terça-feira, 31 de julho de 2012

REINO UNIDO DA GRÃ-BRETANHA E DA IRLANDA DO NORTE E A REPÚBLICA DA IRLANDA

Reino Unido (em inglês: United Kingdom - UK), oficialmente Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte (em inglês: United Kingdom of Great Britain and Northern Ireland), é um país insular soberano localizado na costa noroeste da Europa continental. O Reino Unido inclui a ilha da Grã-Bretanha, a parte nordeste da ilha da Irlanda, além de muitas outras ilhas menores. A Irlanda do Norte é a única parte do Reino Unido com uma fronteira terrestre, sendo a mesma com a República da Irlanda. Fora essa fronteira terrestre, o Reino Unido é cercado pelo Oceano Atlântico, o Mar do Norte, o Canal da Mancha e o Mar da Irlanda. O Reino Unido é uma união política de quatro nações constituintes: Escócia, Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales. A nação é governada por um sistema parlamentar com a sede do governo em Londres, a capital, e é uma monarquia constitucional com a rainha Elizabeth II sendo a chefe de Estado. As dependências da Coroa das Ilhas do Canal (ou Ilhas Anglo-Normandas) e a Ilha de Man, formalmente possessões da Coroa, não fazem parte do Reino Unido, mas formam uma confederação com ele. O Reino Unido tem quatorze territórios ultramarinos, todos remanescentes do Império Britânico, que no seu ápice, possuía quase um quarto da superfície terrestre mundial, fazendo desse o maior império da história. Como resultado do império, a influência britânica pode ser vista na língua, cultura e sistemas judiciários de muitas de suas ex-colônias como o Canadá, Austrália, Índia e os Estados Unidos. A rainha Elizabeth II permanece como a chefe da Comunidade das Nações (Commonwealth) e chefe de Estado de cada uma das monarquias na Commonwealth. A área total do Reino Unido é de aproximadamente 245.000 quilômetros quadrados compreendendo a maior parte das Ilhas Britânicas, incluindo a ilha da Grã-Bretanha, o nordeste da ilha da Irlanda (Irlanda do norte) e outras pequenas ilhas. É banhado pelo Oceano Atlântico Norte e o mar do Norte e está a 35 quilômetros da costa noroeste da França, separados pelo Canal da Mancha.


História

Em 1 de Maio de 1707 foi criado o Reino Unido da Grã-Bretanha, normalmente referido depois por Reino da Grã-Bretanha, criado pela união política do Reino da Inglaterra (que incluía o uma vez independente Principado de Gales) e o Reino da Escócia. Isso foi o resultado do Tratado de União assinado em 22 de Julho de 1706, e depois ratificado pelos parlamentares de Inglaterra e Escócia passando a um Ato de União em 1707. Quase um século depois, o Reino da Irlanda, que estava sob controle inglês entre 1541 e 1691, uniu-se ao Reino da Grã-Bretanha no Ato de União de 1800. Embora Inglaterra e Escócia tivessem sido países separados antes de 1707, eles tinham uma união pessoal desde 1603, quando Jaime VI, Rei dos Escoceses, herdou o trono do Reino da Inglaterra, tornando-se Rei Jaime I da Inglaterra, e trocou Edimburgo por Londres.


A Inglaterra corresponde a praticamente a metade da área total do Reino Unido, cobrindo 130.410 quilômetros quadrados. A maioria do país é formada de planícies e terras montanhosas no noroeste da linha Tees-Exe. Cadeias de montanhas são encontradas no noroeste (Montanhas Cumbrianas do Lake District), no norte (o pântano dos Peninos e as colinas de calcário do Peak District) e no sudoeste (Exmoor e Dartmoor). Lugares mais baixos incluem as colinas de calcário da Ilha de Purbeck, Costwolds e Lincolshire Worlds, e crés da formação de crés do sul da Inglaterra. Os principais rios e estuários são o Tâmisa, o Severn e o Estuário de Humber. A maior montanha do país é o Pico Scafell, localizado no Lake District com 978 metros.


