram Humboldt e Ritter, sendo os precursores da Geografia moderna, eles vêem a Geografia como sendo a totalidade das coisas naturais e humanas, na qual os homens vivem e sobrevivem. Com Ratzel que o comprometimento da Geografia com os desígnios imperialistas da burguesia alemã mostrar-se-á com maior transparência, e dirá que o homem é que determina o seu meio natural (Determinismo). Humboldt possui conteúdos normativos explícitos, justificando a explicitação de seus próprios procedimentos de análise. O objeto geográfico é a contemplação da universalidade das coisas, de tudo que coexiste no espaço concernente a substâncias e forças, da simultaneidade dos seres materiais que coexistem na terra. O estudo reconhece a unidade na imensa variedade dos fenômenos, descobrindo pelo livre exercício dos pensamentos e combinando as observações a constância dos fenômenos em meio as suas variações aparentes. O seu método era o empirismo raciocinado (intuição a partir da observação). A obra de Ritter é metodológica, define o conceito de sistema natural como a área delimitada dotada de uma individualidade. A Geografia deveria estudar estes arranjos individuais e compará-los. O homem seria o principal elemento, ele fazia um estudo dos lugares. Sua análise era empírica, como ele dizia era necessário caminhar de "observação em observação". Procurava chegar a uma harmonia entre a ação humana e os desígnios divinos, manifestos na variável natureza dos meios. Possuía uma proposta antropocêntrica (homem é o sujeito da natureza) e regional (estudo da individualidade), valorizando a relação homem-natureza. A importância maior da proposta de Ratzel reside no fato de haver trazido, para o debate geográfico, os temas políticos e econômicos, colocando o homem no centro das análises. Mesmo que numa visão naturalizante, e para legitimar interesses contrários ao humanismo. Da crítica a Ratzel sairá o elemento-chave que é a teoria do possibilismo.

A Escola Francesa

A "escola francesa" propõe uma Geografia informativa e descritiva, ensinada nas universidades como disciplina auxiliar do ensino da história, tendo também uma feição informe e utilitária.  Um de seus expoentes foi La Blache que personificará a escola por espelhar em suas idéias melhor que qualquer de seus companheiros as aspirações do Estado Francês. A escola apoiar-se-á no funcionalismo por via do qual absorve o positivismo. La Blache discute a relação homem-natureza, não abordando as relações entre os homens. É por esta razão que a carga naturalista é mantida, apesar do apelo à História, contida em sua proposta. A geografia divide-se em Geografia Física (Humboldt) e em Geografia Humana (Ritter). Haverá a separação entre Geografia Geral (Humboldt) e Geografia Regional (Ritter). Há uma reciprocidade de influências entre o homem e o meio, no interior da qual a vontade humana dota o homem de ampla possibilidade de dominar seu meio.

A Escola Anglo-saxônia

A "escola anglo-saxônia" apresenta a "Geografia quantitativa e teorética", e o substrato que lhe dá substância é a mundialização do capital; possui base neopositivista (positivismo lógico). Seu caráter revolucionário aplica o salto para a fase explicativa. Falhando, pois era mais conhecido o "terreno" pessoalmente que computadorizado. Nós a aprendemos e percebemos por força do próprio cotidiano, fazemos parte do espaço geográfico. A Geografia é um saber vivido e apreendido pela própria vivência. Mas nem sempre a aparência é o real. A realidade esconde-se por trás da aparência, "a ciência seria desnecessária se toda essência coincidisse com a sua aparência". Pode sim, haver semelhanças formais, da aparência fazem parte os aspectos visuais e a essência não é só o empírico, mas também a realidade causal. Os métodos da Geografia sendo usada como geometria do espaço, não procura causas, consiste em uma sucessão de passos cujo fim é a inferência causal: coligir dados compará-los, classificá-los, estabelecer generalizações e extrair explicação causal.Estes passos podem ser resumidos a três sucessivas: observação, formulação de hipóteses e inferência de leis; pela via da comparação extraem-se as "leis" (generalizações) e pela via das correlações extraem-se os "padrões".

