quarta-feira, 18 de março de 2020

IBGE adia Censo para 2021 por causa do coronavírus

A epidemia de coronavírus no país levou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a adiar para 2021 a realização do Censo Demográfico que estava previsto para este ano.

Estavam planejadas visitas de 180 mil recenseadores a cerca de 71 milhões de domicílios em todo o Brasil. A informação foi divulgada pelo IBGE nesta terça-feira (17) em sua página na internet.

Além da dificuldade de contatos pessoais dos recenseadores com a população, por causa da epidemia, foi levada em consideração a impossibilidade de treinamento da força de trabalho, que começaria em abril.

“Para a realização da operação censitária em 2021, o IBGE estabeleceu formalmente com o Ministério da Saúde o compromisso de realocar o orçamento do Censo 2020 em prol das ações de enfrentamento ao coronavírus, mantidas por aquele ministério. Em contrapartida, no próximo ano, o Ministério da Saúde realocará orçamento no mesmo montante com vistas a assegurar a realização do Censo pelo IBGE”, informou a nota, assinada pelo conselho diretor do instituto.

O próximo Censo Demográfico terá como data de referência o dia 31 de julho de 2021, com coleta de dados prevista para o período entre 1º de agosto e 31 de outubro daquele ano.

O processo seletivo para contratação de recenseadores e supervisores está suspenso. Candidatos que já efetuaram o pagamento da taxa de inscrição serão reembolsados conforme orientações a serem publicadas nos próximos dias.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br. Acesso em 18/03/2020 

segunda-feira, 25 de março de 2019

Análise do livro Prisioneiros da Geografia de Tim Marshal

Embora o autor tenha sobrevalorizado a importância da geografia física no desenvolvimento de um país achei a abordagem interessante e uma leitura leve e prazerosa. O tema Geopolítica é apaixonante e muito importante para a compreensão das relações entre os países e do próprio mundo.

Em relação a Rússia o que chama a atenção é que embora tenha um território vasto grande parte é gelado e seu acesso ao mar é limitado. O mar do norte congela por alguns meses durante o ano e o acesso pelo mar báltico depende da passagem pelo estreito de Bosforo na Turquia e depois pelo Estreito de Gibraltar entre a África e a Espanha ou pelo canal de Suez no Egito. Além do que sua população é relativamente pequena em relação a extensão territorial e as demais potências e há muito estagnada.

Em relação a China o que chama a atenção é ter que empregar e alimentar uma população muito grande formada por 1,4 bilhão de habitantes e ter se voltado por muito tempo para dentro, para seu próprio território, somente agora se preocupando com o transporte marítimo importantíssimo para o comércio internacional onde desponta como o maior exportador de manufaturados do mundo. A China embora tenha um vasto litoral tem em sua rota marítima que passar pelo estreito de Malaca entre a Indonésia e a Malásia para atingir o ocidente.

Em relação aos Estados Unidos o que chama a atenção além da extensão territorial é o fato de ter acesso aos dois principais oceanos Atlântico e Pacífico e também ao mar do Golfo do México ao sul. Outra característica é que os Estados Unidos é a maior potência militar, econômica e ideológica do mundo e tem bases militares por todo o globo.

Em relação a União Européia o interessante é a análise do conjunto de países que formam o bloco econômico e não os países separadamente. Outra questão é a proximidade da Rússia e a dependência do seu gás natural. O referido bloco econômico é formado por países muito diversos, mas tem sua força justamente por essa diversidade e pela união. A proximidade com a África é a Ásia também possibilitou a colonização desses territórios e o acúmulo de riquezas.

Em relação a África nota-se que houve uma divisão arbitrária dos territórios não levando em conta os povos existentes divididos em tribos. Não foi a toa, com povos diferentes ficava melhor de governar. A África foi colonizada e saqueada pela Europa por décadas e até hoje apresenta problemas decorrentes dessas intervenções. O continente é rico em minerais e petróleo. A China se espalha pela África rapidamente em busca de minérios, petróleo e mercado.

Em relação a Índia e Paquistão o que chama a atenção é a grande população da Índia com seus 1,3 bilhão de habitantes. Outra questão é Índia e Paquistão terem a tecnologia nuclear e serem inimigas. A Índia sendo a terceira economia do mundo logo a frente se deparará com o avanço da China.

Em relação ao Oriente Médio tal como a África foi dividida de forma arbitrária pelas potências européias não respeitando os povos com sua línguas e culturas próprias. A região é rica em Petróleo. O poder no Oriente Médio ainda é tribal sendo o Estado-nação uma abstração inventada pelo ocidente.

Em relação ao Japão e Coréia nota-se que a Coréia do Norte por possuir a tecnologia da bomba atômica se torna um ator importante na região sendo fonte de preocupação para Japão, China e Coréia do Sul. Japão e Coréia do Sul são economias altamente desenvolvidas com o uso intensivo de tecnologia.