A Escócia conta com um terço de toda a área do Reino Unido, cobrindo 78.772 quilômetros quadrados.  A topografia da Escócia é distinguida pela Falha da Highland – uma falha geológica – que atravessa as planícies escocesas de Helensburgh à Stonehaven. A fratura separa duas regiões diferentes; as Highlands (Terras Altas) no norte e no oeste e as Lowlands (Terras Baixas) no sul e no leste. A região das mais rochosas Highlands contém a maioria dos terrenos montanhosos da Escócia, incluindo o maior pico, Ben Nevis, com 1 344 metros. É nas Terras Baixas (Lowlands), no sul da Escócia, onde se encontra a maioria da população, especialmente no cinturão estreito de terra entre o Firth de Clyde e o Firth de Forth conhecido como o Cinturão Central. Glasgow é a maior cidade da Escócia, embora Edimburgo seja a capital e o centro político do país. A Escócia também tem em torno de oitocentas ilhas, principalmente no oeste e no norte, notadamente as Hébridas, as Órcades e as Shetland.


O País de Gales corresponde a menos de um décimo da área total do Reino Unido, cobrindo apenas 20.758 quilômetros quadrados. O país é na sua maioria montanhoso embora o sul seja menos montanhoso que o norte. As principais áreas industriais e populacionais estão em Gales do Sul, como as cidades de Cardiff, Swansea e Newport e os arredores dos Vales de Gales do Sul. As montanhas mais altas do País de Gales estão em Snowdonia e inclui Snowdon (Wydfa em galês), que, com 1.085 metros, é o pico mais alto do País de Gales. As 14 montanhas galesas com mais de .3000 pés (914 metros) de altura são conhecidas coletivamente como o 3.000 Galês. Gales faz fronteira com a Inglaterra no leste, e no mar nas outras três direções: o canal de Bristol no sul, o Canal de São Jorge no oeste, e o Mar da Irlanda no norte. Gales tem mais de 1.200 km de costa marítima. E, além disso, tem diversas ilhas, sendo a maior delas Anglesey (‘Ynys Môn’) no noroeste.


A Irlanda do Norte conta com somente 14.160 quilômetros quadrados e é na maioria montanhosa. Ela inclui o Lough Neagh, com 388 quilômetros quadrados, o maior lago do Reino Unido e da Irlanda. O ponto mais alto é o Slieve Donard com 849 metros na província de Montanhas Mourne. Atualmente, a Irlanda do Norte não tem bandeira oficial. É utilizada em substituição a Bandeira do Reino Unido desde 1972. Até então, o governo norte-irlandês utilizava oficialmente o Estandarte do Ulster para representar a Irlanda do Norte.


Irlanda (em irlandês: Éire e em inglês: Ireland), oficialmente República da Irlanda (em irlandês: Poblacht na hÉireann e em inglês: Republic of Ireland), é um Estado soberano da Europa que ocupa cerca de cinco sextos da ilha homônima. É uma república constitucional governada como uma democracia parlamentar, com um presidente eleito servir como chefe de Estado. Considerada um país desenvolvido, a Irlanda tem o sétimo mais alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo, além de ótimas classificações em índices que medem o grau de democracia e liberdades como a de imprensa, econômica e política. Além da União Europeia (UE), a Irlanda também é membro do Conselho da Europa, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), da Organização Mundial do Comércio (OMC) e das Organização das Nações Unidas (ONU). Sua capital é Dublin e sua população é estimada em 4,58 milhões de habitantes. O Estado moderno irlandês foi fundado em 1922 como o Estado Livre Irlandês, um domínio dentro do Império Britânico, na sequência do Tratado Anglo-Irlandês que pôs fim à Guerra de Independência da Irlanda. A partição da Irlanda já havia sido prevista na legislação britânica anterior a 1921, como forma de resposta à oposição irlandesa ao Home Rule britânico ou aos movimentos de independência de unionistas, que formaram uma maioria na parte nordeste do país. Seis dos nove condados da província nortista do Ulster foram então estabelecidos como a Irlanda do Norte, uma parte do Reino Unido, com o qual o Estado irlandês divide a sua única fronteira terrestre. A Irlanda é cercada pelo Oceano Atlântico, com o mar Céltico ao sul, o Canal de São Jorge a sudeste e o Mar da Irlanda a leste. A ilha da Irlanda tem uma extensão de mais 84.421 km², dos quais cinco sextos pertencem à República, constituindo o restante a Irlanda do Norte. É banhada a oeste pelo oceano Atlântico, a nordeste pelo canal do Norte, a leste pelo mar da Irlanda e a sudeste e sul pelo canal de São Jorge e pelo mar Céltico.
Fonte: pt.wikipedia.org