Temas para a análise da geografia

Pela concepção do todo Ritter diz que a Geografia deveria ser estudada em partes individualizadas, mas interligadas por finalidades, formando um todo. Humboldt diz que o todo é uma unidade de diversidade e a síntese era feita a partir da relação existente entre a vida orgânica e a inorgânica. A Geografia alemã usa sínteses sucessivas, usando uma temática dos métodos. Na "escola francesa" a noção do todo ganha maior refinamento teórico, mas a Geografia super-ramifica-se e terá de se conformar em ser uma "síntese das ciências de análise". A síntese só se obterá ao nível da Geografia Regional que Lacoste dirá que é um todo articulado segundo uma integração que só na sua ordem escalar (escala geográfica) pode ser apreendido.  Na "escola anglo-saxônica" determinada faixa do todo será analisada através de dados estatísticos e matemáticos, sendo que o resultado seria dado através da perspectiva genérica e explicativa do pensamento geográfico. A sociedade é o tema verdadeiro da Geografia. Ela estudá-la-á a partir daquilo que é a expressão material visível da sociedade: o espaço. A Geografia está na forma historicamente diferenciada de existência na relação visivelmente distinta com as condições materiais de existência, na forma específica da ligação orgânica entre o homem e a natureza de posse do produto do trabalho, na articulação das relações de conjunto e nas transfigurações espaços-formais.

Do surgimento da crítica

O pensamento da Geografia tem origem na antiguidade clássica (Grécia). É um período de dispersão do conhecimento geográfico, onde é impossível falar dessa disciplina como um todo sistematizado e particularizado. Sodré denomina-o de pré-história da Geografia. A sistematização tem início no século XIX com pressupostos históricos que se objetivam no processo do avanço e domínio das relações capitalistas de produção. Os pressupostos se baseiam na necessidade de que a terra toda fosse conhecida para que fosse pensado de forma unitária seu estudo; dados referentes aos pontos mais diversificados da superfície deveriam estar levantados e agrupados em alguns grandes arquivos. Existem outros pressupostos relacionados à evolução do pensamento, como o movimento ideológico e a transição do feudalismo-capitalismo na valorização de temas geográficos pela reflexão da época; afirmação das possibilidades da razão humana, a aceitação pela existência de uma ordem, manifestação de todos fenômenos, passível de ser apreendida pelo entendimento e enunciada em termos sistemáticos. A efetivação da Geografia ocorria no período de decadência ideológica do pensamento burguês, em que a prática dessa classe, então dominante, visava à manutenção da ordem social existente. Certamente, não se pode negar que a sistematização da Geografia, representada por suas escolas colaborou de forma decisiva para se justificar tanto o imperialismo alemão quanto o imperialismo francês.  Entretanto, a sistematização possibilitou uma melhor compreensão da sociedade da qual fazemos parte e até de nós mesmos. Conhecimento este que é aplicado até os tempos atuais. Como podemos observar, as escolas surgidas nesse contexto de formação do pensamento geográfico estavam realizando uma análise do espaço geográfico de forma "acritica". Os movimentos de renovação da geografia e a própria geografia crítica, conforme o próprio nome já diz, vieram com o intuito de remodelar, revitalizar a forma de se fazer geografia e de se analisar o pensamento geográfico como um todo. Este trabalho ocorreu por meio de importantes geógrafos com Milton Santos e Hartshorne que fizeram pesadas críticas ao sistema decadente, mas não se limitaram apenas a criticar como também trouxeram novas teorias e formas de se trabalhar a geografia. A geografia finalmente estava voltando a ver o mundo de forma atualizada e crítica como deveria ser. Iniciava-se uma nova forma de pensar...

