A Abimaq (Associação
Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) foi fundada em 1937,
inicialmente como Sindicato de Máquinas Texteis, quando o capital cafeeiro já
havia iniciado a migração para o setor industrial paulista. Viveu tempos de
glória nos anos 80, quando o Brasil tornou-se o quinto maior fabricante de
máquinas e equipamentos do mundo. Hoje, o Brasil ocupa um modesto 14o lugar. Mesmo
assim, o setor é expressivo: 4.500 empresas, basicamente pequenas e médias, das
quais 1.500 são associadas e contribuem voluntariamente para a associação. 70%
da produção são de empresas de pequeno e méido porte. Tem 260 mil empregos
diretos com trabalhadores com 9 anos de tempo médio de estudo. O setor emprega
mais que o automobilístico: são 260 mil empregos diretos (contra 160 mil do
automobilístico). De 2008 a 2011, o faturamento do setor caiu quase 4%. No
mesmo período, as importações aumentaram cerca de 36% e as exportações apenas
4,6%. Como consequência, o déficit comercial do setor foi de US$ 17 bilhões
apenas em 2011. Pouco antes da crise de 2008, o setor exibia um tempo médio de
19,2 semanas para os pedidos em carteira. Atualmente está em 15,8, um dos mais
baixos da história. Antes da crise, o NUCI (Nível de Utilização da Capacidade
Instalada) estava em 86,1% em um turno. Com a crise, em março de 2009 caiu para
80,8%. Atualmente está em 76,1%, um dos mais baixos dos últimos 40 anos. Anos
atrás, a Abimaq decidiu abrir um escritório na China, pensando identificar
novas oportunidades para as empresas brasileiras. Desistiu. A maioria dos
empresários que visitam a China, usavam a base de apoio da Abimaq e voltavam
com uma representação de empresa chinesa. Parte desses problemas decorre da
guerra comercial instaurada após a crise de 2008. Recentemente a Mitsubishi,
japonesa, ofereceu uma máquina no mercado com dez anos de prazo de
financiamento, dois anos de carência, 1,75% ao ano de juros e desconto de 23%
no preço anterior. A invasão chinesa tem promovido uma arraso no setor. De
outubro a maio, o setor dispensou 7.200 técnicos do mais alto nível. Hoje em
dia, enfrenta máquinas da China que chegam no país a 8 dólares o quilo. São 800
tipos de produto chegando a um custo inferior ao próprio custo da matéria
prima. A defesa comercial brasileira está nas mãos de 17 pessoas. Recentemente,
houve a contratação de mais 100. Na China, são 4 mil pessoas envolvidas na
defesa comercial; mais de 2.500 nos Estados Unidos. Recentemente, junto com a
Fundação Getúlio Vargas, a Abimaq bancou um estudo visando estimar o chamado
custo Brasil. Analisou o custo de um produto na Alemanha, Estados Unidos e no
Brasil. Depois, estimou o adicional do produto brasileiro, em cada etapa fora
da fábrica. Deu quase 44% a mais. Desse total, o maior peso foi do custo dos
insumos internos (mesmo o Brasil sendo dos maiores produtores mundiais de
minério de ferro e aço), respondendo por 24 pontos desse total. Outros 9,41
pontos foram representados pelo impacto dos juros no capital de giro. Com 4
pontos, os encargos sociais e trabalhistas. No começo do ano, o país finalmente
acordou para a importância da batalha da reindustrialização. Mas há uma corrida
contra o tempo. Quanto mais demorar, mais difícil será a inversão de rota.
Fonte: www.cartacapital.com.br. Acesso em
27/08/12.