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Breve Introdução aos Conceitos Geográficos

Dentre os conceitos da Geografia, o espaço geográfico é o mais abrangente, apresentando-se como “um todo” do qual derivam os demais conceitos e com o qual eles se relacionam. Correa [1] lembra que o termo espaço é de uso corrente, utilizado no dia a dia e em diversas ciências. Nos dicionários o verbete espaço apresenta numerosos qualificativos, além de ser descrito segundo várias acepções diferentes. “Entre os astrônomos, matemáticos, economistas e psicólogos, entre outros, utiliza-se, respectivamente, as expressões espaço sideral, espaço topológico, espaço econômico e espaço pessoal” [1]. O homem é o agente por excelência do espaço geográfico. O espaço somente passa a existir quando se verifica interação entre o homem e o meio em que vive, do qual retira o que lhe é necessário para a sobrevivência, promovendo alterações de suas características originais. A forma como as sociedades se relacionam com o espaço vai se modificando, enquanto sua capacidade de intervenção se acentua e o espaço geográfico torna-se cada vez mais abrangente, chegando atualmente, a quase se sobrepor a todo o globo. Além disso, a presença humana efetiva não é imprescindível para que uma área seja definida como espaço geográfico, basta que a área esteja inserida nos projetos humanos ou que se verifique intervenção indireta, como por exemplo, através de zoneamentos e delimitação de áreas de preservação. A expressão espaço geográfico ou simplesmente espaço, aparece como vaga, estando associada a uma porção específica da superfície da terra identificada, seja pela natureza, como destaca Correa [1], seja por um modo particular como o homem imprimiu as suas marcas, seja com referência a simples localização. O autor acrescenta que “a palavra espaço tem o seu uso associado indiscriminadamente a diferentes escalas, global, continental, regional, da cidade, do bairro, da rua, da casa e de um cômodo no seu interior.” [1]. O conceito de paisagem está relacionado a tudo que os sentidos humanos podem perceber e apreender da realidade de determinado espaço geográfico ou parte dele, está diretamente relacionado à sensibilidade humana. Há quem entenda a paisagem como uma realidade que pode ser representada visualmente em uma fotografia ou pintura. Embora a visão seja o principal sentido com o qual se observa a realidade, outros sentidos também podem participar da identificação da paisagem, introduzindo-se informações como sons e odores na descrição da paisagem, método através da qual ela pode ser bem explorada. A paisagem também se constitui como uma realidade atual construída através do acúmulo de acontecimentos ou eventos passados, uma vez que o que é observado em uma paisagem da atualidade passou por um processo de constantes mudanças. Esse aspecto pode ser percebido através da observação de fotografias de uma mesma paisagem referentes a períodos diferentes, na qual se pode perceber o que permanece e o que foi sendo alterado, para formar a paisagem atual. De modo geral, as mudanças causadas pela natureza (como, por exemplo, a erosão) são percebidas apenas lentamente, enquanto que as alterações humanas são mais rápidas (como por exemplo, a construção de uma cidade), embora um evento natural como terremotos e furacões também possa promover grandes alterações. A paisagem pretérita apresentava um conjunto de muitos elementos naturais, no entanto, a paisagem humanizada tem se expandido, à medida que o homem altera a natureza, mesmo quando modela uma nova paisagem aparentemente natural, como ocorrem com os jardins. As paisagens humanizadas ou artificiais de maior visibilidade são as áreas urbanas construídas pela ação humana. Ao fazer referência à distinção entre paisagens naturais e humanizadas, Santos [2] assim se manifesta: A paisagem artificial é a paisagem transformada pelo homem. Se no passado havia a paisagem natural, hoje essa modalidade de paisagem praticamente não existe mais [...]. Quanto mais complexa for a vida social, tanto mais nos afastamos de um mundo natural e nos endereçamos a um mundo artificial [...], este parece ser o caminho da evolução [2].