Conclusão

Considerada por alguns como uma das mais antigas disciplinas acadêmicas, a Geografia surgiu na Antiga Grécia, sendo no começo chamado de história natural ou filosofia natural. A Geografia se propõe a algo mais que descrever paisagens, pois a simples descrição não nos fornece elementos suficientes para uma compreensão global daquilo que pretendemos conhecer geograficamente.  Ir além das aparências significa considerar que por trás de toda paisagem temos, necessariamente, uma dinâmica particular que a determina, que a constrói, que a mantém com determinada aparência. Estudar geograficamente o mundo, no todo ou em parte, é buscar entender como e por que as paisagens apresentam as características que observamos. A geografia deve propor-se a investigar, principalmente, o modo pelo qual a sociedade produz o espaço geográfico.O espaço geográfico não se revela apenas na aparência das coisas, mas, sobretudo na investigação das razões que determinam essa aparência. Podemos compreender que o espaço geográfico inclui a Natureza e o homem. O positivismo foi de fundamental importância para a Geografia, pois sua sistematização ocorreu de acordo com os princípios positivistas, como o empirismo que deixou fortes influências na Geografia. Os principais autores foram Humboldt que usou o método do raciocínio através do empirismo e da observação; e Ritter que mostrou ao mundo o princípio da relação entre a superfície da terra e a natureza e dos seres humanos, era defensor constante do uso de todas as ciências para o estudo da geografia.  Já sabemos que só a partir deles a Geografia se tornou realmente uma ciência e que sua sistematização proporcionou que virasse uma ciência acadêmica que pudesse ajudar em questões atuais. Impulsionada por um período de acúmulo de arquivos e dados geográficos referentes a novas terras, a sistematização se torna necessária, potencializando a sintetize de informações e formando-se quadros e teorias geográficas. Tal período ainda não fora totalmente racionalizado, ou seja, seu conteúdo possui alguns traços e marcas da irracionalidade característica de um processo em iniciação. O processo geográfico não se encontra parado, pelo contrário ele flui pelas correntes sucessivas a esse período buscando sua firmação e aprimoramento. A busca da articulação entre natureza e sociedade não foi tarefa fácil para os geógrafos. Na verdade, construir uma ciência de articulação na época em que surgiu oficialmente a Geografia pareceria ser como remar contra a maré, pois nesse período a visão de ciência dominante privilegiava a divisão entre ciências da natureza e da sociedade. A fragmentação científica é sem dúvida a força que promove o primeiro impacto na existência da Geografia.  "A geografia serve antes de mais para fazer a guerra". Esta frase de Yves Lacoste aparentemente simples resume perfeitamente este trabalho. A guerra aqui tratada, não é apenas uma guerra de armas e de dominação, mas principalmente, uma guerra de idéias, de teorias, de ciência. A Geografia em sua busca de novos caminhos e de novas interpretações do mundo se posiciona de uma forma crítica, direcionando sua contribuição para resgatar a importância do espaço no mundo atual. Anteriormente esse papel era o de fonte de recursos, de fornecedor de condições que facilitassem o processo de desenvolvimento. Atualmente busca-se o papel ativo do espaço na sociedade, como uma das instancias sociais e não como um pano de fundo onde as relações sociais ocorreriam. (SANTOS, 1978).

quinta-feira, 5 de abril de 2012

A TRAJETÓRIA DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: UMA BREVE INTERPRETAÇÃO

ROBERTO LOBATO CORRÊA PPGG/UFRJ

Resumo: Este estudo focaliza a trajetória da geografia brasileira de 1934 ao final da primeira década do século XXI. Está organizado em três partes, complementares entre si. A primeira aborda as continuidades e descontinuidades na geografia brasileira, relativas aos periódicos, núcleos de pesquisa, temas e sub-temas. A segunda discute a crescente complexificação de paradigmas na geografia brasileira que, nascida sob influência francesa, torna-se progressivamente mais complexa, plural. Os anos de 1969, 1978 e do início da década de 1990 constituem marcos temporais dessa complexificação. A terceira apresenta a geografia da geografia brasileira a partir da difusão da geografia acadêmica pelo espaço brasileiro. É possível construir um mapa da geografia produzida no Brasil. O texto termina com proposições de pesquisa sobre a geografia brasileira.

Palavras-Chave: continuidades, descontinuidades, paradigmas, difusão, centros e relações.

