A América Latina vai atingir
uma taxa de urbanização de 90% até 2020, segundo um estudo inédito do Programa
das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (Onu-Habitat), divulgado na
manhã desta terça-feira 21. Os dados mostram que a América Latina e o Caribe
são as regiões mais urbanizadas do mundo, embora uma das menos povoadas em
proporção territorial. Na área, cerca de 80% das pessoas moram em cidades hoje,
número superior ao de países desenvolvidos. Metade da população urbana vive em
cidades com menos de 500 mil habitantes (222 milhões de indivíduos) e 14% nas
megacidades (65 milhões). Embora o número de municípios tenha aumentado seis
vezes em 50 anos, o crescimento demográfico e a urbanização perderam força. E o
acesso maior a serviços de água e saneamento tornou as cidades menores mais
atrativas. Se em 1950 havia 320 cidades com pelo menos 20 mil habitantes, meio
século depois o número passou para 2 mil. As metrópoles (com mais de 5 milhões
de habitantes), inexistentes na América Latina e no Caribe em 1950, hoje são
oito: Cidade do México, São Paulo, Buenos Aires, Rio de Janeiro, Lima, Bogotá,
Santiago e Belo Horizonte. Mas as cidades com maior densidade populacional
crescem menos em termos populacionais desde os anos 80, quando começaram a
perder vantagens competitivas. Em termos econômicos, o peso destes locais está
diminuindo em detrimento de cidades menores, como regiões fronteiriças e
municípios que se beneficiam de grandes investimentos industriais e corredores
econômicos. As cidades com menos de 1 milhão de habitantes têm crescido mais.
Desigualdade
Segundo o estudo da ONU, as
40 principais cidades da região somam um PIB anual de 842 bilhões de dólares.
Mais de 65% do produto interno bruto regional vem de áreas urbanas, onde se
concentram os serviços e a indústria. A renda per capita da América Latina e
Caribe quase triplicou desde os anos 70, mas isso ocorreu com grandes
disparidades. Algo evidenciado por cidades com receitas por habitante
superiores à média de seu país. A luta contra a pobreza também teve avanços na
última década, com queda na proporção da população urbana pobre. Os números
absolutos, porém, ainda são elevados. Cerca de 124 milhões de habitantes de
cidades vivem na pobreza, um em cada quatro pessoas em áreas urbanas. Essa
desigualdade e a pobreza aparecem nas condições precárias das habitações nas
cidades da região, como favelas. Mais de 111 milhões de pessoas ainda moram em
casas nestas condições, um número superior ao verificado há 20 anos. Isso
porque, segundo o estudo, não há quantidade e qualidade suficiente de casas
para garantir condições mínimas à população.
Fonte: www.cartacapital.com.br.
Acesso em 21/08/2012.
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