A compreensão do termo território não se restringe a sua situação de conceito geográfico, mas também faz parte do uso corrente de outras ciências, em que é adotado com significados diferentes. Alguns termos têm importantes associações com o conceito de território. O mais importante deles é o poder, já que os territórios são formados fundamentalmente a partir de relações de poder de determinado agente. As fronteiras territoriais também são essenciais, uma vez que delimitam a área alcançada por essas relações de poder, sendo as mais conhecidas, as fronteiras nacionais e outras delimitações políticas como, por exemplo, subdivisões estaduais internas. Da mesma forma que ocorre com vários dos demais conceitos, podemos identificar territórios em níveis escalares diferentes como, por exemplo, em escala mundial, nacional, regional, local. As discussões a respeito da territorialidade destacam a possibilidade de que as relações de poder não necessariamente efetivem áreas de ocupação e controle de determinados agentes, em que as fronteiras podem se manifestar instáveis. A territorialidade se mantém associada às relações de poder e se apresenta como a tentativa de constituir um território, nem sempre materializável, através de fronteiras bem delimitadas. As disputas de grupos rivais pelo controle do tráfico de drogas nas favelas, as áreas de prostituição nas regiões centrais das cidades e as ocupações dos movimentos de trabalhadores sem terra são alguns exemplos de como a territorialidade pode se constituir. O conceito de região geográfica passou por vários momentos de discussão no interior da Geografia desde sua gênese, em que seu significado foi sendo alterado de acordo com o direcionamento científico [3]. As alterações referentes ao conceito de região se verificam devido a mudanças dentro da própria Geografia, tendo passado pelo uso das seguintes classificações: região natural (surge a partir da inspiração da geologia e entende-se que o ambiente tem certo domínio sobre a orientação do desenvolvimento da sociedade, configurando o determinismo geográfico); região geográfica ou região-paisagem (em que admite-se que a sociedade não é determinada pelo meio em que vive, mas dele dispõe como deseja, tansformando-o segundo suas possibilidades); a região homogênea e a região funcional (tendo como pressupostos análises de âmbito econômico) e o conceito de região associado ao sentimento de pertencimento da população a uma parte do espaço [3]. O desenvolvimento e aceleração do processo de globalização dão a impressão de que o mundo caminha cada vez mais para uma economia unificada, uma dinâmica cultural hegemônica, uma sociedade que só poderá ser compreendida como um processo de reprodução social global. Gomes [3] recorda que alguns autores chegam a enunciar o fim das regiões devido à homogeneização dos espaços e à uniformização dos processos sociais. No entanto, o geógrafo Milton Santos [4] destaca a universalidade do fenômeno da região afirmando que “nenhum subespaço do planeta pode escapar ao processo conjunto de globalização e fragmentação, isto é, individualização e regionalização”. As regiões são entendidas como o suporte e a condição das relações globais, sem o qual estas não se realizam. O processo de regionalização é o que dá origem às regiões. Dessa forma, secciona-se o espaço geográfico em partes que apresentam internamente características semelhantes. Os elementos internos de uma região não são idênticos, mas quando comparados aos elementos de outra região se percebe certa homogeneidade interna. Para se empreender um processo de regionalização é preciso estabelecer um conjunto de objetivos e de critérios segundo os quais o espaço será dividido, podendo estes critérios ser de ordem natural, política, econômica, social, etc. Vários tipos de regionalizações para o mesmo espaço