A trajetória da geografia brasileira pode ser analisada de diversos modos, mas qualquer que seja será sempre seletiva, sendo apresentados e discutidos aqueles pontos julgados pertinentes por aquele que a apresenta. A interpretação de um processo ou objeto é, em realidade, uma construção. Entre os modos possíveis há um que é rejeitado. Trata-se da narrativa cronológica, na qual são apresentados uma sucessão de eventos, instituições, autores, paradigmas, práticas e suas relações, que ocorreram entre 1934, quando se dá a institucionalização da geografia, e 2010. A rejeição se dá porque a narrativa cronológica pode levar a uma visão teleológica, na qual são os fatos passados que determinam os fatos seguintes e assim por diante, negando a relativa autonomia de cada presente. No texto que se segue a trajetória da geografia brasileira será apresentada segundo três eixos não independentes entre si, cada um focalizando um angulo dessa trajetória, ângulos avaliados como importantes para se compreender pontos significativos dessa trajetória. Os três eixos são os seguintes: continuidades e descontinuidades de matrizes, procedimentos operacionais e temas; crescente complexidade paradigmática; e a geografia da geografia brasileira. Diferenças de percursos, acumulação de conhecimentos e o olhar geográfico são crenças e modo de ver que justificam os três mencionados eixos. Nas considerações finais algumas sugestões para investigação serão enunciadas, muitas delas diretamente vinculadas aos pontos aqui tratados.

CONTINUIDADES E DESCONTINUIDADES

A trajetória de um dado campo do conhecimento científico não é descrita por meio de uma linha regular e ascendente, mas por meio de linha irregular, que pode apresentar continuidades, descontinuidades, podendo desaparecer. A trajetória, por outro lado, pode ser longa ou curta, ou ter momentos de ascensão e momentos descendentes. Isto se verifica não apenas ao se considerar um dado campo do conhecimento, mas também face aos seus sub-campos.A trajetória variável, não previsível de antemão, deriva de uma combinação de condições externas ao campo de conhecimento, de condições locais de pesquisa, das motivações dos pesquisadores e das relações entre condições externa, interna e interpessoais, que incluem relações de poder. A variabilidade da trajetória se dá ao se considerar o conjunto do campo em escala nacional e em escala local. As continuidades e descontinuidades são evidências do desigual e combinado processo de produção de conhecimento científico. A trajetória da geografia brasileira evidencia isto. Continuidades e descontinuidades manifestam-se de diferentes modos, incluindo a continuidade de periódicos, a exemplo do GEOSUL e do Boletim de Geografia Teorética ou ainda do Boletim Paulista de Geografia, e o desaparecimento da Revista Brasileira de Geografia (1939 a 1995) ou ainda as trajetórias de núcleos locais da AGB, exemplificado com o do Rio de Janeiro. Continuidades e descontinuidades se fazem sentir