Em relação a América Latina cabe destacar a influência exercida pelos Estados Unidos tanto do ponto de vista político como econômico e cultural. É formado por países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. A nação mais importante é o Brasil.

Em relação ao Ártico cabe destacar o degelo que vem ocorrendo onde novas rotas marítimas vem sendo possíveis de serem realizadas por maior período, além da disputa das nações árticas pelas riquezas existentes no local.

O livro faz uma análise interessante da questão geopolítica enfatizando os aspectos da geografia física de cada país ou
região. A análise embora determinista pode ser encarada como possibilita. Cada país possui características físicas que possibilitam ou não seu desenvolvimento.

Finalizando a última fronteira das nações é o espaço com o desenvolvimento de tecnologias de monitoramento e transmissões de dados (satélites) ou exploração dos demais corpos celestes.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

NOTA DA AGB E DA ANPEGE SOBRE O CRIME AMBIENTAL DA VALE S.A.

BRUMADINHO: NÃO FOI ACIDENTE!

A Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB), reunida na 136ª Reunião de Gestão Coletiva (RGC), e a Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Geografia (ANPEGE), vêm por meio desta manifestar à sociedade brasileira nosso posicionamento contra o já anunciado assassinato dos seres humanos e do seu ambiente ocorrido na barragem do Feijão, de propriedade da Vale S.A., situada no município de Brumadinho (MG), no dia 25 de janeiro de 2019.

Este crime ambiental de responsabilidade da Empresa Vale S.A. – e compactuado por um Estado brasileiro subserviente à lógica do capitalismo neoliberal/neoextrativista – é mais uma violação provocada pela destrutiva submissão dos bens naturais pertencentes à toda sociedade aos interesses empresariais. A ofensiva neoliberal, sob a égide da atual conjuntura geopolítica de desconstrução da regulação/legislação ambiental, consolida um modelo predatório desumanizado de concentração e apropriação das riquezas sociais e naturais que resultou no assassinato de trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, de populações ribeirinhas e demais cidadãos de Brumadinho e Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

NÃO FOI ACIDENTE. Acidentes são provocados por tsunamis, erupções vulcânicas, terremotos, vendavais, tufões etc. Rompimento de barragem(s) é crime ambiental, é ganância, é negligência, é certeza de impunidade.

A AGB e a ANPEGE se solidarizam com os familiares das vítimas e exigem que a Vale S.A. seja responsabilizada por este crime, além de arcar com o auxílio emergencial a todos os atingidos, com a reparação ambiental da área atingida e reestruturação imediata da segurança de todas as barragens administradas pela empresa.
Convidamos a sociedade a pôr um fim nesse perverso modelo socioambiental de exploração mineral que faz parecer acidente natural um conjunto de crimes e catástrofes.
Convocamos, ainda, toda a comunidade geográfica para o acompanhamento das questões relacionadas ao crime, e a intervenção conjuntamente aos movimentos sociais e outras entidades e organizações da sociedade civil.

Fortaleza, 27 de janeiro de 2019.

ASSOCIAÇÃO DOS GEÓGRAFOS BRASILEIROS
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Geopolítica: Diversificação e complexidade produtiva

Por Rodrigo A. de Brito. Bacharel e Licenciado em Geografia pela UFSC

Para entendermos as desigualdades sociais e econômicas entre os países ou regiões é preciso prestarmos atenção na divisão internacional do trabalho. Os países desenvolvidos, embora muitas vezes com um território reduzido e uma população pequena, estão bem situados na divisão internacional do trabalho. Geralmente esses países iniciaram a revolução industrial mais cedo, além de terem colonizado países do terceiro mundo por muito tempo conseguindo desta forma riquezas naturais, comercializações vantajosas, entre outros vantagens. Esses países também investiram na educação, na melhoria geral das condições de vida da população, em pesquisa, desenvolvimento e inovação dando prioridade a ciência e tecnologia. Desta forma estão bem colocados no mercado internacional ao produzirem bens e serviços tecnológicos com alto valor agregado. Essa é a explicação para o sucesso dos países desenvolvidos. Já os países em desenvolvimento estão correndo atrás, mas ainda produzem bens e serviços de baixo ou nenhum valor agregado, em sua maioria comodities. Quando possuem indústrias as máquinas e tecnologias são importadas ou apenas sediam empresas multinacionais. Não investem como deveriam em educação, tão pouco em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Já os países subdesenvolvidos tem um parque industrial muito pequeno e na sua maioria apenas fornecem matérias primas para os países desenvolvidos e em desenvolvimento. E assim temos a noção da necessidade da diversificação e da complexidade produtiva para o desenvolvimento dos países. Estados Unidos, União Européia e Japão formam os países ou blocos econômicos desenvolvidos. O quase extinto BRICS os países em desenvolvimento, além é claro de outros países com perfil semelhantes e o restante dos países são  subdesenvolvidos.