podem ser propostos, seguindo objetivos e critérios específicos e promovendo uma sobreposição de regiões. Cada regionalização pode ou não considerar os limites administrativos previamente definidos. O conceito de lugar faz referência a uma realidade de escala local ou regional e pode estar associado a cada indivíduo ou grupo. O lugar pode ser entendido como a parte do espaço geográfico efetivamente apropriada para a vida, área onde se desenvolvem as atividades cotidianas ligadas à sobrevivência e às diversas relações estabelecidas pelos homens. Para compreensão deste conceito evoca-se a “valorização das relações de afetividade desenvolvidas pelos indivíduos em relação ao seu ambiente” [5]. O lugar significa muito mais do que simplesmente uma localização geográfica, ele está relacionado aos diversos tipos de experiência e envolvimento com o mundo. Além disso, o lugar também se associa ao sentimento de pertencer a determinado espaço, de identificação pessoal com uma dada área. Cada localidade possui características próprias que, em conjunto, conferem ao lugar uma identidade própria e cada indivíduo que convive com o lugar, com ele se identifica. Dessa forma, o lugar garante a manutenção interna da situação de singularidade. As parcelas do espaço geográfico com a qual cada indivíduo se relaciona e interage compõe o seu lugar. Cada pessoa terá um lugar diferente da outra, na medida em que ambas possuem vida e cotidiano diferentes. O lugar possui também íntima relação com os aspectos culturais que marcam cada sociedade. As redes geográficas adquirem importância cada vez maior no contexto atual. Castells [6] define a rede como “um conjunto de nós interconectados e nó é o ponto no qual uma curva se entrecorta” [6]. Os nós das redes podem ser representados por vários elementos do espaço como, por exemplo, centros urbanos, bolsas de valores, sistemas de televisão, etc. As redes são o meio através do qual se desenvolvem e se manifestam os diferentes tipos de fluxos, conforme o tipo de rede e de seus nós. A rede urbana é uma forma simples de compreender a organização em redes. Neste caso, identifica-se uma hierarquia de cidades conforme seu porte e sua importância econômica, sendo seus nós compostos por: cidades globais, metrópoles nacionais, metrópoles regionais, centros regionais, subcentros regionais e cidades locais. Há uma interligação entre esses nós da rede urbana, entre os quais se estabelecem fluxos de mercadorias, pessoas, serviços, etc. A nova economia mundial está cada vez mais se organizando em torno das redes globais de mercadorias e de capital. A sociedade em redes em suas várias expressões é uma sociedade capitalista em que este modo de produção dá forma às relações sociais em todo o planeta. O desenvolvimento da tecnologia da informação favorece a base material para a expansão das redes em toda a estrutura social a ponto de que a tendência seja de que cada vez mais a sociedade se organize em forma de redes geográficas materiais e não-materiais. As escalas geográficas são compreendidas como níveis em que o espaço é “subdividido” para melhor ser compreendido e analisado. As diferentes escalas são interligadas, uma vez que todas são maneiras de compreender o espaço geográfico. O termo escala pode ser associado à escala cartográfica, mas deve ultrapassá-la, pois não envolve apenas análise numérica, quantitativa, mas também análise qualitativa dos fenômenos analisados. Devido a dificuldade de seleção de uma escala prioritária e mais adequada para análise de um fenômeno, Vainer [7] propôs a adoção de estratégias transescalares para compreensão dos fenômenos e situações do mundo atual, assim como para promover intervenções. As estratégias transescalares são propostas porque “qualquer projeto de transformação envolve, engaja e exige táticas em cada uma das escalas em que hoje se configuram os processos sociais, econômicos e políticos estratégicos” [7]. A escala em si é menos importante que a capacidade de articulação entre variadas escalas.