em sub-campos e seus temas. A geografia urbana constitui-se em exemplo de sub-campo marcado por continuidade ascendente, sendo o mais bem organizado da geografia brasileira. Contudo, em seu interior, há descontinuidades quando se compara os estudos sobre a rede urbana e aqueles voltados para o espaço urbano. O primeiro deles exibe descontinuidade, enquanto o segundo, mais recente, caracteriza-se pela continuidade. A geografia econômica, por outro lado, apresenta- se como um sub-campo marcado por descontinuidades, a despeito da importância das transformações econômicas que o país vem passando, sobretudo a partir de meados da década de 1950. É verdade que muitos estudos de geografia agrária poderiam ser enquadrados como de geografia econômica e, nesse sentido, a observação se aplica mais aqueles estudos voltados para a geografia das indústrias e do comércio. A denominada geografia teorético-quantitativa é outro significativo exemplo. Entre 1968 e 1977 aproximadamente, a revolução teorético-quantitativa no Brasil gerou grupos de pesquisa em Rio Claro (UNESP) e no Rio de Janeiro (IBGE) tendo sido criados na primeira cidade uma associação (AGETEO – Associação de Geografia Teorética) e um periódico (Boletim de Geografia Teorética). Contestada que foi os geógrafos desta perspectiva produziram muito, mas a partir dos anos 80 verificou-se uma diminuição no impacto, chegando mesmo a desaparecer entre os geógrafos do IBGE. A descontinuidade se faz presente quando, a partir dos anos 90 surge e se desenvolve, sem as severas críticas feitas aos geógrafos de Rio Claro e do IBGE, o SIG (Sistema de Informação Geográfica), um conjunto de técnicas associadas a programas de computação, que realiza inúmeras operações geograficamente referenciadas. Trata-se, assim, entendemos, de um renascimento da tradição positivista e neo-positivista na geografia. Muitos que adotam o SIG desconhecem suas raízes e o aplicam sem preocupações teóricas, como meras, inocentes e úteis ferramentas. O movimento crítico na geografia brasileira, iniciado em 1978, perdeu o fôlego na década de 1990, mas reaqueceu mais recentemente com a criação de grupos de estudos dedicados aos movimentos populares, a exemplo do NUPED (Núcleo de Estudos e Pesquisas de Desenvolvimento) no Rio de Janeiro, e do grupo dedicado ao estudo do gênero e sua espacialidade, tema escassamente considerado anteriormente. As continuidades e descontinuidades manifestam-se de diversos modos, como já afirmado, necessitando de estudos acurados e profundos sobre os diferentes sub-campos da geografia brasileira. As reflexões sobre esta temática nos permitiram sugerir uma tipologia de continuidades e descontinuidades:
• continuidade ativa e ascendente;
• continuidade sem expressão, à margem;
• descontinuidade fragmentada, com inúmeros hiatos;
• descontinuidade temporária, com uma única interrupção.
A sugestão acima, muito provisória, procura descrever a intensidade e o ritmo do processo de produção do conhecimento.