REFERÊNCIAS

1. CORREA, Roberto Lobato. Espaço Geográfico: algumas considerações. In: ______. Novos Rumos da Geografia Brasileira. São Paulo: Hucitec, 1982, p. 25-34.
2. SANTOS, M. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: HUCITEC,1988, p.64-65.
3. GOMES, Paulo César da Costa. O conceito de região e sua discussão. In: CASTRO, Iná Elias; ______; CORREA, Roberto Lobato. Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995, p. 49-76.
4. CASTRO, I. E. de. "A região como problema para Milton Santos". In: El ciudadano, la globalización y la geografía. Homenaje a Milton Santos. Scripta Nova. Revista electrónica de geografía y ciencias sociales, Universidad de Barcelona, v. VI, n. 124, 30 de septiembre de 2002.
5. LEITE, Adriana Filgueira. O Lugar: Duas Acepções Geográficas. In: Anuário do Instituto de Geociências – UFRJ. Rio de Janeiro: 1998, volume 21, p. 9-20.
6. CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede (A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura, v. 1) São Paulo: Paz e Terra, 2000. Tradução de Roneide Venâncio Majer com colaboração de Klauss Brandini Gerhardt.
7. VAINER, Carlos Bernardo. As escalas do poder e o poder das escalas: o que pode o poder local? In: Cadernos do IPUR. Rio de Janeiro: IPUR-UFRJ/DPA Editora, 2002, p. 13-32.

Fonte: www.coluni.ufv.br. A importância dos conceitos da Geografia para a aprendizagem de conteúdos geográficos escolares. Autora: Severina Sarah Lisboa. Acesso em 18/07/2012.


terça-feira, 17 de julho de 2012

Os dois mais novos municípios de Santa Catarina: Pescaria Brava e Balneário Rincão

Dois municípios do Sul de Santa Catarina vão estrear nas eleições desse ano. Pescaria Brava, que se emancipou de Laguna, e Balneário Rincão, que era um distrito de Içara, vão escolher em outubro de 2012 os primeiros prefeitos e vereadores.

Pescaria Brava

Falar em eleição em Pescaria Brava significa a oportunidade de desenvolvimento do distrito que foi criado por uma resolução provincial no dia 15 de maio de 1857. Entre as prioridades, estão à instalação de empresas ou indústrias para geração de empregos e melhor infraestrutura. O novo município tem como principal característica a tranquilidade dos pequenos povoados do interior. Uma das principais atrações é a igreja Senhor Bom Jesus do Socorro, inaugurada em 7 de agosto de 1857.  Parte da população trabalha na pesca, engenhos de farinha ou nas pequenas fábricas de móveis e malharias. Mas a maioria bate ponto nas cidades vizinhas. Mas o "efeito emancipação" já trouxe pequenos avanços. Há quatro anos, parte da estrada de acesso entre o novo município e a BR-101 foi asfaltada e, recentemente, uma agência lotérica foi aberta em Barreiros, o que proporciona mais comodidade na hora de pagar contas e fazer jogos. Apesar de ter mais de 150 anos, Pescaria Brava não tem um aspecto antigo. O padrão das moradias é bom e são poucas as pessoas quem vivem em condições de miséria. O distrito de Pescaria Brava possui território de 120 quilômetros quadrados e cerca de 11 mil habitantes e 6.043 eleitores, divididos em 14 bairros além da sede do distrito. O Distrito de Pescaria Brava é um dos distritos mais antigos do Brasil com mais de 150 anos. Sua formação - essencialmente açoriana - data do ano de 1700, antes mesmo da colonização da maioria das grandes cidades gaúchas.  Tem como base da sua economia a agricultura familiar sendo que a principal atividade rural é a agricultura, com destaque no plantio de mandioca, feijão, milho e arroz. Possui diversas indústrias de beneficiamento de mandioca (Engenhos de farinha). Dedica-se ainda na criação de gado leiteiro, corte, suínos e ovos, possuindo 497 quatrocentos e noventa e sete produtores rurais, conforme dados fornecidas pelo Programa Catarinense de Profissionalização de Agricultores. Atualmente, o Distrito de Pescaria Brava tem, no total, 1.421 (mil quatrocentos e vinte e um) agricultores associados, no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Laguna. Na pesca, o destaque é o camarão extraído da lagoa de Imaruí, que é um produto muito apreciado em todo o Estado de Santa Catarina, por seu sabor singular devido à baixa salinidade da água da Lagoa. Apesar de que nas últimas décadas esta atividade teve alta queda na produção devido à pesca indiscriminada dos camarões na fase de procriação, e ao processo lento, mas constante de poluição da água. São pescados também peixes como a tainha, corvina, bagre, anchova e outros peixes, que suprem apenas as necessidades internas do Distrito. Outra atividade que vem se desenvolvendo muito nos últimos anos é a Carcinicultura (criação de camarão em cativeiro), que aproveita os alagados à margem da Lagoa de Imaruí, que até então eram consideradas terras improdutivas.

Balneário Rincão

Cerca de 15 mil pessoas vivem em Balneário Rincão. Durante a temporada de verão, o local recebe mais de 130 mil veranistas. O que a população quer é um equilíbrio, para que na baixa temporada o novo município também alcance um bom desenvolvimento social e econômico. O Rincão do verão tem bares, restaurantes, festas, supermercados, lojas e milhares de pessoas que aquecem a economia local. A praia e as lagoas viram pontos turísticos superlotados. Porém, nos nove meses seguintes, fora do período das férias de verão, a cidade fica praticamente deserta, com a pequena população local e o comércio restrito às lojas e poucos supermercados. A pouca movimentação no balneário durante a baixa temporada também apresenta um ônus comum em outras cidades litorâneas e fruto de constantes reclamações: o alto índice de arrombamentos. Várias casas de uma mesma rua já foram arrombadas no mesmo dia, o que faz com que os moradores peçam mais segurança. Balneário Rincão é um município ainda não instalado que, no verão, se torna uma praia bastante procurada no Sul do estado de Santa Catarina. O Balneário Rincão fica localizado no Sul Catarinense, a 186 km de Florianópolis, capital do Estado e a está a 16 km do Município de Içara. O Balneário Rincão é bastante agitado nas épocas festivas de verão, oferecendo boa estrutura para os veranistas, além de diversas opções de lazer. O Balneário possui 13 km de orla marítima, com 02 plataformas de pesca, e 06 lagoas de água doce. O mar também apresenta condições de boas ondas em certas épocas do ano, sendo bastante procurado pelos surfistas, principalmente nas proximidades da plataforma norte. Ainda no Balneário Rincão, destaca-se a Festa da Tainha, no mês de junho; e o Museu Arqueológico Nossa Senhora dos Navegantes, que possui um acervo de urnas funerárias, utensílios de barro, flechas, cadáveres indígenas com idade entre 400 e 3 mil anos, e outros objetos recuperados nos sete sítios arqueológicos de Içara.

Fonte: diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc. Acesso em 12/07/2012.

www.amurel.org.br. Acesso em 17/07/2012.

www.wikipedia.com.br. Acesso em 17/07/2012.


sábado, 14 de julho de 2012

Criada à direita, Aliança do Pacífico rivaliza com o ‘esquerdista’ Mercosul. Por Gabriel Bonis.