CRESCENTE COMPLEXIDADE PARADIGMÁTICA

A trajetória da geografia brasileira caracterizou-se por crescente complexidade de paradigmas, na qual matrizes distintas, antagônicas ou complementares, foram sendo incorporadas, gerando no começo do século XXI, um nítido e enriquecedor pluralismo. Reconhecemos que este pluralismo é saudável e nele residem, em parte, motivações para o debate e a possibilidade de avanços na geografia brasileira. O monismo paradigmático é nefasto e tende a levar à decadência aquele campo da ciência que se manteve atrelado a um único paradigma, incontestável e não raras vezes transformado em retórica da verdade. Em outras palavras e resumidamente, as diferenças são bem-vindas. Sob a influência da geografia francesa a geografia brasileira nasceu com o propósito de ser vidaliana. Tanto na USP (1934) como na atual UFRJ (1936) ou no IBGE (1939) foram geógrafos franceses, Pierre Monbeig, Pierre Deffontaines e Francis Ruellan, que fundaram a geografia brasileira. O monismo vidaliano, apreendido sem a densidade da proposta de Paul Vidal de La Blache, foi largamente dominante até 1956. O Congresso da UGI (União Geográfica Internacional) realizado na cidade do Rio de Janeiro, colocou os geógrafos brasileiros em contato com outros modos de ver a geografia, ainda que predominantemente francesa. Jean Tricart, Pierre George e Michel Rochefort, entre outros, trouxeram novos aportes à geografia urbana e econômica. A complexidade se põe em marcha. A partir de 1970, aproximadamente, verifica-se um progressivo movimento de complexificação paradigmática na geografia brasileira, já em processo de diversificação iniciado após 1956. Com cerca de 15 anos de atraso a denominada revolução teoréticoquantitativa desembarca no Brasil. Polêmica que foi, a inovação tardia possibilitou uma crítica à perspectiva vigente, marcada por uma visão excepcionalista, e a adoção de métodos matemáticos e estatísticos. O uso de modelos formais e a preocupação com leis, princípios e conceitos constituíram-se em avanços e em pontos de discordância. O Boletim de Geografia Teorética é uma criação desse movimento em Rio Claro. A década de 1970 veria também o desenvolvimento de uma perspectiva crítica, fortemente influenciada pelo materialismo histórico e dialético. Este movimento de complexificação se dará no final da década, tendo como marco o Congresso da AGB em Fortaleza em 1978, congresso no qual Milton Santos reaparece após longa ausência desde 1964, quando da realização do congresso da AGB em Poços de Caldas. Os dois movimentos, nascidos em contextos políticos distintos e com propostas antagônicas, estão inscritos na história da geografia brasileira. Ambos não têm mais a força que cada um teve a seu tempo. A geografia teorético-quantitativa sobrevive sobretudo por intermédio de um mais pobre descendente, o Sistema de Informação Geográfica, enquanto a denominada geografia crítica apresenta muito mais uma postura crítica, de esquerda, do que análises solidamente alicerçadas na teoria marxista. Mas ambas compõem o quadro de complexidade paradigmática da geografia brasileira atual. Com atraso também da ordem de 15 anos, no começo da década de 1990 emerge a geografia cultural, sub-campo de longa tradição nos Estados Unidos. Na década de 1970 tanto lá como na Inglaterra emerge uma renovação que se caracteriza por privilegiar a cultura “como mapas de significados”. É na cidade do Rio de Janeiro, na UERJ, que é criado o NEPEC (Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Espaço e Cultura), que desenvolve pesquisas sobre a dimensão cultural do espaço. Como inovação o movimento, à semelhança da geografia teorético-quantitativa e da geografia crítica, foi submetido a inúmeras críticas, mas difundiu-se e hoje compõe o perfil plural da geografia brasileira. Paradigmas alicerçados no positivismo (na maioria dos casos não se poderia falar em neo-positivismo), no materialismo histórico e dialético (em muitos casos um marxismo superficial) e na heterotopia que caracteriza a geografia cultural (nem sempre o conceito de cultura é clarificado, caindo-se no senso comum), definem, basicamente, a crescente complexidade paradigmática da geografia brasileira, rica, polêmica, alimentada pelos embates entre estas três visões distintas. Não se pode falar em “Escola Brasileira de Geografia”, que tem como um suposto a natureza monotônica de seu pensamento, de suas análises alicerçadas em um único paradigma. Pode-se falar em Geografia Brasileira, que teve uma trajetória que partiu do monismo para chegar ao pluralismo. Neste pluralismo convivem, em maior ou menor grau, conceitos e formulações teóricas advindas de fontes diversas, expressas nas contribuições de autores, entre outros, Bakhtin, Barthes, Cassirer, Castoriadis, Deleuze, Dilthey, Durkheim, Eliade, Engels, Foucault, Geertz, Gramsei, Hall, Heidegger, Lefébvre, Lenin, Marx, Merleau-Ponty, Panofsky, Weber e Williams. A lista está longe de ser completa, mas os nomes aqui mencionados eram desconhecidos, senão por todos, pela grande maioria dos geógrafos brasileiros anteriormente a 1970. Há mesmo textos que fazem aquilo que Geertz denominou ‘mistura de gêneros’, isto é, co-existência em um mesmo texto de matrizes e autores distintos mas que, na perspectiva rizomática da ciência, possibilitam complementaridades enriquecedoras.