Há cerca de um mês, a criação de um bloco de integração na América Latina passou quase despercebida no Brasil, mas aparentemente não entre os líderes do Mercosul. A entrada da Venezuela no mercado sul-americano é apontada como uma reação à Aliança do Pacífico. Formado por Chile, Peru, Colômbia e México, o acordo prevê a integração das economias dos países do oceano Pacífico para que seus integrantes enfrentem a concorrência asiática e se transformem no motor do crescimento latinoamericano. Uma proposta que imporá desafios ao projeto de expansão do Mercosul, como a solução de problemas internos de seus membros, mas sem inicialmente ameaça-lo. A Aliança do Pacífico aposta na diversificação de suas relações comerciais para conter o avanço chinês na região, ao mesmo tempo que aproveita os benefícios da demanda asiática por commodities. Todo esse fluxo de comércio comporia uma área de livre circulação de bens, serviços, capitais e pessoas, em um projeto semelhante ao Mercosul. A principal diferença apontada pelos líderes dos países do novo bloco, no entanto, seria a busca por uma integração rápida. Algo que tornaria o mecanismo mais atraente, embora ele já seja visto como a iniciativa “mais importante” e ambiciosa da região pelo economista Roberto Teixeira da Costa, presidente da Câmara de Arbitragem da Bolsa de Valores de São Paulo. Para ele, o plano acerta ao explorar a ligação com Pacífico, que coloca o bloco na rota preferida das Américas com a Ásia, logo, em vantagem ao Mercosul na concorrência pelo mercado asiático. O novo bloco, que reúne 40% do PIB da América Latina, 55% de todas suas exportações e um mercado de 206 milhões de consumidores, possui planos ambiciosos na relação entre seus membros. O projeto foca na consolidação de novos investimentos, principalmente em uma maior integração energética e de infraestrutura, e mais comércio intrarregional (com colaboração alfandegária). A Colômbia seria o referencial para as exportações da produção geral, por possuir tratados de livre comércio com EUA, Canadá e China, por exemplo. Um fator que pode levar esses itens aos mercados citados em melhores condições de preço que os do Mercosul. A Aliança também ataca à burocracia, apresentando o Mercado Comum Sul-americano como um exemplo a ser ignorado. O grupo pretende avançar de forma mais rápida sem impedimentos ideológicos em temas comerciais e de integração, abominando itens como barreiras protecionistas. O discurso é totalmente liberalizante, seja nas tarifas, comércio eletrônico, cooperação aduaneira ou investimentos. E mostra também uma divisão ideológica entre os governos dos países da América do Sul. Enquanto o Mercosul vive um momento de líderes de esquerda – com a exceção do Paraguai após a deposição de Fernando Lugo -, a Aliança do Pacífico reúne os países mais neoliberais da América Latina. A exceção fica com o presidente do Peru, Ollanta Humala, da esquerda. Mas o mandatário está preso ao bloco, proposto pelo ex-presidente Alan García, que conduziu reformas liberais no país andino. O projeto pretende ter grande envergadura regional e abocanhar novos membros. Um discurso que começa a rivalizar com os planos de integração do Mercosul. O novo ministro da Fazenda do Paraguai declarou na última semana que a suspensão do país do mercado comum sul-americano empurra o governo paraguaio a buscar alianças com outros países e blocos, que incluem os EUA e países da Aliança do Pacífico. Mas para Giorgio Romano Schutte, coordenador do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), essa ameaça poderia ser contornada com os países de ambos os blocos realizando acordos econômicos mais flexíveis por meio da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), embora sempre em alerta ao eventual avanço da Aliança. “Se a AP entrar na América do Sul, seria um cenário que a diplomacia brasileira deve atuar.” Apesar dessa pressão, o Mercosul não deve sentir-se ameaçado. Alguns elementos da formação da Aliança indicam possíveis dificuldades de integração dos países do novo bloco. Entre eles, a heterogeneidade dos interesses comerciais de seus integrantes. Tullo Vigevani, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e especialista em Mercosul, destaca que o fato de México, Colômbia, Chile e Peru estarem ligados por tratados de área de livre comércio com os EUA coloca a possibilidade de uma integração regional e produtiva, como se pretende no Mercosul, difícil de se deslumbrar. Até porque os países da aliança também possuem acordos com o Mercosul. Para o analista, o Mercosul tem mais chances de seguir consolidar uma integração regional. Isso dependeria, no entanto, de uma solução por parte dos governos dos países do bloco para suas dificuldades regionais e de desenvolvimento interno, que tendem a sinalizar com medidas protecionistas. “Isso não é bom para uma integração, a não ser que se pensasse em um regional desenvolvimentismo.”

Fonte: www.cartacapital.com.br. Acesso em 14/07/2012