A GEOGRAFIA DA GEOGRAFIA BRASILEIRA

Uma dada trajetória não envolve apenas o tempo, uma diacronia. Envolve também o espaço, adquirindo assim uma espacialidade. A trajetória é simultaneamente temporal e espacial, sendo dotada de uma espaço-temporalidade. Mas a lógica desta espaçotemporalidade é complexa, revelada por complexos mapas de difusão espacial, no qual os pontos de irradiação e recepção apresentam tamanhos e densidades distintos, assim como datações que não seguem nenhum modelo pré-estabelecido. Este eixo justifica-se com base na crença de que “a geografia está em toda parte”, conforme disse Denis Cosgrove, embora nem sempre sejamos suficientemente geógrafos para assim perceber, acrescentaríamos, parafraseando Bruno Latour. Dois focos iniciais, São Paulo e Rio de Janeiro, as duas maiores cidades do país, a primeira em ascensão econômica e a segunda a capital política do país, constituíram-se nos pontos de partida da espacialidade da geografia brasileira. A irradiação foi lenta, tendo como base a formação de geógrafos nestes dois centros que em breve iriam participar senão da criação de outros departamentos, como membros do corpo docente paulistano e carioca. Neste processo de difusão a preponderância da USP é inconteste, em parte, devido à existência, já em 1945, do curso de doutorado nessa universidade. A difusão a partir da USP prossegue nos anos subseqüentes, dada a força de seu quadro docente. Criam-se departa- mentos de geografia a partir de geógrafos formados por aqueles que 10 ou 20 anos antes estudaram na USP. Há, assim, uma temporalidade na espacialidade da geografia brasileira, podendo-se falar em focos iniciais, centros de primeira geração e centros de segunda geração. O Rio de Janeiro aparece como foco inicial secundário, cuja força é menos intensa e mais recente. Isto se deve, em parte, à mais tardia criação de seu curso de doutorado apenas em 1992. Há, contudo, focos criados autonomamente, independentes de São Paulo e Rio de Janeiro. Salvador e Recife são os melhores exemplos. A difusão de cursos de Geografia prosseguiu para outras metrópoles e capitais estaduais, a seguir espraiando-se para cidades menores, capitais regionais em muitos casos. Dois períodos caracterizam essa difusão. O primeiro, de 1934 a 1968, foi lento, enquanto o segundo, após a reforma universitária de 1968, caracterizou-se por enorme rapidez. Esta rapidez, por outro lado, caracterizou a criação de programas de pós-graduação em Geografia, que teve grande salto a partir dos anos 90. Neste processo metrópoles regionais, capitais regionais e mesmo centros menores foram beneficiados com cursos para os quais nem sempre estavam adequadamente preparados. Manaus, Santa Maria e Maringá são exemplos de metrópoles (Manaus) e de capitais regionais (Santa Maria e Maringá) beneficiados. A difusão dos cursos de pós-graduação também beneficiou cidades menores, a exemplo de Francisco Beltrão, Paranavaí, Catalão e Três Lagoas. Os efeitos qualitativos desse processo de difusão estão para ser avaliados, para isto não se prendendo aos modelos de avaliação do CNPq e da CAPES. Levanta-se a temática da formação de redes de geógrafos, a exemplo do GEU (Grupo de Estudos Urbanos) do grupo que estuda as cidades médias, do NEPEC (Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Espaço e Cultura) e NEER (Núcleo de Estudos sobre Espaço e Representação). Que espacialidades foram criadas e o que significam? Estas redes são as substitutas das conexões regionais que haviam na geografia brasileira? Qual a estrutura de poder que alicerça estas redes?

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A interpretação acima apresentada não é a única possível. A perspectiva construcionista, que dá forte crédito à imaginação, viabilizando a polivocalidade, possibilita outras interpretações nem melhores nem piores, mas enriquecedoras pelas diferenças que cada uma contém. A trajetória da geografia brasileira pode e deve ser pensada por diversas vozes, revelando que a objetividade aparente transforma-se em inúmeras subjetividades, produzindo interpretações que traduzem olhares diferentes e mutuamente enriquecedores. Indiquemos, para finalizar este pequeno texto, alguns pontos da trajetória da geografia brasileira que julgamos pertinentes de análise. Outros pontos podem ser apontados.
• O papel dos estrangeiros na formação, consolidação e mudanças na geografia brasileira.
• As condições, atores e meios pelos quais mudanças paradigmáticas ocorreram na geografia brasileira.
• A contribuição de Milton Santos para a geografia brasileira.
• A trajetória específica de sub-campos da geografia, a exemplo da geografia econômica, geografia política, geografia do turismo e geografia cultural.
• O confronto entre Rio de Janeiro e São Paulo pela hegemonia na geografia brasileira.
• O embate pelo controle da geografia brasileira, ou o papel de ‘coronéis’,‘mandarins’ e ‘gurus’.
• Os impactos da política de incentivos do CNPq e CAPES sobre a produção geográfica brasileira.
• O papel da Associação dos Geógrafos Brasileiros e da ANPEGE na construção da geografia brasileira.
• As relações entre a geografia da academia e a da formação do cidadão comum.